Divagações sobre sintetizadores com silvG8

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silvG8
Veterano
# out/14 · Editado por: silvG8


Estive pensando em onde começar com isso... as vezes tenho algumas idéias e coisas que gostaria de compartilhar sobre sintetizadores e acabo sempre sem ter onde divulgar as coisas, então decidi criar esse tópico.

A intenção é compartilhar alguns pensamentos sobre sintetizadores e seu uso em musicas e na produção destas.

O primeiro ponto que quero tocar é algo altivamente polêmico, mas que vale a pena: digital ou analógico e por que?

Acho que neste primeiro momento, gostaria de esclarecer o que é um sintetizador pra mim. Na minha humilde opinião, se encaixa nessa categoria apenas os VA (no mundo digital), os sintetizadores analógicos dos mais novos híbridos,que combinam os dois previamente citados. Assim sendo, antes que perguntem, a suposta é não - não considero ROMplers nem workstations sintetizadores, a não ser é claro, quando existe uma engine interna que funcione como um VA. Assim sendo, um Krome não é um sintetizador, mas o Kronos sim.

Como já elucidei essa primeira parte, sigo rumo ao assunto de fato.

No mercado atual, temos um enorme número de novos instrumentos analógicos surgindo a cada dia. Essa tendência, mostra que os músicos estao procurando aquele velho som que surgiu nas décadas de 70 e 80 e inserindo-os cada vez mais em suas musicas. Os VA, embora em alta em relação ao passado, onde a moda era os ROMplers, inclitamente continuam como uma copia barata dos analógicos em grande maioria, nunca conseguindo chegar nem perto do som destes. Ainda assim, vejo que existe uma tendência de que a coisa fique cada vez mais próxima, tão próxima que a única diferença será quando comparados lado a lado. Digo isto baseado em algumas empresas, que parecem ter evoluído bastante em termos de simulações.

Vemos ainda, que o mercado dos VA perde espaço ainda para os softwares, que muitas vezes além de serem uma alternativa mais barata para quem já tem um controlador, possuem mais recursos e tem uma sonoridade superior. Mais recentemente, fiquei assustado ao saber que a Roland estaria investindo em uma linha de softwares que simulam seus instrumentos mais antigos. A linha AIRA permite não somente o uso do próprio VA como transmitir o código de um desses novos softwares, o que também me pegou de surpresa... até porque atualmente me intitularia anti-Roland, devido ao péssimo suporte a produtos mais antigos, que vem caindo cada vez mais no esquecimento.

Resolvi falar do AIRA porque pela primeira vez me interessei por algo da Roland novamente. Não que eu vá comprar ou nada semelhante, mas parece que a empresa tomou vergonha na cara e renovou o código de seus VA através dos novos softwares produzidos para PC/Mac. E o mais impressionante de tudo isso é que pelo que tenho ouvido, o som é bem legal!

Por enquanto, diria que embora os digitais não estejam realmente batendo de frente com os analógicos de qualidade (não adianta comprar um Microbrute e achar que tem um super instrumento na mão, embora seja legal), a diferença entre eles diminuiu bastante nos últimos 2 anos. Dos instrumentos virtuais, vale a pena falar sobre o U-He Diva, na minha opinião um divisor de águas. Eu honestamente nunca ouvi um software melhor que esse. De fato os caras investiram em criar algo que realmente soa singular... não é aquele som sem vida que se ouve de vários outros, e sim algo com uma certa vida. Tudo isso, a custas de um consumo enorme de processamento do computador...

Sou um defensor dos analógicos e imagino que todos saibam disso... pelo menos aqueles que chegaram até aqui. Tenho 2 Moog Phatty, Prophet 08 e mais recentemente adquiri dois módulos da Mutable Instruments. É muito fácil pra mim então dizer que o analógico é a minha escolha..... na verdade não.

O que aconteceu ao longo dos anos é que desisti de comprar instrumentos que podem ser simulados pelo computador, e até este momento, não conheço nenhum sintetizador digital que fale mais bonito que o supracitado Diva ou qualquer outro similar... parece que os VA usam algoritmos e códigos ultrapassados e estao realmente ficando pra trás em relação as novidades do mundo dos softwares para PC/Mac. O próprio AIRA, tem uma engine interna que é muito fraca em relação aos novos VST da Roland que podem ser inseridos neles. Assim sendo, considerando o que temos a nossa disposição, diria que adquirir um VA é de certa forma uma mancada. Entendo a necessidade de pegar um devido ao alto custo dos analógicos, mas acho que as pessoas poderiam começar a se habituar com o uso de softwares e não teclados com um computador interno codificado para 1990, que é a realidade da maioria (por isso a dificuldade de se encontrar novas memórias, etc.).

Então, no final das contas, é analógico ou digital no formato software?
Essa pergunta, embora difícil de responder, visto que se baseia subjetivamente no gosto do musico, para mim é bem clara para quem já usou ambos... analógico.

O motivo é relativamente simples. Usar um instrumento analógico, significa na maioria das vezes, resultados instantâneos com agilidade inigualável. A interface musico/instrumento é realmente singular para instrumentos analógicos, e muitas vezes não é relacionada a quantidade de controles, etc. mas sim de simplicidade no momento de gerar o som e também a como esse som é muitas vezes imprevisível, tanto em termos de afinação (que é inconstante) como também em relação a diversos controles como ressonância exorte do filtro. Mudanças milimétricas podem mudar o som pra melhor ou deixa-lo dissonante e caótico.

Os softwares tem suas vantagens enraizadas principalmente no fato de deixar tudo salvo. Isso realmente é uma vantagem enorme... ainda assim, é muito chato ter que editar as coisas com mouse ou com controlador MIDI, até mesmo porque o controlador tira muito da qualidade do software ao limita-lo a variações de 128 valores para cada parâmetro. Quando controladores que transmitem MIDI 12/14-bits chegarem ao mercado, isso pode mudar, mas por enquanto é ruim.

Tudo isso que falei é tão interessante que consigo exemplificar até uma coisa pra vocês... dentre as coisas que tenho, um dos que menos me apeguei foi o Prophet 08. Embora o considere incrível e goste bastante do seu som, o Prophet tem controles digitais e seus DCO (osciladores controlados digitalmente para terem uma afinação estável) nem chega perto da sonoridade irregular e bruta do meu Moog, ou até mesmo do meu novo brinquedo de 300 dólares, o Anushri, que possuem VCO (osciladores controlados por voltagem, ou seja, uma corrente elétrica, que possui inúmeras pequenas e quase imperceptíveis variações, mas que enriquecem o som de uma forma especial).

No final de tudo isso, posso usar algum conhecimento de medicina para tentar explicar o que acontece e como o ouvido humano reage aos sons. Na natureza, não temos um som perfeito e estático como as formas de onda de um VA. Tudo é irregular. Se pensar em um instrumento acústico, imagine quantas diferentes e inúmeras maneiras existem de expressar uma nota musical... no piano, quantas diferentes intensidades de toque existem, ou como o som vai reagir a cada toque e alteração do clima. Se parar pra analisar, não conseguimos nem pronunciar uma palavra exatamente igual, em todos os aspectos, duas vezes. A imperfeição é o que nosso ouvido gosta de ouvir. Por isso, algumas pessoas não suportam a idéia de ouvir musicas eletrônicas como as atuais... tudo é gerado por computador e soa mecânico.

Dentre os sintetizadores, os que mais apresentam uma imperfeição, típica da natureza são os analógicos. Existe todo tipo de imperfeição, e ao que percebo, quanto maior, mais tendemos a achar o som agradável. É como comparar o Minimoog D com o Voyager... mesmo se tratando de dois instrumentos com qualidade extrema, que são basicamente a mesma coisa (função) e abrangem uma mesma sonoridade, a grande maioria prefere o som do antigo modelo D. Isso acontece porque os componentes envelheceram, o instrumento se tornou mais instável, e como resultado, mais agradável ao nosso ouvido.

Neste momento, paro com essa explicação e sigo adiante com um novo tema: os híbridos.

Existem alguns poucos modelos atuais no mercado que usam essa "filosofia". Osciladores digitais com filtros e amplificadores analógicos. Embora existam muitos instrumentos antigos com essa abordagem, até o surgimento do DX-7 muita coisa foi feita assim, por todas as empresas, incluindo as 3 grandes. O som dos antigos híbridos era legal, diferentes do analógico, e de certa forma foi bem sucedido, mas os instrumentos sumiram quando surgiram novos instrumentos completamente digitais. É uma pena...

Há pouco tempo, adquiri meu primeiro instrumento híbrido, o Ambika. É incrível o que as duas tecnologias podem fazer juntas. Embora não tenha o som vivo como de um analógico, os osciladores adicionam muitas possibilidades em termos de leque sonoro, sem fornecer resultados que soam falsos e estéreis como os instrumentos totalmente digitais. Estou adorando os híbridos atuais e acredito que é a nova tendência. Mesmo assim, existe algo que por enquanto me parece insubstituível... é a mais pura experiência musical com instrumentos eletrônicos que já tive: o sintetizador analógico monofônico. É um instrumento que faz o musico enxergar as coisas de uma forma diferente.

Poderia divagar bem mais por aqui, mas por enquanto cansei. Espero que gostem das bombeiras que tenho pra colocar aqui. Comentarei um monte de coisas e quem tiver curiosidade, já adianto que vale a pena ler.

Valeu!

fernando tecladista
Veterano
# out/14
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texto interessante e longo...hehe
postei pra dizer que li tudo, mas ainda vou processar cada parte
gostei de coisas que li

waltercruz
Veterano
# out/14
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Excelentes divagações meu caro!

Bom, eu jogo no campo dos VSTis por questão de economia e praticidade, mas reconheço que essa praticidade de ter os instrumentos dentro do computador nem sempre se traduz em fluidez para tocar e programar timbres.

A Native está num movimento ousado eu penso, vc chegou a acompanhar? Esse kontrol keyboard deles já mapeia para alguns parâmetros automáticos dentro de cada instrumento deles. Pq mesmo que vc tenha um controlador bacana, ficar mapeando parâmetros é um saco (ok que vc teoricamente só precisa fazer isso uma vez, mas ainda assim é um saco).

Sobre a questão de qualidade, acho que eventualmente chegaremos nos VSTi, o que falta mesmo é processamento. O Moog da Native roda em 88khz, a idéia desse oversample é jogar o aliasing pra uma frequência fora do range da audição humana, o Diva usa um processamento bem alto (tanto que nem me arrisco a usá-lo no meu core 2 duo que já tá botando a língua de fora umas vezes).

Agora, eu queria ver mais desenvolvimento no front digital. Novos tipos de síntese. Não sei, no geral a coisa anda bem parada, no meu parecer.

DuduXP
Veterano
# out/14
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Gostei muito do texto, li tudo, agora estou, como disse o amigo fernando tecladista, processando as informações, quero participar mais destas questões, mas muitas vezes só leio sem me manifestar, por falta de tempo ou por falta de conhecimento do assunto, mas sempre aprendo muito com seus posts.

Synth-Men
Veterano
# out/14 · Editado por: Synth-Men
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Olá prezados.

Amo sintetizadores em todas as suas formas de representação. Analógico, VA, Wavetable, Hibrido, Digital, Modular.

No momento só posso utiliza-los em forma de VST. Compreendo as diferenças entre eles. Penso que cada um tem o seu grau de originalidade e pureza.

Sou uma pessoa que busca muito por timbres, então não faço muitas comparações entre os equipamentos. Por este motivo, acabo aceitando todas as formas de representação de sintetizadores. Afinal o "meu timbre" pode estar ali.

Mas, não existe melhor forma de conhecer um equipamento, que não seja manipula-lo, comentar sobre ele e demonstra-lo. É uma grande forma de expandir conhecimento. Isto é muito amável.

Por este motivo, abri aquele tópico do construa o seu timbre e poste. Fico imaginando a diversidade de sons e forma de manipulação de equipamentos que estão ocultas por ai. Amo ouvir o som criado por outros usuários e o mistério de como foi feito. Defendo isto com o coração.



Em relação ao uso do sintetizador na música. Tenho buscado incansavelmente na musica brasileira o uso do sintetizador. Tenho achado resultados acima das expectativas:

Como um pequeno exemplo de muitos pesquisados, "Guilherme Arantes" no inicio de sua carreira e o grupo "A cor do som" com o tecladista Mu Carvalho, com seu Moog em cima de um Piano Acústico.

Tem muito mais coisas que cabe ao usuário tirar suas próprias conclusões, também pesquisando.

Dodecafonia, Surrealismo, Paranoico-critico, Barroco, Clássico Nacional, Celta, Espânico-Arabica, Oriental, são coisas que poderão notar, sendo feita com sintetizadores na música brasileira.

Posso dizer abertamente que encontrei coisas muito gostosas e prazerosas de se ouvir. (Digo sobre o uso do sintetizador na música nacional)





Quanto a mistura de Workstation e Sintetizador. Tem uns modelos que fazem isto muito bem hoje que são os o MOTIF, linha PC KURZWEIL e o XWP1/G1. (apesar do XWP1 ter alma de synth). O objetivo desta linhagem é produzir com qualidade. Limpo, claro e definido. Nada a mais do que isto.

Antes destes, somente a linha K da Kurzweil atendia estes requisito e depois deste o Fusion da Alesis e em seguida os KORG'S

Mas ainda acho que cada um é cada um. Workstation é uma mão na roda para quem produz sem computador. Em lugares mais reservados e de pouco espaço.

Tem uns modelos que podemos ligar nossas guitarras, baixos, microfones, synths e baterias eletrônicas, em pistas separadas (um de cada vez claro), funcionando como uma DAW ou gravador digital, gravando com qualidade.

Claro que não vamos gravar um CD arranjado em um modelo destes, mas podemos fazer arranjos, profissionais, limpos claros em suas mixagens.




A desvantagem do uso dos VSTi é que é muito cansativo. Teclas e Mouse não combinam de jeito nenhum.

Cada controlador, emite a sua sensibilidade (o meu por exemplo tem 8 níveis de velocity), que acaba alterando a emissão do timbre. Programar o controlador torna-se enfadonho. (mesmo com o Learn).

Apesar das mensagens serem padronizadas, cada DAW representa a mensagem enviada com suas próprias características. Isto altera timbre.


Produzir somente com sintetizadores (ou ao menos as simulações dos sons, no meu caso), não é fácil, quando se tem uma base de aprendizado fixada em bateria, baixo e guitarra como eu. (isto nos teclados arranjadores) .

Para isto, eu peguei uma dica de um produtor musical que é a seguinte:

Fazer cinco coisa totalmente diferentes, ou fazer cinco coisas semelhantes, com ao menos uma ou duas diferenças gritantes.

Destes resultados, alguma coisa irá sair bem melhor que as outras. Está será a peneira.

É isto que eu tento fazer com a serie Galaxia Carioca, que venho fazendo como exercício e outras coisas que fiz lá no soundcloud, apenas com sintetizadores. Não é mole, fazer o próprio timbre, arranjo e auto-avaliação. Depois deste trabalhão todo o mais importante é a opinião de terceiros.



Eu tenho um certo desejo bobo, do qual seria que todos os sintetizadores, deveriam ter o filtro do CS-80. Os Moogs não, estes podem ficar do jeito que estão.

Acho são as duas melhores aplicações de filtros que já ouvi. Também acho que são os dois grandes segredos destes sintetizadores.


Garçom!
Traz mais uma rodada que a conversa está boa e vai ser longa...

waltercruz
Veterano
# out/14
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Synth-Men

Não sei se vc gosta da linha de timbres, mas o César Camargo Mariano explorou bastante synths na música brasileira, lá pelos 80 e começo dos 90.

Casper
Veterano
# out/14 · Editado por: Casper
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Caro silvG8:

Conheço sua opinião e partilho de suas opiniões. Como tenho, digamos,
pelo menos um exemplar de cada tipo de synth, consigo entender
as nuances e diferenças de cada um. E elas existem, de fato.


Caro waltercruz:

O único modo que consigo imaginar para "eliminar" o aliasing
é mesmo joga-lo para um frequência inaudível. Por isso que a Nord
(Clavia) faz VA's tão, digamos, "orgânicos". Os Lead 2x para cima
tem um som que se destaca da maioria. Só perde para os Vírus,
claro, que tem um oversampling bem mais violento.
A maioria das outras empresas (de hardware) parece não se
importar com isso.


Caro Synth-Men:

Compartilho do seu apreço pela síntese, seja ela qual for.
Acredito que qualquer tecnologia pode acrescentar algo de
interessante na composição de timbres. Minha preferência por
analógicos "velha guarda" é pessoal e fruto de minhas experiências
testando tudo quanto é equipamento. Realmente acredito que
um sintetizador analógico proporciona um grau de liberdade criativo
que não é facilmente reproduzido com simuladores em software.
E não somente no terreno sonoro, estou falando sobre o contato
físico, a conexão entre a pessoa e o instrumento musical.

Por mais que eu queira, não consigo ficar fascinado com meu PC.

silvG8
Veterano
# out/14
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Sim, o texto de fato ficou grande. Acho que pra um primeiro momento isso é até bom. Gera investe em quem deve se interessar...

Responder individualmente a cada um fica complicado devido a particularidades do texto, mas tentai abranger alguns pontos.

O primeiro deles é o controlador novo da Native Instruments. Tenho acompanhado o surgimento dessa nova linha e embora seja um passo interessante, ele parece ainda se basear no conceito de AutoMap e nada além disso. Esperava controles com usa resolução maior (como citado anteriormente, de MIDI 14-bits por exemplo), onde é possível um controle muito mais fino dos parâmetros. O mesmo acontece com o AIRA... é basicamente um controlador barato com um VA interno feito para controlar novos softwares que a Roland vem desenvolvendo. Alguém chegou a ver o plugin do SH-02? Interessante...

O aliasing será removido em não muito tempo dos osciladores digitais, não tenho a menor duvida. Se isso será feito através do oversampling ou não, eu honestamente não sei dizer. O que vejo, é que os VSTs que mais consomem processamento do computador são os sintetizadores mais fieis aos analógicos, como é o caso do DIVA. Rodo ele no Mac tranqüilamente, um Core2Duo inclusive, com 4GB, dentro do Logic, então não acho que é tão absurdo assim em termos de consumo. Logicamente, não consigo acessar múltiplas instancias do software simultaneamente.

O post do Synth-Men me chamou a atenção. Ali vi algumas coisas que não concordo, como o Motif ter uma boa síntese interna, o que boa é verdade. Os Motifs são completamente baseados em amostras e qualquer som de sintetizador é possível apenas porque TODO workstation trabalha com síntese subtrativa como forma de organizar as amostras. Os Kurzweil e até mesmo o novo Casio tem uma engine, e foi legal ter colocado estes em evidencia. De qualquer forma, minha idéia nunca foi discutir o que é ou deixa de ser um sintetizador, até porque amostragem é uma das formas de se sintetizar novos sons... apenas divaguei sobre o que é um sintetizador na minha concepção.

Outro dia vi o Guilherme Arantes ao vivo em um evento para cerca de 300 pessoas e pude chegar bem perto e ver o que o cara fazia.... ele usava um Yamaha CP apenas, com trilhas MIDI sendo disparadas enquanto ele tocava, usando muitos EPs e alguns baixos, além do piano. Mesmo assim, vários sons sintetizados compondo a música. Embora não seja o tipo de som que aprecio, fiquei impressionado com a capacidade do cara de levar um show praticamente sozinho.

O tópico sobre produzir um som e compartilhar já foi tentado por mim e não deu certo... vou tentar contribuir pra alavancas o tópico pra cima, mas não posso prometer nada. Talvez com o próprio iPad, apenas por ser fácil de compartilhar...

Próxima postagem com novas divagações mais tarde.

silvG8
Veterano
# out/14
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Ontem e hoje pela manha tive paciência pra voltar a estudar uma música mais difícil que já toquei no passado. Não é nada impossível, apenas um dos noturnos de Chopin (Op15 No2), mas me fez pensar uma coisa: a técnica de pianista traz muitos benefícios e é aplicável a sintetizadores?

Técnica, de certa forma, é sempre bem vinda. Tocar sintetizadores quase nunca é algo desafiador, mas achei interessante notar em como os dois mundos são diferentes. Aplicar toda a técnica de piano a sons de sintetizador de forma coerente é uma coisa muito difícil. Se pararmos para avaliar friamente, o único compositor que consegue ser adequado ao mundo eletrônico sem alterações na partitura é Bach... até mesmo porque Bach compõe com riqueza em contraponto e com múltiplas linhas melódicas simultaneamente. Não sou aficionado por Bach, mas admiro quem tem técnica para as coisas mais rebuscadas. Eu mesmo nunca quis perseguir as obras mais complexas, pois acho chato de tocar.

Voltamos então ao assunto técnica de piano "clássico" nos sintetizadores. Como disse anteriormente, parece ter sim seus benefícios, mas a aplicabilidade é muito limitada. Sintetizadores não foram feitos para acordes densos e uso dos pedais como no piano da época dos românticos como Beethoven, Chopin ou Liszt. Sempre que vou tocar, fico de certa forma preso à forma de tocar esse gênero musical, que é onde me apoio há anos.

O que não cabe? Geralmente, a melodia e técnica da mão direita são muito úteis, mas acompanhamentos arpejador com sons graves nunca ficam muito bonitos em um arranjo com sintetizadores. Geralmente apenas os baixos são suficientes, sem necessidade de complementação do arranjo como no piano.

No final das contas, a técnica ajuda literalmente a se tocar, mas não existe uma grande interpolação entre a forma de tocar piano e um polysynth.

Ainda assim, existe uma coisa que muito me ajudou... piano clássico exige um conhecimento de harmonia muito superior ao que teria se estudasse teclado por exemplo. Uma das formas que utilizo de memorizar algumas musicas é entender harmonicamente o arranjo, e isso, com anos de pratica ajuda bastante, e isso é especialmente aplicável na hora de compor usando instrumentos monofônicos.

Pensar no sintetizador como o componente de uma orquestra é algo muito legal, e o monofônico, por permitir a execução apenas de uma nota, torna a tarefa especial.

O que percebo de polifônicos é que geralmente ficam presos a serem tocados com acordes rítmicos ou longos, com sons específicos para cada formato. Raros são os gêneros que permitem a exploração de algo tecnicamente mais rebuscado. Um exemplo seria ELP e outras bandas progressivas do passado como Kansas. Mesmo assim, a grande maioria não se compara a uma peça de um dos compositores supracitados, e muitas vezes usam mais sons monofônicos para momentos tecnicamente complexos.

O que é especifico do uso de sintetizadores e exige um certo treinamento é o uso do pitch bend e modwheel. Existem varias formas de usar esses controles e estudar tecnicamente o uso dos mesmos é muito importante para dar vida a solos e algumas passagens durante gravações.

Minha sugestão, a todos que tem algum interesse em adequar a técnica para uso de sintetizadores, é sempre começar com sons monofônicos e depois partir para polifônicos.



Poderia falar mais a respeito, mas acho que esta bom...


Pretendo falar um pouco mais sobre sintetizadores híbridos futuramente. Na verdade ia falar sobre isso hoje, mas acabei trinando o piano e queria falar um pouco sobre o assunto.

Synth-Men
Veterano
# out/14 · Editado por: Synth-Men
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waltercruz


Synth-Men

Não sei se vc gosta da linha de timbres, mas o César Camargo Mariano explorou bastante synths na música brasileira, lá pelos 80 e começo dos 90.



Sim, este está no topo. Temos ainda Wagner Tiso. Tem muita coisa boa, muito mesmo. Fora as bandas pop Rock, como Blitzs, Kid Abelha etc... Tem muito elemento de pesquisa para synth na musica brasileira. O Jazz abrasileirado da banda Azymuth cai bem para sintetizadores também.

Anos 70, 80 e comecinho dos 90, foram muito generosos com os sons sintetizados no Brasil.



Casper

Realmente acredito que
um sintetizador analógico proporciona um grau de liberdade criativo
que não é facilmente reproduzido com simuladores em software.
E não somente no terreno sonoro, estou falando sobre o contato
físico, a conexão entre a pessoa e o instrumento musical.



Não dá nem para comparar, mas tem alguma exceção como a citada pelo Silvg8, o DIVA, tem uma certa qualidade sonora.

Por mais que um VST seja bacana, no final das contas, quem já teve a oportunidade de interagir com outras formas de sintetizadores, identifica instantaneamente que a sinergia no VST não é completa. Você, reune os elemento, atinge o objetivo, mas não terá nunca o prazer de desligar o botão, girar o knob, desconectar os cabos., fechar a tampa do case e desligar o interruptor da luz do quarto.



Silvg8

Pensar no sintetizador como o componente de uma orquestra é algo muito legal, e o monofônico, por permitir a execução apenas de uma nota, torna a tarefa especial.

O que percebo de polifônicos é que geralmente ficam presos a serem tocados com acordes rítmicos ou longos, com sons específicos para cada formato.



Solos monofônicos bem elaborados são de grande dificuldades. Fora o cuidado que se deve ter para não ficar repetitivo.

Imagino, que uma breve pesquisa em escalas utilizadas em outros continentes e região geográfica (hoje a internet permite isto), pode abrir uma janela na imaginação e criatividade. Já que a educação musical da maior parte das três Américas, está baseada nas escalas pentatônicas, escala de blues, maior e menor simples ou melódica.

Mas o que pega é o que você citou acima, a questão da aplicação das técnicas. Existe técnica para dominar um piano, violão, violino e outros instrumentos, mas e o sintetizador?

Digo isto quanto aos parâmetros que podem ser utilizados que podem jogar a nosso favor e contra: KeyFollow, Keytrack, Velocity, Aftertouch, Picht, Bender e Modulation e outros termos de significados iguais ou diferentes.

Em qual parte do solo utiliza-los? Em qual medida?

Isto influencia muito em cima da técnica transferida de outro instrumento que pode ser utilizada para tocar um sintetizador, pois qualquer um destes parâmetros, muda a sensibilidade do toque ou o tempo que o individuo irá segurar uma nota.

Em teoria, será que cada sintetizador tem o seu jeito próprio de ser tocado?

waltercruz
Veterano
# out/14
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silvG8
Talvez isso aqui te interesse: https://www.youtube.com/watch?v=wjHE_KR_RtI

silvG8
Veterano
# out/14
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Synth-Men
Sua pergunta final é muito boa. Eu honestamente imagino que a forma com que tocamos cada tipo de sintetizador muda bastante. Se parar pra pensar na diferença entre monofônico e polifônico, isso é obvio. Uma outra diferença seria comparar um VA com um polifônico de verdade... existe sempre o risco de exagerar na quantidade de notas e ter a quebra da polifonia nos analógicos, pois geralmente possuem ucas vozes, enquanto no VA é possível exagerar e tocar milhões de notas por segundo a lá Rudess.

waltercruz
Gostei! Infelizmente, os osciladores ainda tem aquele som do digital... uma outra coisa meio bizarra, fruto da ausência de um controle com maior número de bits, é o stepping horroroso do filtro. De uma ouvida em aproximadamente 9:40 até 10:20. Horrendo! Ainda assim, acho que prefiro esse do que os mais antigos da Korg... se a Roland persistir pode chegar em algum lugar. ;)

waltercruz
Veterano
# out/14
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esse comentário no vídeo é bem interessante (e bizarro)


That seems to be an artifact of the VST. If you run the plugout on the system 1, there's no stepping whatsoever.


Uma das coisas dessa série plug-out é que vc pode 'enviar' o vst pro synth e desplugá-lo do computador. Será que existe algum processamento diferente quando ele roda dessa maneira? (Isso julgando que esse comentário reflita a realidade, o que ninguém aqui tem como conferir).

silvG8
Veterano
# out/14
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waltercruz
Eu até acredito que não exista stepping, só acho que a implementação do controle via mouse deveria refletir o que se consegue com um knob, o que não acontece. De qualquer forma, vou evitar estender a discussão sobre o AIRA, já que este não é meu propósito.

Ainda assim, justamente por conta deste plug-out, devo mencionar o bicho algumas vezes. :)

silvG8
Veterano
# out/14
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Acordei bem cedo hoje e como não tenho porra nenhuma pra fazer agora resolvi aparecer aqui e divagar. Vou falar sobre os híbridos.

Entender o que é um sintetizador híbrido não é nada complexo. O que temos no mercado com essa nomenclatura geralmente é um sintetizador composto por osciladores digitais seguidos por um VCF e VCA. Essa configuração parece ser o normal e algumas vezes surgem apenas efeitos internos no instrumento que complementam os osciladores ou são adicionados no final da cadeia.

Estou em uma fase de muita curiosidade com os novos híbridos. Pelo que tenho pesquisado, ainda existem pouquíssimas opções no mercado atual, composto basicamente pelo Prophet 12 e Polyevolver da DSI e pelo Ambika da Mutable Instruments no mundo dos polifônicos. Se levarmos em consideração instrumentos mais antigos, passamos a ter um leque muito maior de instrumentos, incluindo alguns Korg e Rolands por aí, e instrumentos renomados como o Prophet VS.

Como disse lá no primeiro post, o híbrido veio como uma alternativa ao analógico, pois permitia a existência de mais do que as tradicionais formas de onda obtidas através de circuitos analógicos. Foi algo que durou muito pouco e que somente agora está voltando, e é curioso observar que o Dave Smith está à frente de tudo isso, junto a uma micro-empresa como a MI.

Falando um pouco mais das opções que temos, vejo as coisas de duas formas: comprar uma tranqueira velha ou algo novo? Se pensar assim, eu, nunca compraria algo velho que fosse digital. Qualquer circuito integrado defeituoso seria extremamente complicado para substituir... pra comprar coisa antiga tem que ser analógico da forma mais simples possível. Partiria então para as opções mais novas...

A DSI tem produzido o Evolver há algum tempo e o instrumento é de fato especial. Além dos osciladores digitais, ele conta com osciladores analógicos para serem mixados, possuindo um total de 4 osciladores, 2 digitais e 2 analógicos. Um problema grave desse poder todo é que a empresa limitou a polifonia em apenas 4 notas. Pra muita gente isso não é problema, mas acho 4 notas muito limitante (já tenho dificuldades em usar 8 do meu Prophet). Ainda assim, muita gente clama que este é o melhor sintetizador da atualidade e blablabla. Eu mesmo nunca escutei nada muito interessante saindo dele que não pudesse ser feito com outro instrumento.

Seguindo o Evolver, a DSI produziu o Prophet 12. Esse instrumento, composto por osciladores completamente digitais, VCF e VCA, complementado por um zilhão de outras ferramentas, é o atual sintetizador-monstro vendido pela empresa. Em termos de especificação, é um monstro. Dos vários vídeos no YouTube, pude perceber que o bicho é relativamente singular e tem um leque sonoro enorme. As formas de onda dos osciladores podem ser tradicionais ou combinações de até 3 wavetables, fazendo o waveshape entre elas. Tudo isso é passado por uma serie de efeitos, filtros e processados por delay e distorção (o que é uma falha, deveriam ter enfiado um belíssimo overdrive), gerando o som final. Eu gosto do que ouço, mas existem alguns problemas, detalhados no próximo parágrafo.

Que problemas são esses? Vários. Primeiro, me parece que essas empresas não estao preparadas para lidar com códigos e circuitos destinados a sintetizadores digitais - em pouco mais de 1 ano, a "placa mãe" já foi revisada 4 vezes, possivelmente por um problema crônico de um ruído digital em 11kHz presente em varias unidades. Segundo, que é uma falha gigante, o filtro do DSI não é primoroso e tem um espectro sonoro ligeiramente limitado, o que tira uma das melhores características de um sintetizador híbrido (amplo espectro sonoro), além da combinação do filtro e osciladores não ter sido a melhor possível. Terceiro, a DSI parece estar muito interessada no próximo instrumento e algumas falhas do Prophet 12 não tem sido corrigidas. Quarto, aliasing violento em algumas wavetables e com todo som que use sync entre os osciladores.

Confesso ter ficado empolgado com o P12, mas o lance de existir uma falha na PCB gerando artefatos no som me incomodou demais. Estava pronto pra investir no instrumento e talvez até deixar meu Prophet 08 ir embora, mas acabei desistindo. Foi então que comecei a ver algumas coisas sobre o Ambika.

O Ambika é um instrumento DIY (ou seja, você compra as PCBs e monta o instrumento você mesmo), híbrido, e com especificações bem menos imponentes que o Prophet 12. Ainda assim, é impressionante o que conseguiram (na verdade seria conseguiu, já que a empresa é composta apenas pelo Olivier Gillet) fazer em termos sonoros com o Ambika. Os osciladores não são os melhores do mundo, possuem bastante aliasing acima de C-G5, mas mesmo assim tem caráter e um filtro que deixa muita coisa pra trás, incluindo o Prophet 12. Minha única critica é se tratar de um DIY e não algo vendido no formato de um teclado completo... minha aquisição caso isso ocorra algum dia é certa.

Fiz tudo isso pra falar um pouco sobre os instrumentos, mas agora é a hora de falar das vantagens e desvantagens do híbrido.

A primeira grande vantagem de um instrumento híbrido, já citada anteriormente, é a amplificação de possibilidades em termos de sons. Um grande exemplo disso é o uso de wavetables e formas de modulação entre os osciladores, como FM, ring, crossmod, etc. Só como adendo, wavetables geralmente são pequenos fragmentos de uma amostra de algum instrumento, como um piano, mas que é vista de uma forma mais horizontal, podendo escolher que pequeno pedaço daquela amostra você quer ouvir. Vale a pena reforçar que FM só é realmente possível, em seu formato linear, com osciladores digitais, obtendo aquele típico som que conhecemos do DX-7.

Muitos podem interrogar o seguinte: e aquela instabilidade dos osciladores analógicos e toda aquela ladainha sobre nosso ouvido achar aquele som mais agradável? Aquilo não mudou. A verdade é que tornar o híbrido menos digital não é uma tarefa simples, mas a grande vantagem é que isso é possível, e parte do serviço é feita pelo VCF e VCA. Uma segunda grande vantagem dos híbridos é que geralmente possuem uma matriz de modulação muito mais extensa, com possibilidades antes impensadas para os analógicos puros. Só pra dar uma idéia, o Prophet 08 é um monstro quando comparado a outros analógicos, mas possui apenas 4 espaços na matriz de modulação. O Ambika, que é um híbrido modesto, possui 14... os espaços são combinações de origem da modulação, destino e intensidade com que o destino é afetado.

Ainda como qualidade, vale a pena citar a complexidade alcançável com os híbridos. Em sintetizadores analógicos, as coisas tendem a ser mais simples, e a regra é que quanto menos controles digitais, melhor. Aqui a coisa se inverte. Um LFO modulando outro em cascata, keytrack controlando a forma de onda, envelopes controlando a ressonância do filtro, etc. são coisas impensáveis com analógicos (com certa limitação, o Prophet 08 é uma exceção à regra, pois possui LFOs e envelopes digitais).

Em relação aos sons, é importante destacar que nada do mundo analógico cria texturas, efeitos de fundo, longos drones e pais surreais como os híbridos, que embora não tenham todo o poder de um sintetizador digital como o Virus TI, chegam perto usando o que tem - e geralmente são instrumentos que se aproximam dos digitais em especificações e ferramentas internas.

A parte ruim, é que existe um campo básico onde o híbrido ainda não consegue sobressair: a brutalidade e imponência do som dos analógicos. Isso é mais facilmente perceptível nos graves. Pedir que um Prophet 12 tenha graves imponentes como os do Prophet 08 é demais. Os osciladores digitais não conseguem prover aquele grave todo porque sempre precisam de recursos para limitar a banda dos osciladores evitando aliasing grotesco. Quando limitam os harmônicos desse oscilador artificial, ele perde graves e agudos. Foi aí que o Ambika acertou - apenas algumas das wavetables são limitadas por banda e existem formas de onda especificas para serem usadas nos registros mais graves, com um aliasing brutal em sons agudos.

O outro problema é o aliasing. Eu não sei explicar em termos técnicos o motivo dele existir, mas o que acontece é que se ouve diversos harmônicos do próprio som sendo reproduzido, principalmente nos agudos. Esse defeito torna o som impreciso e praticamente inutilizáveis na grande maioria dos casos (embora possa ser explorado musicalmente, principalmente para produzir efeitos especiais e ruídos de fundo.

Existe uma coisa que poderia dar muito certo pro mundo dos híbridos. E se as empresas de software fizessem uma parceria com alguém que entende das coisas no mundo analógico? A Moog Music por exemplo acertou 100% na hora de produzir o Animoog... talvez eles mesmos estejam pensando em produzir um sintetizador com aquele filtro lindo e a parte de osciladores baseada no Animoog. Eu tenho quase certeza que eu compraria, principalmente se fosse pequeno!! Vejo que o único empecilho seria produzir algo assim acessível, já que para cada voz de polifonia 1 filtro deve ser construído internamente.

Acho que está de bom tamanho... vou deixar espaço pra quem quer comentar alguma coisa. :)

adao chagas
Veterano
# out/14
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Parece que há um novo híbrido no mercado:

http://www.modulus.me/
https://www.youtube.com/watch?v=v7Hdb0hDL4E

silvG8
Veterano
# out/14
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adao chagas
Esse nem conta... 5000 libras em algo de uma empresa sem credibilidade alguma é loucura.

Synth-Men
Veterano
# out/14
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5.200 Obamas ?

silvG8
Veterano
# out/14
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Synth-Men
Sim, my mistake. De qualquer forma, custa o mesmo que um Voyager XL, e na minha opinião, nada, nada mesmo, chega perto daquilo em termos de qualidade de construção ou sonora.

Casper
Veterano
# out/14
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Caro silvG8:

Confesso que existe algo de atraente nos híbridos, mas o que me atrai
não é a quantidade de formas de onda disponíveis. Fico satisfeito com
as ondas mais básicas. Quando comprei meu híbrido (Waldorf) foi
por causa da polifonia. O filtro do Waldorf ser excelente é o motivo
pelo qual ele tem um som tão agradável, não tenho a menor dúvida.

Sem o filtro, ele se torna um sintetizador lugar-comum, sem nenhum
atrativo. Imagino que se tivesse um filtro inferior (ou VCA, ou qualquer
outra parte inferior), o Rocket se tornaria um instrumento que deixa
a desejar.

_BLACKMORE_
Veterano
# out/14
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adao chagas

visualmente é interessante esse híbrido hein!! mas claro ... contando que deve ser montado artesanalmente ... então apresenta alguns pequenos problemas que não devem depreciar o funcionamento.

silvG8

mestre ... já iniciei a leitura duas vezes, mas é um texto longo e no que me restou da hora do almoço não foi possível terminar de lê-lo.
O farei mais tarde, e depois de digerir as informações farei algum comentário ... :)

PS.: tópico que agrega valor !!!

Artref
Veterano
# out/14
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Eu li por cima o tópico e vi uma menção de piano aplicado a sintetizadores. Eu acho sim que é possível aplicar muita coisa da técnica de piano erudito para os synths, diria até mesmo para qualquer coisa de teclas.

Obviamente há especificidades, como por exemplo você não conseguir mudar o timbre em si do synth com o seu toque, ou o caso do estilo, como o SilvG8 falou. Também há elementos que o synth não responde, assim como um piano não tem "aftertouch", etc.

Mas muito se aplica. A maneira de usar a gravidade a seu favor, o uso do braço, do apoio dos dedos, o conhecimento sobre como funciona o sistema muscular empregado para tocar *qualquer coisa de teclas que esteja na horizontal* (rs), a clareza nas idéias musicais (frases, ênfases em determinadas notas, direcionamento da frase, fraseado global), os movimentos anti-naturais que você deve evitar, a maneira de articular (ou não) os dedos. Poxa, tem bastante coisa sim.

Enfim, é um assunto bem legal, mas acho que teria que ter exemplos práticos e abordagem de tópicos separadamente pra ficar claro.

silvG8
Veterano
# out/14
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Artref
Com toda certeza. A técnica do piano ajuda bastante. A diferença é que muitas habilidades se perdem no caminho... as teclas tem uma dinâmica ruim (todas as teclas de qualquer instrumento não acústico), a resposta aos controles de velocidade não é perfeita, o toque não interfere no som que sai das teclas, perde-se todas as diminutas valorizações que existem na música.

A verdade é que embora tecnicamente tenha valor, ficamos limitados com o que os instrumentos eletrônicos tem a nos oferecer. Acostumado com o piano acústico, me expressar musicalmente através dos sintetizadores é bem mais complicado...

Um OFF... legal o lance da sua apresentação. Não me lembro onde vi, mas fico feliz por você. Estou voltando a estudar piano com maior freqüência. Essa semana estudei de segunda a sexta e recuperei alguma coisa que havia perdido. Sinto-me muito mais ágil do que antes dos estudos. Voltei com algo que me empolgasse de cara, o Noturno Op15 No2 de Chopin. Além de lindíssimo, é tecnicamente muito interessante. Dê uma olhada!! A partitura é bem complexa na mudança da música... são quintinas inicialmente, mudando o padrão para uma combinação de semicolcheias e tercinas, acelerando na mudança.

Artref
Veterano
# out/14
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silvG8
Eu conheço esse noturno, lindo mesmo. Tenho uma edição com todos eles aqui e acho que farei esse no final do ano. Preciso polir o Op. 55 nº1 e ainda tenho o Op. 48 nº1 tirando sarro de mim por ter me vencido, hahaha. Mas esse Op. 15 é bonitão, vou ver se faço. Depois de acertar o 55 vou ver se posto.

Difícil captar piano, tentei com o iPhone mas não fica bom, ele chapa todas as dinâmicas. Vou tentar com dois microfones, fazer uns testes.

Buhbor
Veterano
# out/14
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Cara, eu dou uma lida no tópico e penso:
Na próxima vez que eu entrar vou comentar algo.

Quando entro de novo tem mais uma tonelada de coisas pra ler. Todas muito interessantes.

Um LIKE pro tópico.

Sobre o último assunto discutido, usar técnicas/estudo de piano em outros instrumentos de teclas, é exatamente o que faço.

Abri um tópico certa vez mostrando um vídeo demonstrativo de um Lead do Krome que fui elogiado pela agilidade e tal.

A questão é que eu não estudo técnicas pra solo com Lead propriamente dito, estudo técnicas de piano pra ganhar força e agilidade como Hanon, por exemplo.

E uso isso pra Piano, Hammond, Synth, etc.

E cada instrumento possui suas nuances que vão sendo entendidas e dominadas com o tempo.

Pessoalmente eu tenho a seguinte dificuldade:
Quando estudo somente com teclas pesadas e vou pra teclas de synths, fico absolutamente perdido.
Quando faço o contrario, treino mais em teclas de synths e vou pro piano, perco um pouco o controle da força e controle das nuances que tinha e me canso mais rápido.

Tenho que manter o equilíbrio, pena que hoje não tenho mais teclado com teclas pesadas.

Casper
Veterano
# out/14 · Editado por: Casper
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Tem um outro assunto que já foi discutido em outros lugares,
mas eu acho que cabe aqui:

Encontro dois (e estranhamente somente dois) tipos de
abordagens dos tecladistas em relação a sintetizadores:

1) O sintetizador deve tentar reproduzir um instrumento existente
da forma mais realista possível, e se se tornar indistinguível do
original atingiu o que deveria atingir. O Instituto Data Casper (IDC)
estima que 99% dos tecladistas pensam assim.

2) O sintetizador deve ser encarado como ferramenta de criação
de timbres sem se preocupar em simular ou emular nada, sendo
essa a maior vantagem de se ter um instrumento dessa natureza,
a liberdade de criação sem limites. O Instituto Data Casper (IDC)
estima que 1% dos tecladistas pensam assim.

Quem me conhece minimamente sabe que acho que usar
uma ferramenta de capacidade de criação infinita para usa-la
de forma a emular (em 999 de 1000 vezes de forma insatisfatória)
um instrumento existente é um conceito absurdo.

Gostaria de ouvir opiniões a respeito desse assunto.

silvG8
Veterano
# out/14
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Casper
Isso é assunto pra horas de divagações... mesmo assim, acho que posso colocar alguns pensamentos adicionais acerca do tema.



Atualmente parece haver uma amplificação do termo sintetizador. Não somente temos Moog Voyager, Nord Lead, Korg King "Kong", Gaia, etc. categorizados como sintetizadores, mas também instrumentos que no fundo não o são. A exemplo disso, posso colocar todos os emuladores sem sequencer no mercado, como Juno-Di e Gi, Kross e Krome, MOXF, etc. A grande verdade é que esses instrumentos deveriam ser classificados como outro tipo de instrumento.

Um grande exemplo sobre o que foi falado no parágrafo anterior é o Nord Electro... não tem como dizer que ele é um sintetizador, pois não é. Também não tem como dizer que é um sampler, pois também não é. Eu honestamente não saberia como chama-lo. Acho então que existe um termo sensacional que descreve todos esses instrumentos: ROMplers.

"Mais meu teclado gera as coisas baseadas em amostras e elas são alteradas para tornar o som mais realista durante a execução, não é ROMpler, é synti!"
Não meu amigo, é ROMpler. Workstation fodão, top de linha? ROMpler. Teclado sem sequencer que imita violão, gaita de fole, cuíca? ROMpler. "Sintetizador" barato com 23758 sons? ROMpler.

A grande verdade é que o mercado de teclados é um tanto defasado quando o assunto é emulação de instrumentos reais. A codificação de todos eles são baseados no sistema operacional ao estilo Linux, mas bem defasado, com limitações de um Windows 95. É por tudo isso que a maioria dos instrumentos até uns 3 anos atras tinham limitação da ROM INTERNA de 256-512MB. É como ter aquele bom e velho Compaq caixote dentro de um teclado. A limitação e baixa qualidade do código interno dos sintetizadores foram o que durante muito tempo limitaram a evolução dos instrumentos. Conversei com o cara que programou o Kronos, responsável pela criação do Oasys, depois de uma calorosa discussão no GearSlutz (sim, fóruns americanos e internacionais dão acesso a esse tipo de coisa), e ao que tudo indica existe sim uma limitação técnica nesse assunto.

Um outro problema é que até hoje instrumentos são produzidos se baseando em uma tecnologia de 30 anos atras. O que as empresas deveriam ter explorado a milênios é o uso da memória flash, HDs enormes e tudo mais. O que aconteceu, depois de anos reutilizando tecnologias (se pensarem bem, a Roland por exemplo ainda utiliza tecnologia da serie JV e XV em seus instrumentos atuais, e vendem as SRX bem até hoje), é que todos esses caixotes gigantes ficaram atras das empresas desenvolvedoras de software, que fornecem um material melhor, com menor custo.

Voltando um pouco pro lado do músico, é interessante notar que existem de fato os dois grupos citados pelo amigo Casper. Eu dividiria ainda o primeiro grupo em duas partes, formando três:
1) Aquele que quer ter sons de instrumentos reais com maior fidelidade ao original, com todas as inúmeras sutilidades do instrumento acústico real, etc. Esse vai nadar, nadar, nadar e morrer no mar. Isso não vai acontecer. Copias serão sempre copias.
2) Aquele que gosta de usar a criatividade para construir novos sons, mas geralmente tentando imitar alguém ou outro instrumento. Esse é o drama de quem usa softwares pra ter o som de um Moog ou Oberheim, ou aquele que gosta de reproduzir um som famoso, vide a galerinha fã do Rudess que quer ter o som igual ao dele. Vai nadar, nadar, nadar e morrer na praia. Copias serão sempre copias.
3) Aquele que gosta de usar a criatividade para construir novos sons, adequando cada som para sua própria personalidade e condizente com o que seu instrumento consegue produzir. Esse grupo nada e chega vivo na praia.

O que vejo como problema hoje em dia, é que a grande maioria dos tecladistas se encaixam na segunda descrição, pelo menos se considerarmos a população deste forum. Muitas vezes, alguém no grupo 1 quer aprender mais sobre edição de sons e etc. para reproduzir o som do ciclano. O cara almeja parar no grupo 2, e não produzir um conteudo próprio. Acho estranho...

Enfim... acho que é isso o que tenho a dizer. Tenho certeza que muita gente não vai gostar do que leu, principalmente em relação aos instrumentos, mas não falo por mal. Só acho que as coisas precisam ser melhor definidas do que atualmente.

O que os outros aqui tem a dizer sobre o assunto?

adao chagas
Veterano
# out/14
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Os sintetizadores analógicos devem o grande valor que possuem atualmente aos "romplers" porque estes conseguiram chegar até onde onde os primeiros jamais chegaram na emulação de timbres acústicos e tiveram, assim, larga difusão. Por outro lado, os "romplers" nunca atingiram a qualidade da textura sonora dos analógicos tornando-os tão imitados e desejados. Concordo com você no que diz respeito ao atraso tecnológico dos teclados atuais, que vêm se desenvolvendo a passos lentos. No entanto sua classificação daquilo que é ou não um sintetizador carece de base. Afinal, qual a sua definição de sintetizador?

silvG8
Veterano
# out/14
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adao chagas
Acho que neste primeiro momento, gostaria de esclarecer o que é um sintetizador pra mim. Na minha humilde opinião, se encaixa nessa categoria apenas os VA (no mundo digital), os sintetizadores analógicos, e os mais novos híbridos,que combinam os dois previamente citados. Assim sendo, antes que perguntem, a suposta é não - não considero ROMplers nem workstations sintetizadores, a não ser é claro, quando existe uma engine interna que funcione como um VA. Assim sendo, um Krome não é um sintetizador, mas o Kronos sim.

Se precisa de mais um pouco... ROMplers pra mim não são sintetizadores porque embora tenham algo que internamente remete a um sintetizador,não possuem a capacidade de realmente sintetizar nada. Tudo bem que você pode tentar se enganar achando que juntar formas de onda e usar o filtro e outras coisas podem tornar ele um sintetizador, mas é como se a parte de osciladores não existisse,pois as formas de onda não abrangem todas as notas com qualidade aceitável (tendem a distorcer de forma brutal nas notas mais agudas) e geralmente são estáticas, não permitindo qualquer tipo de modulação que não do pitch.

De forma resumida, é o que está em itálico.

adao chagas
Veterano
# out/14
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silvG8

O Nord Electro não se encaixa na sua definição de sintetizador (e em parte estou de acordo), mas onde apareceria o DX-7? Ele não é um VA, nem analógico ou híbrido e muito menos um "rompler".

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