Como alinhar técnica e didática na carreira de professor de guitarra?

    Autor Mensagem
    wesley lely caesar
    Membro Novato
    # 29/out/25 12:38


    Olá, pessoal!

    Sou o Wesley Lely Caesar — trabalho com ensino de guitarra há mais de 40 anos, entre aulas, métodos e projetos com outros professores e guitarristas profissionais.

    Tenho notado que muitos professores e músicos experientes ainda encontram dificuldade em estruturar um método sólido de ensino e alavancar a carreira como educadores musicais.

    Queria abrir aqui uma conversa sobre isso:
    ???? O que vocês acham que mais impede o crescimento de quem dá aula de guitarra no Brasil hoje?

    Tenho desenvolvido alguns encontros voltados pra esse tema e achei que seria interessante trocar experiências aqui com a comunidade.

    (Se o moderador permitir, posso deixar depois o link do conteúdo completo que preparei sobre esse assunto.)

    Delson
    Veterano
    # 29/out/25 13:31
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    wesley lely caesar
    Me lembro de ver anúncios seus em revistinhas de guitarra (jovens, era assim que tínhamos contato com músicas que queríamos aprender a tocar), é de você mesmo que se trata? Vi seu episódio no Amplifica com o Joe Moghrabi. Sensacional!

    Na minha opinião, o que atrapalha o ensino é que muitos professores (não todos), não têm realmente um "norte" pra ensinar (passo 1, passo 2...). Me lembro que minha primeira aula de violão no conservatório foi pra conhecer as partes dos instrumento, depois os nomes das cordas, afinação e por aí vai. Falta uma "curadoria" no ensino. Creio que isso foi comentado até no referido episódio do Amplifica.

    Alguns professores acham verdadeiramente que dar aula é chegar e demonstrar sua habilidade para o aluno, kkkkkkkkk

    LeandroP
    Moderador
    # 29/out/25 20:24
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    wesley lely caesar

    Seja bem vindo ao fórum.
    Pode deixar o link sem problemas.

    wesley lely caesar
    Membro Novato
    # 08/nov/25 19:47 · Editado por: wesley lely caesar
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    Delson
    OI DELSON, td bem ? Sim sou eu mesmo que fui entrevistado no AMPLIFICA ... Grato pelo comentario... Sobre o ensino de guitarra de fato falta uma Curadoria... Por isso mesmo que criei a MENTORIA GMK. Depois de 44 anos ensinando guitarra e violão, e desenvolvendo material didático, lançando diversos livros para guitarra, gravando e lançando video-aula ainda na década de 1990, acumulei muito material de aula e hoje retribuo esse conhecimento através da minha MENTORIA....

    wesley lely caesar
    Membro Novato
    # 08/nov/25 19:48
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    LeandroP
    OLA LEANDRO< grato pela permissão...

    wesley lely caesar
    Membro Novato
    # 08/nov/25 20:03
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    Delson
    DELSON< vou deixar aqui a Grade de Matérias que trabalho há 40 anos sempre aperfeiçoando e melhorando dentro do possível, ampliando o conceito...

    LEITURA (Rítmica, Melódica e Harmônica)
    INTERVALOS, ESCALAS & ACORDES (Teoria Fundamental
    TÉCNICA (Mecânica e Ergometria da Guitarra)
    GROOVE (A Arte da Guitarra Rítmica)
    PERCEPÇÃO (Rítmica, Melódica e Harmônica)
    HARMONIA FUNCIONAL (Leis Tonais)
    IMPROVISAÇÃO (Introdução por Estilo)
    CHORD-MELODY STYLE
    ESTUDO DE ESTILOS (Blues, Rock, Pop, Jazz, MPB)
    INTRODUÇÃO AO VIOLÃO ERUDITO
    HISTÓRIA DA MÚSICA E HISTÓRIA DA GUITARRA
    INTRODUÇÃO AO USO DOS MULTI-EFEITOS

    Grimc
    Veterano
    # 05/dez/25 09:16 · Editado por: Grimc
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    wesley lely caesar

    Meu pitaco de leigo guitarrista é que a grade tá ótima, vai depender muito de qual é o perfil do estudante eu imagino. Imagino que pra estudantes mais adultos/maduros que já tocam guitarra e querem se aprofundar, é perfeito. Pra um completo iniciante, principalmente criança ou adolescente, imagino que o sr. aborde de forma diferente o ensino já que é dificil manter o interesse da molecada hoje em dia usando abordagens mais tradicionais. Especialmente se o interesse do estudante estiver mais, por exemplo, no pop japonês, ou em outros estilos que não sejam a bolha "clássica" do blues, rock, jazz etc

    Menciono o pop japonês especificamente porque tem muita gente nova entrando na música que consome muito anime por exemplo, e o o j-pop é um estilo bem sofisticado de se tocar na guitarra (não segue a forma quadradinha do pop ocidental). Por exemplo, eu tenho um priminho que quis tocar guitarra depois de assistir um anime sobre guitarra, o problema é que a musica do anime pra um iniciante nao vai ser facil não haha



    Rochaff
    Membro Novato
    # 05/dez/25 11:28
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    Aquela situação de "nossa, você toca bem, poderia dar aulas!" contribui muito pro problema.
    O mercado é inundado de cursos (bons e ruins) de pessoas que "tocam bem e então resolveram dar aula". Dessa galera, só alguns de fato colocam alguma energia em uma estruturação dos conceitos q vai dar no curso. No geral, vemos muito material ai do tipo "Aula 1 - Modos gregos". E eu, como aluno de conservatório E de professores particular, posso dizer que já vi isso acontecendo nas aulas presenciais também. Eventualmente o aluno aprende alguma coisa e vida que segue, afinal, não tem como você saber que não aprendeu algo enquanto não souber que esse algo existe.
    Então o problema é complexo pois quem não sabe nada do instrumento e procura uma escola ou um curso, não terá muita informação relevante pra tomada de decisão. O curso pode mostrar os tópicos, mas o cara não sabe nada, então isso é irrelevante. O ideal seria o interessado no material procurar entender a origem do professor, sua formação, notoriedade, enfim, alguns aspectos q são quantificáveis e até claros pra quem já é mais ou menos familiarizado com o instrumento, mas pra que não é, é difícil.

    mateus54321
    Membro Novato
    # 05/dez/25 17:04
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    Grimc
    Especialmente se o interesse do estudante estiver mais, por exemplo, no pop japonês, ou em outros estilos que não sejam a bolha "clássica" do blues, rock, jazz etc

    Aqui tenho um ponto que acho importante comentar, acho que é papel do professor mostrar coisas que o aluno não tem conhecimento e não ficar apenas ensinando o que o aluno quer, claro que isso tem que ser feito intercalando e não ignorando a inspiração inicial que fez o aluno querer aprender a tocar.

    Menciono o pop japonês especificamente porque tem muita gente nova entrando na música que consome muito anime por exemplo, e o o j-pop é um estilo bem sofisticado de se tocar na guitarra

    Tem muitas músicas desse estilo que usam afinações alternativas, uma bem comum é FACGCE das graves pras agudas, então tem coisa que pode parecer difícil pra quem já toca, justamente porque ouvimos intervalos diferentes, mas que na verdade são fáceis de tocar. Não sei se é o caso dessa música.

    Mas isso já chama outra discussão, nesse caso, é mais interessante já aprender uma afinação diferente ou aprender o padrão primeiro? Eu por exemplo não consigo imaginar muitos dos bluseiros que tocam com afinação aberta tocando com afinação padrão, não sei nem se chegaram a aprender.


    Por exemplo, eu tenho um priminho que quis tocar guitarra depois de assistir um anime sobre guitarra, o problema é que a musica do anime pra um iniciante nao vai ser facil não

    Tem uma inspiração inicial legal, mas ele tem muito o que conhecer ainda e não só uma música. Outro ponto que eu também acho que o professor poderia simplificar os arranjos, começar ensinando só as tríades sem os intervalos e ir incrementando a música aos poucos.


    Rochaff
    No geral, vemos muito material ai do tipo "Aula 1 - Modos gregos".

    Eu tive um colega de trabalho que quando soube que eu tocava falou que uma época tentou aprender também mas desistiu, o motivo é que o professor dele tinha a ideia que se o aluno aprendesse Eruption do Van Halen logo de cara poderia tocar qualquer música, então a aula era ele tentando tocar a música e falhando miseravelmente, o cara só deixava ele com a tablatura lá e saia da sala, depois de 1 mês desistiu.

    LeandroP
    Moderador
    # 06/dez/25 00:11
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    Rochaff

    Dependendo da geração realmente isso se faz necessário. Não é o meu caso, por exemplo, que apesar de não conhecer pessoalmente o wesley lely caesar, tive a oportunidade de ler muitas das suas colunas escritas em revistas especializadas.

    LeandroP
    Moderador
    # há 12 horas
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    wesley lely caesar
    LEITURA
    INTERVALOS, ESCALAS & ACORDES
    TÉCNICA
    GROOVE
    PERCEPÇÃO (
    HARMONIA FUNCIONAL
    IMPROVISAÇÃO
    CHORD-MELODY STYLE
    ESTUDO DE ESTILOS
    INTRODUÇÃO AO VIOLÃO ERUDITO
    HISTÓRIA DA MÚSICA E HISTÓRIA DA GUITARRA
    INTRODUÇÃO AO USO DOS MULTI-EFEITOS


    Isso quando você pega um aluno iniciante disposto a seguir essa grade.
    Quando pega uma cara que já toca, até mesmo profissionalmente, aí essa grade precisa ser customizada. O ensino passa a ser algo mais individualizado. Sendo necessário fazer uma avaliação geral a fim de entender o aluno e preencher os assuntos que lhe falta, as lacunas vazias. É bem complexo, e não consigo enxergar uma padronização. É como reparar algo que já foi feito, e que precisa de um acabamento.

    Christhian
    Moderador
    Prêmio FCC 2007
    # há 11 horas
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    wesley lely caesar
    Sou professor de canto há mais de 20 anos (cantor há mais de 30) e tenho uma história que, talvez, possa ajudar a criar uma reflexão.

    Comecei a estudar canto (lírico, apesar de meu repertório ser focado na música popular) no Brasil e, alguns anos depois, tive a oportunidade de trabalhar com música no Japão. Lá, comecei a estudar 6 meses depois que cheguei e o choque foi imenso. Não só a metodologia era completamente diferente daqui, mas a estratégia pedagógica também era muito mais moderna e eficiente. E cada aluno era atendido por um método-base diferente (Suzuki, na maioria, mas também Kodály, Dalcroze, etc. todos adaptados para o repertório do aluno), mesmo as aulas sendo particulares.

    No meu caso, também descobri que a teoria musical básica que eu havia estudado no conservatório, assim como a maior parte do nosso ensino formal, era baseada em "decorar para responder perguntas ou provas" e lá aprendi a usar a teoria para explicar o que eu estava ouvindo, tornando a informação muito mais rica e interessante.

    Minhas aulas hoje seguem estes preceitos e, recentemente, reestruturei o meu plano pedagógico, para tornar as aulas ainda mais dinâmicas. E as respostas dos alunos foi extremamente positiva, tanto nos resultados, quanto no engajamento com os projetos propostos.

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