Review de desgaste: Condor CT-10 após 7 anos

    Autor Mensagem
    Tiso
    Veterano
    # ago/14 · Editado por: Tiso


    Em fevereiro a minha guitarra principal completou sete anos. É uma CT10 da Condor, feita em alder (não sei se em peça única), com um braço em peça única de maple, que é fosco e mais rosado que amarelado. Ela tem um sunburst muito bonito, não sei se é só uma lâmina. A ponte é ferrosa e as cordas atravessam o corpo. Ela é daquela série mais antiga, com o logo antigo no headstock (aquele com um risco embaixo do nome). O head é no mesmo estilo da Fender mesmo. Abaixo uma descrição dos percalços sofridos pela menina - e suas consequências:

    * Com menos de 6 meses de uso o jack dela ficou solto dentro do jack plate. Um colega músico improvisou uma inversão do jack, que agora fica do lado de fora do plate, uma hemorroida guitarristica, por assim dizer. Desde então ela apresenta um mau contato tolerável.

    * Com quase um ano de uso ela escorregou de uma parede de estúdio, onde a deixei apoiada. O headstock bateu num bumbo de bateria, destruindo a tarraxa da corda B. Um luthier meia boca instalou outra tarraxa pra mim, muito semelhante àquela quebrada, mas estranhamente sem o parafusinho da parte de trás.

    * Antes daquele ano os potenciômetros já estavam super barulhentos. Um problema que persiste.

    * Com três anos de uso ela soltou da correia e bateu de bunda num chão de concreto. Foi uma cena horrível. Mas não aconteceu nada, nada mesmo com ela. Até o encaixe da correia tava sem nenhum risco. Ponto ultra positivo, algumas guitarras teriam rachado no meio.

    * Com os anos vieram as ferrugens. Elas são bem perceptíveis nos polos do captador da ponte, nos saddles "vintage" (o visual é bonito, mas aqueles quadradinhos funcionariam melhor) e na chave de seleção dos captadores. No control plate e na ponte são apenas alguns micropontos.

    * Ela nunca foi regulada por um luthier. Mas as oitavas estão perfeitas! Os trastes jumbo originais estão alinhadíssimos. O único senão é que a mizinha passou a trastejar (mais morrer depois do ataque mesmo) entre solta e pressionada na 3ª casa. Achei que era o encordamento, mas já troquei e o estalo persiste.

    * A escala amarelou. Até pensei que fosse acumulo de sujeira, mas ela amarelou por igual, deixando as marcações de bolinha com um entorno ainda na cor original do maple. O resto do braço manteve o tom mais rosado.

    Por muitos anos cogitei colocar partes de marcas laureadas nela, pensei principalmente em tarraxas com trava e em um conjunto de captador de ponte + ponte da Fender, além de um control plate da Fender também. Já cogitei tirar o glow com uma esponja para dar um aspecto fosco, mas não tive coragem.

    Recentemente desisti de trocar o captador da ponte. Ao testa-la em um amplificador "de grife", escutei aquele captador como nunca havia antes. Já tinha usado uns Vavlestates da Marshall em estúdio, mas não gosto daqueles amplificadores.

    Fiz este review principalmente para orientar quem pensa em comprar uma guitarra deste modelo. Acho que para uma guitarra que me custou 700 reais, novinha - e que nunca foi "mimada", ela está aprovada no teste do tempo.

    Funeral Doom
    Membro Novato
    # ago/14
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    Só trabalhamos com fotos ! ohuaeo

    Tiso
    Veterano
    # ago/14
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    Vou adicionar assim que pegar o celular com a minha mulher.

    erico.ascencao
    Veterano
    # ago/14
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    Tiso
    Ela nunca foi regulada por um luthier. Mas as oitavas estão perfeitas! Os trastes jumbo originais estão alinhadíssimos. O único senão é que a mizinha passou a trastejar (mais morrer depois do ataque mesmo) entre solta e pressionada na 3ª casa. Achei que era o encordamento, mas já troquei e o estalo persiste.
    As duas partes sublinhadas parecem contraditórias, pois um trastejamento com estas características geralmente é devido a um desnivelamento de trastes.

    No mais, acho muito interessante um review deste tipo. Geralmente não se tem informação de como estão umas guitarras mais baratas após alguns anos de uso. O que aconteceu são coisas que eu até imaginava, como alguns defeitinhos de hardware que aparecem, mas de resto a guitarra tá aí na batalha firme e forte!

    Tiso
    Veterano
    # ago/14
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    Então Erico, tudo leva a crer que o problema está no saddle da corda, que está mais deteriorado que os outros.

    erico.ascencao
    Veterano
    # ago/14
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    Tiso
    Também pode ser...

    rafael_cpu
    Veterano
    # ago/14
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    Tiso

    Amigo, gostei do seu review!
    Concordo com o amigo erico.ascencao, é interessante (e raro) um feedback como o seu depois de alguns anos de uso da guitarra.

    Parabéns pela iniciativa e por compartilhar :)

    T+

    Tiso
    Veterano
    # abr/15
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    Amigos, com muito atraso, as fotos que eu prometi:

    * O Corpo dela
    O Corpo da Guitarra

    * String Thru-Body
    String Thru-Body

    * Headstock do Modelo Antigo
    Headstock Antigo

    * Serial
    Serial

    * Neckplate Antigo
    Neckplate Antigo

    * Knobs "Mofados"
    Knobs "Mofados"

    * Ponte Enferrujada
    Ponte Enferrujada

    * Jack Invertido
    Jack Invertido

    * Diferença de cor: Escala e Braço (eram da mesma cor)
    Braço & Escala

    Ismah
    Veterano
    # abr/15
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    Com três anos de uso ela soltou da correia e bateu de bunda num chão de concreto.

    Nada como o uso de um strap lock....

    Cara da escala amarelada, eu digo uma palavra mágica: limpeza!!!

    Sobre o Jack, ele não está invertido... apenas está mais para fora que o normal. Seria legal considerar a troca.

    Tiso
    Veterano
    # abr/15
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    Ismah

    Como eu posso fazer limpeza de escala maple?

    Vou trocar o jack plate inteiro. Os sadles também. Primeiro investimento.

    Trocando os pots provavelmente vou resolver os ruídos de girar os botões. Posso aproveitar e fazer uma blindagem. Segundo investimento.

    Quero colocar tarraxas Gotoh do tipo "quadradinha" na base e "bolinha" na base, que nem nas Fenders antigas. Mas de qualquer jeito, vou precisar investir muito menos nessa do que na outra. Terceiro investimento.

    Quanto aos caps eu fico na dúvida. Provavelmente eles são cerâmicos, considerando o preço da guitarra. Tenho vontade de trocar o captador da ponte só, porque eu adoro o do braço. Penso em um captador estagiado, com o imã da corda ré mais saliente. Mas tem todas aquelas tretas envolvendo misturar cerâmico e alnico... Provavelmente este investimento vai ficar lá na frente.

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # abr/15
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    Tiso
    Como eu posso fazer limpeza de escala maple?
    Não tem como...
    Trocando os pots provavelmente vou resolver os ruídos de girar os botões. Posso aproveitar e fazer uma blindagem. Segundo investimento.
    Troque logo tudo...
    Os sadles também
    Se estiverem enferrujados, troque...
    Quero colocar tarraxas Gotoh do tipo "quadradinha" na base e "bolinha" na base, que nem nas Fenders antigas. Mas de qualquer jeito, vou precisar investir muito menos nessa do que na outra. Terceiro investimento.
    Essa guitarra não comporta isso, coloque tarraxas do mesmo tipo da sua, de boa qualidade.
    Tenho vontade de trocar o captador da ponte só
    Troque por esse:
    http://www.captadores.com.br/loja/produto-34302-1918-little_55_tele
    Abç

    Ismah
    Veterano
    # abr/15
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    Mauricio Luiz Bertola

    Nem aquele clássico pano com água?

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # abr/15
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    Ismah
    Pano com lustra-móveis...
    Nada mais.
    Abç

    JJJ
    Veterano
    # abr/15
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    Ô guitarrinha boa pra dar uma geral, hein?...

    raphael.rui
    Veterano
    # abr/15
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    a mizona ta em cima do parafuso do saddle é isso mesmo? auhuahua

    ta precisando de uma geral ai. no mais, me parece ser uma condor das boas que vale a pena dar uma investida.

    Luiz_RibeiroSP
    Veterano
    # abr/15
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    Tiso
    Guitarrinha legal, tenho uma condor RX-30 que esta comigo desde 2000 e por falta de cuidado aconteceram alguns problemas semelhantes. Ela era de um amigo mas eu quem tocava guitarra na banda.
    Tive que trocar a ponte porque enferrujou tanto que não tinha mais condições de uso, essa nova ponte ja tem uns 6 anos e nunca deu problema. Os potenciômetros e a chave pode limpar sempre que trocar de cordas, use álcool isopropílico ou limpa contato. Com a minha da certo e apesar de gasta esta funcionando bem.

    Ismah
    Veterano
    # abr/15
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    JJJ

    A gente gosta de uma Frankie mesmo...

    BrunoRodrigues
    Veterano
    # abr/15
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    Tiso
    "Amigos, com muito atraso, as fotos que eu prometi"
    Fotos: "Vou adicionar assim que pegar o celular com a minha mulher"

    Ou vc tem vocação pra politico ou a mulher não liberou - kkkkkk...

    Falando sério: Muito show ver guitarras com anos de uso e "marcas do tempo". Tenho um Golden há + de 13 anos que nunca recebeu um upgrade, mas se precisar, sei que tá lá, pronta pra guerra.

    Não esqueça de atualizar, com "os investimentos", para vermos o antes e o depois.

    Abç ! ! !

    JJJ
    Veterano
    # abr/15
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    Ismah

    Com toda certeza! Eu quase chego a preferir as minhas frankies do que as minhas de linha.

    Pega uma coisinha dessas, pedindo pra ser arrumadinha... Bom demais... kkkkkkkk

    Tiso
    Veterano
    # jul/15 · Editado por: Tiso
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    Galera, caiu uma ficha para mim, com oito anos de atraso. Olhando com mais cuidado a maneira que a parte da frente da guitarra reflete a luz, percebi claramente a existência de emendas no corpo. Não uma, duas, ou três. São sete ou oito emendas. (!) A maneira que a lâmpada da minha sala reflete em cada parte é bem diferente. Dois dos pedaços são bem finos, tem uns 3 cm.

    E a parte curiosa é que aquela "fachada" bonita dela não é uma fachada, a figuração não é um veener" Olhando com atenção deu para perceber que cada pedaço tem sua figuração distinta, mas o resultado é bem homogêneo, porque a figuração de cada peça tem veios na mesma direção. Outra bizarrice está nas costas dela, estas sim sem indicativo de emendas. Ou seja, usaram sim um veener, mas nas costas dela!

    E tem mais: o braço também não é peça única. Apesar do braço e da escala terem o mesmo tom, um maple bem rosado e claro, a escala tem um padrão de manchinhas que não existe no resto do braço. De resto, o braço, sem escala, é realmente feito de uma peça só.

    O chato é que na época a Condor assegurava que os corpos eram feitos de peças únicas de alder ou basswood - e que o braço também era feito de apenas uma peça de maple. Sacanagens a parte, pelo menos pude ter certeza sobre qual é a madeira dela, já que que a figuração é verdadeira e o padrão é bem "alderístico".

    A parte boa de tudo isso é o som e o sustain. Jamais poderia ter desconfiado das emendas pelo som. Ela é muito ressonante, o corpo vibra inteiro, de maneira muito intensa. O sustain desplugado de um mi maior aberto dura quase dez segundos.

    No final das contas é uma puta guitarra gostosa e confiável, mas por sorte. O capricho aplicado em outras etapas de produção não desculpa essa gambiarra extra-oficial com as madeiras.

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # jul/15
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    Tiso
    Cuidado pois a disposição das fibras da madeira podem "trair" a sua percepção... Acho que, para ter certeza de que são tantas emendas assim, só retirando o acabamento mesmo, coisa que óbviamente vc não fará...
    Eu já trabalhei numa guitarra dessa que tinha 4 emendas (5 partes).
    Já o braço eu já sabia que não era peça única mesmo, pois isso é raro. Geralmente a escala é colada, o que, aliás, é o padrão...
    Você fez algum "up-grade" nela?
    Abç

    Tiso
    Veterano
    # jul/15 · Editado por: Tiso
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    Bertola

    Tô juntando as economias pra pegar aquele captador da ponte. E no meio do caminho acabei pensando também em um push-pull pra splitar. O que me faz indagar: todo humbucker é "splitável"?

    Mauricio Luiz Bertola
    Veterano
    # jul/15
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    Tiso
    Só os que tem 4 fios...
    Abç

    BrunoRodrigues
    Veterano
    # jul/15
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    Tiso

    "acabei pensando também em um push-pull pra splitar"

    Pensei em fazer isso na minha mas não tive coragem. Vou esperar por você, se ficar show talvez eu faça o mesmo.

    Abç ! ! !

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