Campo Harmônico e Harmonização: Tópico Oficial

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LeandroP
Moderador
# jan/15
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Denis Warren

rsrsrs

Mr.Wisniewski
Veterano
# jan/15
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Então da onde vem esse Fá Maior se não é do C.H de C Lídio :P?

Mr.Wisniewski
Veterano
# jan/15
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Aliás o padrão de acordes maiores e menores do C.H muda nos modos gregos ou não?

Ismah
Veterano
# jan/15
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Mr.Wisniewski
Aliás o padrão de acordes maiores e menores do C.H muda nos modos gregos ou não?

Não compreendi bem. Mas tenha em em mente que os modos não mudam seus intervalos (ok, até mudam, mas aí é outra história).

rcorts
Veterano
# jan/15 · Editado por: rcorts
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Mr.Wisniewski
Aliás o padrão de acordes maiores e menores do C.H muda nos modos gregos ou não?

O que muda na verdade não são nem os acordes, mas sim a organização deles, as relações entre eles e as tensões predominantes em cada modo, de forma que se você pensar modalmente você terá uma nova tônica de acordo com cada modo.

O LeandroP e o DenisWarren podem te explicar isso com mais "autoridade".

OBS.: desculpa pegar o bonde andando, mas só depois que eu te respondi vi que a discussão se estendia a partir da página anterior.

Se você observar com cautela a progressão da página anterior, pode perceber que ocorre uma passagem cromática pelos baixos dos acordes Am/G - D/F# - F. Algo parecido ocorre em Stairway to Heaven, logo na introdução: Am - E13-/G# - C/G - D/F# - Fmaj7

Na minha maneira de enxergar esta progressão esse Fá entra aí como um AEM (acorde de empréstimo modal), já que o Fá maior cai no VII grau de um tom de Sol menor, e a tonalidade da música está em Sol maior.

Quanto ao E7, precisaria ver o andamento da música, mas como provavelmente esse acorde cadenciaria para um Am, ele pode ser visto como um dominante secundário, e não como uma acorde oriundo da Lá menor harmônica (apesar de quê é aceitável aplicar uma Lá menor harmônica nessa passagem E7 - Am)

Acho que assim se "explica" melhor esses dois acordes neste contexto, mas como tudo que se tem ali pra analisar é uma progressão de acordes, o que eu pude deduzir foi isto. Às vezes numa peça mais completa, a melodia poderia gerar uma interpretação diferente.

Abç.

LeandroP
Moderador
# jan/15 · Editado por: LeandroP
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Mr.Wisniewski

Este Fá que é o Lídio. O Lídio também é um modo maior como o Dó jônio, embora tenha uma pequena diferença no intervalo de quarta de cada um dos modos: jônio e lídio. O primeiro (jônio) possui uma quarta justa, enquanto que o segundo (lídio) possui uma quarta aumentada. O que você não está conseguindo ver é que o Fá lídio é um modo "derivado" do modo maior jônio. Se você pegar a escala maior partindo do IVº grau você obtém o modo lídio do IVº grau, e não do primeiro, que é o modo jônio. Capiche?!

rcorts

Valeu pela referência. Estou certo que ele está sendo bem apoiado neste tópico. Vejo você e o Denis Warren como autoridades no assunto.

LeandroP
Moderador
# jan/15
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Mr.Wisniewski
Aliás o padrão de acordes maiores e menores do C.H muda nos modos gregos ou não?


Como assim "padrão"?!

rcorts
Veterano
# jan/15 · Editado por: rcorts
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LeandroP
Como assim "padrão"?!

Acho que por padrão ele quis dizer acordes maiores nos graus I - IV - V, menores no ii - iii e vi, e assim por diante...

rcorts

Valeu pela referência. Estou certo que ele está sendo bem apoiado neste tópico. Vejo você e o Denis Warren como autoridades no assunto.

Não cara, quê isso. O Denis Warren sim é autoridade (até já visitei o blog dele). Obrigado, mas sou apenas um estudante e esse é um assunto prioritário do meu interesse. Abç.

Mr.Wisniewski
Veterano
# jan/15
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Ahhhh,agora caiu a ficha acho. Basicamente o Fá Lídio vem do C.H de Dó Jônio,simples assim?

O padrão eu quis dizer por exemplo: maior - menor - menor - maior - maior - menor - diminuto,mas pelo que estudei ontem , vi que muda,só preciso de uma confirmação :P

LeandroP
Moderador
# jan/15 · Editado por: LeandroP
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Mr.Wisniewski

Ahhhh,agora caiu a ficha acho. Basicamente o Fá Lídio vem do C.H de Dó Jônio,simples assim?

rsrsrs Isso mesmo!

Da mesma forma que mudam as ordens das notas (modos), os acordes também mudam as suas posições. Entretanto, são os mesmos acordes formados pelo campo harmônico. Ocorre que daí rola uma liberdade em transformar, se for o caso, o Vº grau do modo em questão, num modo dominante.

Digamos o seguinte, você tem Dó jônio e tem um Fá lídio. Se você pensar no dominante do Fá lídio, vai ter que pensar no seu Vº grau. Que por sua vez é o próprio Dó. Só que neste caso o Dó deixa por um momento de ser jônio e passa a ser mixolídio, e no lugar da nota Si da escala entra a nota Si bemol.

Por exemplo, uma situação harmônica muito comum:

... C - C7 - F7M - Fm6 ... (repete quantas vezes quiser)

O tom é Dó. Pra dar um caráter de preparação pro acorde F7M, o acorde C passa a ser o Vº grau do IVº grau, na função dominante (preparatória).

Em modos, temos:

C - Dó jônio
C7 - Dó mixolídio
F7M - Fá lídio
Fm6 - Fá dórico

Denis Warren
Veterano
# jan/15
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Mr.Wisniewski
Pra evitar confusão basta trocar o nome do modo pelas citações abaixo:

Ao invés de falar Jônio use a frase: é a primeira nota (ou acorde) da escala maior.
Ao invés de falar Dórico use a frase: é a segunda nota (ou acorde) da escala maior.
Ao invés de falar Frígio use a frase: é a terceira nota (ou acorde) da escala maior.
Ao invés de falar Lídio use a frase: é a quarta nota (ou acorde) da escala maior.
Ao invés de falar Mixolídio use a frase: é a quinta nota (ou acorde) da escala maior.
Ao invés de falar Eólio use a frase: é a sexta nota (ou acorde) da escala maior.
Ao invés de falar Lócrio use a frase: é a sétima nota (ou acorde) da escala maior.

Então...

Fá Lídio = Fá é a quarta nota (ou acorde) da escala maior. Por consequência, Fá é a quarta nota da escala de C maior (C D E F G A B).

Outros exemplos:

Mi Dórico - Mi é a segunda nota (ou acorde) da escala maior = D maior (D E F# G A B C#).

Sol Frígio - Sol é a terceira nota (ou acorde) da escala maior = Eb maior (Eb F G Ab Bb C D).

Denis Warren
Veterano
# jan/15
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Se você quiser saber todas as escalas maiores basta olhar abaixo:

C D E F G A B
G A B C D E F#
D E F# G A B C#
A B C# D E F# G#
E F# G# A B C# D#
B C# D# E F# G# A#
F# G# A# B C# D# E#
C# D# E# F# G# A# B#

F G A Bb C D E
Bb C D Eb F G A
Eb F G Ab Bb C D
Ab Bb C Db Eb F G
Db Eb F Gb Ab Bb C
Gb Ab Bb Cb Db Eb F
Cb Db Eb Fb Gb Ab Bb

Mr.Wisniewski
Veterano
# jan/15
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Galera,uma dúvida: Tava lendo umas matérias sobre modos gregos,e falava que para dar a sonoridade dos modos através de acordes,poderia usar acordes que entre eles tivesse o intervalo característicos,como por exemplo:

Modo Dórico
Em - F#m

A tônica de Em (Mi) tem a sexta maior em relação ao acorde de F#m (C#). É possível harmoniza pensando desta forma?

rcorts
Veterano
# jan/15
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Acho que pro modo dórico um Em - A7 cairia melhor, mas não existem regras rígidas em modos. Ou no caso um Em - F#m7 também cai melhor do que o F#m simples.

É possível harmoniza pensando desta forma?

Não entendi o que você quis dizer. Harmonizar o quê?

Denis Warren
Veterano
# fev/15
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Mr.Wisniewski
"A tônica de Em (Mi) tem a sexta maior em relação ao acorde de F#m (C#). É possível harmoniza pensando desta forma?"

Opa, vamos arrumar a afirmação...

1 - O Dórico é um modo menor, por isso o primeiro acorde deverá ser menor.
2 - A característica do modo é a sexta maior.
3 - A tônica modal da cadência Em-F#m é a nota E, ou seja, o modo é E dórico.
4 - O acorde de F#m possui a nota C#, que é a sexta maior da tônica E.
5 - Para definir o E dórico precisamos de 3 notas características. A tônica do modo (nota E), a sua terça (nota G) e a sexta maior (nota C#). Essas notas podem ser distribuídas nos 2 acordes da cadência, observe:

Em - E G B
F#m - F# A C#

Qualquer outro acorde do campo harmônico de E Dórico que tiver a nota C# poderá ser usado no lugar do F#m:

E Dórico - Em7 | F#m7 | G7M | A7 | Bm7 | C#m7(b5) | D7M

F#m7 - F# A C#
A7 - A C# E G
C#m7(b5) - C# E G B
D7M - D F# A C#

A nota C# também pode ser inclusa nos outros acordes como tensão:

Em7 + nota C# = Em7(13)
G7M + nota C# = G7M(#11)
Bm7 + nota C# = Bm7(9)

Cadências resultantes (todas modais dóricas):

Em ou Em7 | F#m ou F#m7
Em ou Em7 | G7M(#11)
Em ou Em7 | A ou A7
Em ou Em7 | Bm7(9)
Em ou Em7 | C#m7(b5)
Em ou Em7 | D7M
Em ou Em7 | Em6 ou Em7(13)

Penta_Blues
Moderador
# fev/15
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Boa noite!!!

Denis Warren
Caramba, que aula meu camarada!
Muito obrigado por disponibilizar seu tempo e seu conhecimento pra gente.
Esse tipo de coisa pode até ter um preço, mas o que caras como vc e o nosso modera LeandroP fazem não tem como pagar.

Valeu!!!

Denis Warren
Veterano
# fev/15
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Penta_Blues
Tudo pela boa música, hehehe! É um prazer ajudar e é um prazer aprender. Nesse forum faço um pouco de cada.

Soultunes
Membro
# fev/15
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Caramba, que aula meu camarada!Muito obrigado por disponibilizar seu tempo e seu conhecimento pra gente.Esse tipo de coisa pode até ter um preço, mas o que caras como vc e o nosso modera LeandroP fazem não tem como pagar.Valeu!!!


x 10000000000000

Denis, sua didática é tão boa que até eu entendo bem quando leio teus posts hehehe Tome isto como um super elogio.

Esta morando no Brasil ou ainda esta fora ?

LeandroP
Moderador
# fev/15
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Penta_Blues

Valeu, manolo!

Nem vou me esforçar e vou quotar o que disse o Denis Warren:

Tudo pela boa música, hehehe! É um prazer ajudar e é um prazer aprender. Nesse forum faço um pouco de cada.

Kallau
Veterano
# abr/15
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Oi.

Alguém pode me tirar um dúvida, por favor?

Compus uma música (sem usar teoria, apenas ouvindo e escolhendo o acorde que achei melhor), mas estou com dificuldade de encontrar em qual campo harmônico ela está.
Minha progressão de acordes da introdução é a seguinte:
| E9 | G#m F# | E9 | G#m B | B |

De acordo com o site que estou usando para encontrar a escala, isso está em Lá Maior, com exceção do G#m e B, que não estão na escala de Lá Maior.
No site indica G#dim e Bm para a escala de Lá Maior.

Esse é o site já na página da escala de Lá Maior

Sou muito iniciante no estudo de harmonia, campo harmônico e afins. O que estou fazendo de errado? Porque não consigo encontrar um campo harmônico que tenha essas duas tríades?

Obrigado.

Jube
Veterano
# abr/15
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Kallau
Eu estou tentando aprofundar meus estudos na harmonia e vou arriscar um pitaco e se estiver errado meu raciocínio, peço que algum caro companheiro me corrija.
Vejo uma escala de E Maior, porém, o acorde de F# na escala de E, é menor e no seu caso está maior. Como está com a 4 aumentada, me parece um E Lídio.

E Maior seria:
1J 2M 3M 4J 5J 6M 7M
E, F#, G#, A, B, C#, D#

E Lídio seria:
1J 2M 3M 4+ 5J 6M 7M
E, F#, G#, A#, B, C#, D#

Kallau
Veterano
# abr/15
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Jube
Obrigado pela resposta.

Mas, eu tendo um acorde menor (G#m) na minha progressão. Isso não excluiria a possibilidade de ser E Maior ou E Lídio, uma vez que nenhuma dessas escalas possuem um intervalo menor?

Jube
Veterano
# abr/15
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Kallau
O G#m está encaixado em E maior e E lídio.
Na construção da escala, nós analisamos os intervalos a partir da tônica E, mas se a gente pegar a escala de E e construir o acorde de G#, teremos uma 3m (terça menor) em B.

T, 2m, 2M, 3m, 3M
G#, A, A#, B, C

Kallau
Veterano
# abr/15 · Editado por: Kallau
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Jube

Me desculpe, mas acho que você está enganado.

O G#m está encaixado em E maior e E lídio.
O que está encaixado em E Maior e E Lídio é o G# Maior, pois o intervalo é maior.
Até onde sei, na situação apresentada a construção do G#m não tem nada a ver com a escala de E.

Se o G# está num intervalo de Terça Maior na escala de E Maior, como pode ele formar um acorde menor?

Estou bem no início dos estudos desses assuntos, mas pelo que estudei até agora diz que se tenho um intervalo maior numa escala, aquele intervalo poderá formar um acorde maior, ou seja, acordes menores só poderão ser formados em intervalos menores.

Obrigado pelas respostas e abraço!

Jube
Veterano
# abr/15 · Editado por: Jube
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Kallau
Vamos sair um pouco dos intervalos puros e ir para aquelas fórmulas que servem de macete usando C maior como exemplo.

T,T,S,T,T,T,S
C,D,E,F,G,A,B

Temos a escala maior de C, agora vamos organizar os graus com outra fórmula que serve de macete.
I, IIm, IIIm, IV, V, VIm, VIIº
C, Dm, Em, F, G, Am, Bº

Observe que o E é 3M de C, mas se você olhar ali na fórmula, a 3 de E é G, ou seja, 3m:
T, 2m, 2M, 3m, 3M
E, F, F#, G, G#

Montamos os acordes de C maior, agora observe que se a gente montar a escala de E maior seguindo o mesmo raciocinio, teremos:
I, IIm, IIIm, IV, V, VIm, VIIº
E, F#m, G#m, A, B, C#m, D#º

E enfim, temos nosso G#m.
A nota G# é a 3M de E, porque contamos o intervalo a partir de E, mas se você contar o intervalo a partir de G#, ela não será mais uma 3M e sim uma Tônica e vale observar também que se você pegar a escala de E maior e fizer aquela formula para construção de triades:
T,3,5, basta você contar a partir de G#, sua 3 vai ser B e a 5 vai ser D#.

Só para complementar sobre acordes, uma triade é maior quando a terça em relação à tônica é maior e considerada menor quando a terça em relação à tônica é menor.

Não sei se você conseguiu entender meu raciocinio, mas espero que ajude hehe

rcorts
Veterano
# abr/15 · Editado por: rcorts
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O tom é Si maior. Mas como pela progressão o E entra como tônica pode ser interpretado como E lídio.

E sim o G#m pertence também ao campo harmônico de Mi maior, mas no caso apresentado ele entra como o VIm (ou relativo menor do tom de Si).

Kallau
Se o G# está num intervalo de Terça Maior na escala de E Maior, como pode ele formar um acorde menor?

Estou bem no início dos estudos desses assuntos, mas pelo que estudei até agora diz que se tenho um intervalo maior numa escala, aquele intervalo poderá formar um acorde maior, ou seja, acordes menores só poderão ser formados em intervalos menores.


Cara, onde você viu isso? se foi em algum lugar que você leu talvez tenha interpretado isso, mas se foi alguém que te disse essa pessoa não sabe o que está dizendo.

As tríades maiores são formadas por sobreposição de terças (maior + menor).

As tríades menores formam-se também por sobreposição de terças, só que o inverso das maiores (menor + maior).

As tríades diminutas formam se por sobreposição de terças, só que neste caso (menor + menor)

E as tríades aumentadas por sobreposição de terças, só que ao inverso das diminutas (maior + maior)

Agora veja as notas da escala de Mi maior:

E F# G# A B C# D#

A sobreposição de terças deve ser feita em cada acorde considerando as notas da escala:

I - (E G# B) - acorde gerado: E
IIm - (F# A C#) - F#m
IIIm - (G# B D#) - G#m
IV - (A C# E) - A
V - (B D# F#) - B
VIm - (C# E G#) - C#m
VIIº - (D# F# A) - D#º

Logo, no campo harmônico de Mi maior o G#m entra naturalmente e sem problema algum no III grau.

Agora se fizer em relação a Si maior teremos:

Notas da escala: B C# D# E F# G# A#

Acordes gerados:

I - B
IIm - C#m
IIIm - D#m
IV - E
V - F#
VIm - G#m
VIIº - A#º

Aí você encontra o G#m no VI grau de B, ou seja, como relativo menor de Si.

Kallau
Veterano
# abr/15
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Jube
Lhe devo desculpas, não duvidarei mais de você. haha

rcorts
Veja se entendi:
A classificação do intervalo (maior ou menor), não altera o acorde formado, ou seja, se tenho um intervalo maior, isso não impede de que o acorde formato a partir desse intervalo seja menor, porque a tríade é formada a partir da nota que queremos formar o acorde, certo?

Se a minha progressão está no campo harmônico de Si Maior e também de Mi Maior, eu posso usar acordes de ambos campos (mesmo que apareça apenas em um, como no caso o D#°), que todos os acordes vão soar bem entre si?

Uma música pode ser sempre encarada como modal e tonal? Porque ela pode ser tanto tonal em Si Maior como modal em E Lídio, como disse.
(pelo menos considerando a progressão que passei, excluindo o resto da música)

E por último;
Como faço pra descobrir em qual campo harmônico uma progressão de acordes está?


Desculpa a quantidade de perguntas, mas está sendo muito esclarecedor pra mim.

Obrigado e abraço!

rcorts
Veterano
# abr/15
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Kallau
Veja se entendi:
A classificação do intervalo (maior ou menor), não altera o acorde formado, ou seja, se tenho um intervalo maior, isso não impede de que o acorde formato a partir desse intervalo seja menor, porque a tríade é formada a partir da nota que queremos formar o acorde, certo?


Isso. Por exemplo, o G# no tom de E maior é a 3ªM de E. Porém, quando o G# entra na condição de tônica ou fundamental é apenas isso, a tônica de um novo acorde ou nova escala. Neste caso o que vai definir se o acorde será maior ou menor será a 3ª gerada sobre esta tônica (de acordo com as demais notas do tom).

Se a minha progressão está no campo harmônico de Si Maior e também de Mi Maior, eu posso usar acordes de ambos campos (mesmo que apareça apenas em um, como no caso o D#°), que todos os acordes vão soar bem entre si?

Só uma correção. Sua progressão está no campo harmônico de Si Maior, não no de Mi Maior. Apenas alguns acordes (B E e G#m) são comuns aos dois CH, pois B e E são tons vizinhos no ciclo de quintas. Porém o F# pertence apenas ao campo de Si maior, uma vez que em Mi Maior o acorde gerado seria um F#m.

Se você pode usar acordes dos dois campos harmônicos e soarem bem entre si? sim, é possível, porém não é algo totalmente aleatório. Tem algumas "regras" em harmonia que explicam como isso pode ser feito. São conteúdos como modulação e acordes de empréstimo modal que ajudam a explicar estas ocorrências.

Por exemplo, seguindo sua progressão, você finaliza em um B. Como você está no tom de Si maior este acorde com sétima deveria ser um B7M. Mas se você quiser modular para Mi maior poderia entrar na sequência com um B7, pois este acorde é o V grau do tom de Mi maior, e seguir com uma progressão no tom de Mi maior. Apenas uma hipótese:

| E9 | G#m F# | E9 | G#m B | B | B7 | E | F#m | C#m | B7/9 | E

No exemplo acima você teria uma progressão em B na primeira parte (sem negrito) e modulando para E na parte em negrito.

Outro exemplo possível para negociar com os dois CH (B e E), seria utilizar um acorde de empréstimo modal. Veja, sua progressão tem como tônica um acorde de E9 no IV grau do tom de Si maior, o que pode ser visto como um E lídio. O campo harmônico de E maior por si só pode ser interpretado como E jônio.

Logo, em vez de pensar em tom de B e tom de E, poderia pensar em:

E lídio e
E jônio

Acordes de E lídio: E | F# | G#m | A#º | B | C#m | D#m |
Acordes de E jônio: E | F#m | G#m | A | B (ou B7: função dominante) | C#m | D#º

Entre os dois campos harmônicos há acordes repetidos, mas há acordes diferentes também. Estes acordes podem ser vistos como acordes de empréstimo modal. Assim, você tem uma progressão predominante sobre E lídio, mas pode pegar um acorde característico de E jônio e "encaixar" na sua progressão.

Um exemplo muito comum seria empregar o acorde que está no segundo grau de E jônio (o F#m) para servir de AEM, exemplo:

Sua progressão original:

| E9 | G#m F# | E9 | G#m B | B |

Sua progressão com acorde de empréstimo modal:

| E9 | G#m | F# F#m | E9 | G#m B | B |

Veja que o acorde de F#m não é natural em Si, mas pode tranquilamente entrar na progressão como acorde de empréstimo modal. Enfim, existem inúmeras possibilidades.

Uma música pode ser sempre encarada como modal e tonal? Porque ela pode ser tanto tonal em Si Maior como modal em E Lídio, como disse.
(pelo menos considerando a progressão que passei, excluindo o resto da música)


Nem sempre. Existem músicas em que cada acorde "pertence" a um campo harmônico diferente, mas são encaixados em um contexto modal que funciona. Por exemplo, no Blues o I - IV - V (no tom de A: A7 - D7 - E7). Cada acorde destes é o acorde mixolídio de sua respectiva tonalidade. A7 vem de D, D7 vem de G e E7 vem de A. É como se a progressão estivesse modulando entre Djônio, G jônio e Ajônio, só que foram utilizados os acordes mixolídios de cada tom para compor a progressão. Neste caso não há tonalidade na música como um todo, mas sim centros tonais. Sobre o A7 o centro tonal seria Ré maior, sobre D7 o centro tonal seria Sol maior e sobre o E7 o centro tonal seria Lá maior. Enfim, é uma progressão modulante.

No caso da sua progressão específica, todos os acordes encaixam no tom de Si maior, por isso ela pode ser vista como tonal. Quando eu disse que ela poderia ser interpretada como E lídio foi exclusivamente pelo fato da tônica da sua progressão ser o E. Mas entre ser interpretado como E lídio e efetivamente soar como E lídio são outros 500. Por isso a meu ver esta progressão é tonal e não modal, efetivamente.

Um exemplo de progressão tonal em E lídio:

E | F# | C#m | B7M | E

No caso acima, a 4ª aumentada de E (no caso um A#) entra tanto nos acordes de F# quanto de B7M. E no acorde de C#m entram a 3ªM e tônica do modo (no caso as notas: G# e E). Assim sobre toda a progressão as notas características do modo lídio estão presentes. O que já diferencia entre modal e tonal.


E por último;
Como faço pra descobrir em qual campo harmônico uma progressão de acordes está?


A noite eu te respondo essa. Preciso sair agora. Abç.


Desculpa a quantidade de perguntas, mas está sendo muito esclarecedor pra mim.

Obrigado e abraço!


Não tem problema. Quem pergunta é porque tem interesse de aprender e conhecimento nunca é desperdício de tempo.

Abç.

Jube
Veterano
# abr/15
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E por último;
Como faço pra descobrir em qual campo harmônico uma progressão de acordes está?

A noite eu te respondo essa. Preciso sair agora. Abç.


Vou aguardar a opinião do rcorts, mas em um princípio básico a primeira nota é a tônica e consequentemente ela gera a escala / campo harmônico e tom.
Li em algum livro que nosso cérebro trabalha comparando a primeira nota ouvida com as demais, isso faz sentido até na prática, se você pegar uma escala qualquer e derrepente tocar uma nota fora, você já sente um desconforto.

Kallau
Veterano
# abr/15 · Editado por: Kallau
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rcorts
Obrigado, tanto pelo esclarecimento quanto pelo tempo investido na resposta.
Me esclareceu bastante.

Jube
Acredito que existe uma regra pra encontrar um campo harmônico, uma fórmula, partindo sempre da tônica, né?

Aproveitando, já lanço uma dúvida:
Se utilizamos uma tônica para encontrar uma escala ou campo harmônico, na grande maioria das vezes, o primeiro acorde de uma música ou de uma seção da música será a tônica?

Seguindo esse raciocínio, uma exceção disso seria Proud Mary do Creedence, certo? Pois ela começa em C | A | C | A | C | A | G | F (esse A | G | F sendo um cromatismo, to certo?), dai então vai pra D, que é quando você "sente" que a música/verso começou de acordo, certo?
(Isso acima está baseado apenas no feeling que temos ouvindo, sem usar nenhuma teoria)

Abraço!

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