Análise Harmônica de Quem de nós dois - Ana Carolina

Autor Mensagem
CaimDark
Veterano
# ago/06


Fiz a análise harmônica dessa música, mas queria saber se ela ficou certa. A cifra diz que o tom é Cm, mas na minha análise o Tom é Bb. Vejam a cifra:
http://www.cifraclub.com.br/cifras/ana-carolina/quem-de-nos-dois-pt. html

Análise das principais progressões encontradas na música:

IIm7 V7
Cm7 F7

IIm7 V7 I7M IV7M
Cm7 F7 Bb7M Eb7M

I V VI IV VIm
Bb F G# Gm Eb D Gm

G#=SubV7/VIm
D=V/VIm

E então? Minha análise tá certa? Ou o tom é mesmo Cm e eu viajei?

tiago0101
Veterano
# ago/06
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O pessoal violaozista e guitarrereteiro tem mania de falar que o tom da musica é o primeiro acorde dela, nem leva em consideração nao...nem sabem o que fazem...

LeandroP
Moderador
# ago/06
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CaimDark

Tá certo mesmo.


Ela já começa num II, V, I de Bb

O G# é empréstimo modal. É o IV° de Eb... modo lídio.

O D é Vº do Gm.

CaimDark
Veterano
# ago/06
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LeandroPanucci

Valeu a dica cara. Sei que você estudou pelo mesmo livro que tô estudando agora, o Harmonia do Chediak, e minha maior esperança postando aqui era justamente que você respondesse!! Mas me esclarece mais algumas dúvidas, se possível:

Blz, o D é V do Gm, como eu já tinha colocado no meu post, pois o VIm de Bb é o Gm, isso eu entendi, mas como pode o G# ser empéstimo modal? Um acorde de empréstimo modal não é um acorde "emprestado" da tonalidade homônima paralela? Ou seja, no caso do tom Bb, um acorde de empréstimo modal não deveria vir do tom Bbm?

Numa cadência, o grau V7 não pode ser substituido pelo bII ou bII7? O bII7 é chamado pelo Chediak de subV7 (acorde substituto do V7), que também tem função dominante, resolvendo um semitom abaixo. Nesse caso, o correto não seria considerar o G# (que, creio eu, nessa harmonia deveria ser Ab) o acorde substituto do V do Gm ( no caso, SubV\VIm) ao invés de AEM?

Desde já agradeço sua boa vontade com os meros mortais que ainda engatinham na arte da harmonia...

SANDRO PIETRO
Veterano
# ago/06
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CaimDark

O certo não seria " Análise de Harmonia " em vez de Harmônica?

Tbém: Análise de Harmonia e modulação

LeandroP
Moderador
# ago/06 · Editado por: LeandroP
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CaimDark

Dominante de um determinado acorde é sempre o seu Vº grau.

Vejamos o G7:

Dm - G7 - C (Aqui a função do G7 é dominante.)

F - G7 - Am (Aqui o G7 não tem a função dominante)

F - E7 - Am (Aqui o E7 entra como dominante do Am, porque é o Vº de Am).

Você deve tomar cuidado com o SubV7 (substituto do dominante) que está 1/2 tom acima do acorde que vai resolver. Mas ele só é SubV7 por causa do trítono do dominante, e este trítono quando invertido dá origem ao SubV7 (doidera :P)

Empréstimo modal não vem apenas do modo paralelo, pode vir de outro modo. Neste caso, veio como IVº de Eb, que por sua vez é IV do Bb.

Faça um teste prático usando a 7a:

Na hora de tocar o acorde G# coloque uma 7a menor (F#). --> G#7

Depois experimente colocar uma 7a (G) maior no acorde G#. --> G#7M

Acho que a segunda opção fica melhor.

CarloPiccolo
Veterano
# ago/06
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Eu abaixo 1/2 tom dela pra tocar com uma gaita em Ré que daria Lá como tom da musica, então no tom original acho que é Bb apesar de não saber lhufas de harmonia e os car... a pau.

LeandroP
Moderador
# ago/06
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CarloPiccolo

Eu também toco 1/2 abaixo, pra sair das pestanas que cansa muito.

CaimDark
Veterano
# ago/06
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LeandroPanucci
Eu também toco 1/2 abaixo, pra sair das pestanas que cansa muito.

Taí, você me deu uma boa idéia. A música é toda em pestana, eu nunca aguento tocar ela inteira com as singelas cordas de aço 0.11 que estou usando...

Mas voltando a minha dúvida, experimentei as duas sétimas, como você sugeriu, e gostei do resultado das duas. Cada uma dá uma cara diferente pra harmonia, mas ambas encaixaram, pelo menos eu achei. De qualquer forma, vamos desconsiderar a sétima e raciocinar somente em cima da tríade Ab.

Você tem razão, esqueci quando postei que AEM pode ser também de outros modos. E também não considerei que alguns acordes tem função dupla. Então nesse caso, eu poderia considerar que o Ab é um acorde de função dupla, tanto AEM como SuV\VI?

LeandroP
Moderador
# ago/06
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CaimDark

Você pode encarar como quiser. Tome cuidado pra não entrar em choque com a melodia. Não acho que com a 7a menor soe mal, mas no caso desta música especificamente não é o caso de se usar 7a menor.

É lógico que se você usar 7a menor no Ab, vai exercer uma atração pro Gm, por ser seu SubV7. Você só não pode deixar se levar por isto e ficar atento pra não mudar a música.

Se você está tocando sozinho e cantando, tudo bem. Se envolver outros músicos, é conflito (harmônico) na certa.

Fica meio bluesy este acorde, mas a música não tem isso.

Fazendo a análise da música mesmo, o correto é afirmar que é 7a maior no Ab.

CaimDark
Veterano
# ago/06
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LeandroPanucci
Valeu cara. Depois que estudei essa parte do livro do Chediak, tento analisar todas as músicas que pego. Se eu tiver mais dúvidas do gênero, volto a te encher, hehe.

LeandroP
Moderador
# ago/06
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CaimDark

Blz.

yuri ajala
Veterano
# ago/06
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olha só eu nao manjo nada³ de harmonia ou pouquissimo de teoria.....
com esse livro do Chediak da pra aprender ou ja eh pra um estágio avançado?

LeandroP
Moderador
# ago/06
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yuri ajala

Ele aborda conceitos de teoria elementar (que é fundamental pra continuar a ler o livro), formação de acordes, funções, cadência, modos, análise, etc.

É bastante prático. O volume II complementa o volume I com exemplos em tablatura/paritura e cifras.

LuizFB
Veterano
# ago/06
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LeandroPanucci

Graaaande Panucci! Ae, faz tempo q to querendo postar algo aqui no forum em relação há análise de harmonias. Bom, vo continuar o assunto aqui sobre esta mesma música, e depois pergunto algumas outras dúvidas minhas...
Sobre a análise dessa música da Ana Carolina ainda:
- Progressão: Cm7 - F7 - Bb7M - Eb7M --> Nessa passagem II - V - I - IV, vc consideraria como uma harmonia em jônio, ou com característica lídio, devido ao fato da harmonia ficar com sensação de "repouso" por grande tempo no IV grau??? (Tipo, funcionando mais ou menos como na primeira e antiga vídeo aula do kiko loureiro qdo ele fala sobre o modo lídio, na qual ele fala q poe uma harmonia com característica lídio, sendo e essa progressão q ele põe baseia-se apenas em um sequência IV - V, sem resolução na tônica, pelo fato do )

- Progressão Bb7M - F7 - G#7M (Ab7M) - Gm - Eb7M - D7 - Gm --> Nesta passagem, como já falado, ocorre uma sequência I - V - bVII - VI - IV - V/VI - VI; Bom, aqui tenho umas dúvidas mais estranhas... No acorde G#7M, só respondendo ao Caim Dark, na verdade ele não se trata de um acorde com 7 da dominante, mas sim um acorde maior com 7M, e para ser considerado SubV, tem q possuir o trítono, que não ocorre nesse acorde com 7M; A minha dúvida é pq a gente analisa (a maioria do povo) esse acorde como se fosse o quarto grau de um determinado C.H., e não como primeiro grau de um C.H. (nesse caso, analisamos como se fosse o IV grau do C.H. de Eb maior, e não como se fosse o I grau do C.H. de G# maior). Desde já, vlwz ae man pela colaboração!

CaimDark
Veterano
# ago/06
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yuri ajala
Dá pra aprender sim cara. Comecei a estudar por ele há algunas meses atrás sem saber porcaria nenhuma, e já tô conseguindo analisar algumas músicas. E ainda falta bastante coisa para eu terminá-lo e ir pro vol 2.

LuizFB
só respondendo ao Caim Dark, na verdade ele não se trata de um acorde com 7 da dominante, mas sim um acorde maior com 7M, e para ser considerado SubV, tem q possuir o trítono, que não ocorre nesse acorde com 7M;

Isso eu sei, a questão é que na música esse acorde é uma tríade, não uma tétrade, não tem nem sétima menor nem maior, por isso não fica tão evidente qual exatamente a função dele.

[/i]pq a gente analisa (a maioria do povo) esse acorde como se fosse o quarto grau de um determinado C.H., e não como primeiro grau de um C.H. (nesse caso, analisamos como se fosse o IV grau do C.H. de Eb maior, e não como se fosse o I grau do C.H. de G# maior). [/i]

Se eu tiver entendido sua pergunta, não analisamos o Ab7M como se fosse o I7M to tom Ab porque isso caracterizaria uma modulação direta, e não há modulação nessa música, apenas uma tonalidade passageira ou do momento.

Digao
Veterano
# ago/06
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LuizFB
CaimDark

Só uma dica...

Qd estiver em duvida sobre a funcao de um acorde... preste bem atencao na tensao da musica... é pra isso q os acordes servem, tensao... entao se vc nao sabe o q acontece (analiticamente) com aquele acorde escute a musica e veja o contexto...

Musica caipira é perfeita pra ver isso...

I V V I7 IV e por ai vai...

Analise harmonica nao é só teoria, tem q colocar o ouvido junto...

LeandroP
Moderador
# ago/06
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LuizFB

Como disse o Digão, os acordes dão a sensação de tensão e relaxamento. Não significa que depois de um acorde tenso precisa vir outro que provoca relaxamento. Eu encaro isso como uma dinâmica.

Eu encaro na maioria das vezes um acorde maior ou menor isolados como sendo lídio e dórico, respectivamente. A não ser quando existe o trítono, aí eu penso de forma diferente.

Embora pareça que eu entenda, na verdade eu não manjo muito quando uma cadência é caacterística de um determinado modo. Eu tenho algumas impressões e tiro a dúvida tocando mesmo. Assim eu posso sentir o sabor do modo que predomina... auto-didata é foda, fica essas lacunas em branco.

Digao
Veterano
# ago/06
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Eu tenho algumas impressões e tiro a dúvida tocando mesmo.

Mas aí é q ta o segredo...

Teoria nao é nada sem o ouvido...

LeandroP
Moderador
# ago/06
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Digao

Teoria é bom pra você não ter que contar sempre com o ouvido e pra educá-lo. Mas na hora de tocar, nada de pensar em jônicos, plácidos, flácidos, morbidos zumbidos, etc... tem ouvir a melodia interna, aquela você assobiou um dia.

Digao
Veterano
# ago/06
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LeandroPanucci

O ouvido é o juiz (q pode ser corrupto haha), a teoria é a lei...

Jabijirous
Veterano
# ago/06
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Mas aí é q ta o segredo...

Teoria nao é nada sem o ouvido...



beethoven foi ficando surdo e compos paradas complicadíssimas e ae??? voce tem que ter o ouvido, mas o ouvido interno!!

LeandroP
Moderador
# ago/06
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Jabijirous

Ele escutava sua composição apoiando a cabeça no piano. Ouvia pela estrutura óssea (?).

ghb
Veterano
# ago/06 · Editado por: ghb
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Digao

Teoria nao é nada sem o ouvido...

Acho que é possível fazer boas composições apoiado em teoria.... O Jason Becker "piscava" as composições para outro cara tocar....

Complementando o post:

John Petrucci sobre a introdução de "Overture 1928":
" Quando estava escrevendo esta música, queria ter um tipo de som majestoso, e sabia que o lídio me proporcionaria aquele som.

LeandroP
Moderador
# ago/06
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ghb

Cara, mas o Jason Becker não "aposta". A música toca dentro da cabeça dele, a diferença é que ele sabe cada nota que rola na cachola.

ghb
Veterano
# ago/06
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LeandroPanucci

Então... ele sabe o "efeito" que tais notas darão sobre determinados acordes, isso que eu quero dizer....

a diferença é que ele sabe cada nota que rola na cachola
Logo, pode-se definir onde e como determinadas notas se encaixarão em um determinado contexto musical

CaimDark
Veterano
# ago/06
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Aproveitando que o pessoal ainda tá olhando o tópico mas mudando o tema, um assunto que eu ainda me enrolo todo é modos gregos (não que com 1 e meio de prática eu já devesse dominá-los, mas enfim, as vezes me impaciento!!). Por exemplo, se determinada música tem a seguinte harmonia, se repetindo por quase toda a música:

C-G-F-Bb

Essa é uma música em dó maior, e o Bb é empréstimo modal (Cm). Mas o Bb é também de dó mixolídio. Então por exemplo, se eu quiser fazer uma melodia ou solinho em cima dessa harmonia, como faço? No C-G uso a escala de dó maior, e no F-Bb uso dó mixolídio? ou só uso dó mixolídio no Bb? Ou não é nada disso?

ghb
Veterano
# ago/06 · Editado por: ghb
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CaimDark

No C-G você "pode" usa C maior ou G maior (em C maior o C seria o jônio, e o G Mixolídio, e em G maior o G seria o jônio e o C lídio) , e em F-Bb você pode usar somente F maior (F como jônio e Bb como lídio), ou um C maior. Ambos levando em consideração que o acorde é apenas uma tríade:

C - C E G > G maior daria uma intenção Lídio
G - G B D > C maior daria uma intenção Mixolídia
F - F A C > C maior daria uma intenção Lídio, ou talvéz apenas um F maior ficaria "em cima"
Bb-Bb D F > Eu tocaria talvéz o Bb Lídio, pensando como 4º grau de F maior, e usar a sua idéia de usar um C mixolídio, apenas mudando de B para Bb........ Dá pra tentar usar só C maior e ver no que dá ; )

Obs: pensando apenas através dos modos gregorianos.

Ps: Desculpe por desvirtuar o Tópico : ))))

LuizFB
Veterano
# ago/06
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CaimDark
Isso eu sei, a questão é que na música esse acorde é uma tríade, não uma tétrade, não tem nem sétima menor nem maior, por isso não fica tão evidente qual exatamente a função dele.
Então cara! Eu tenho o costume de sempre tentar fazer das tríades virarem tétrades, pq assim vc tem como analisar mto melhor a música! Como vc faz isso? Use o ouvido! Se vc tivesse que colocar nessa passagem o acorde G#7 ou G#7M, vc vai ver q o q soa mto mais parecido com a música eh o G#7M! As vezes é difícil, mas é um modo da gente treinar o ouvido!
Respondedo seu ultimo post:
Então, passando essa progressão para tétrades fica C7M - G7 - F - Bb7M. Dessa forma, vc não pode encarar esse Bb7M como empréstimo modal de Cm, pois teria que ser Bb7. Então, como já comentei acima, a tendência é a encarar esse acorde como um lídio, ou seja, Bb lídio, e dessa forma vc usaria a escala de Bb lídio (que é a mesma de Dó mixolídio, exceto pelo fato das notas de partida serem diferentes). Vc poderia encarar também como um acorde Bb7 nesse caso (pra mim, não soa mto "correto", mas isso vai de cada pessoa), e aí sim vc pode usar a escala de Dó eólio, mas soa um pouco fora pra mim. Mas na teoria é isso aí, vc escolhe o que ficar melhor pra vc! Minha opnião: melhor o Bb lídio. Vlwz

ghb
Veterano
# ago/06
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CaimDark
Como o LuizFB falou, é legal criar tétrades (ou mais) com os modos, por isso que no post eu coloquei como pensando em acordes triádicos, logo:
C maior em G: vai ''criar" um G7
G maior em C: '' um C7+/9/11#
C maior em F: '' um F7+/9/11#
F maior em Bb: '' um Bb7+/9/11#

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