Até onde é válido/mensurável a quantificar a qualidade do nosso equipo?

    Autor Mensagem
    janick
    Veterano
    # jan/13


    Eu estava pensando aqui, já tem uns dias... é possível quantificar o som? Digo, atribuir preço à qualidade do som? Digo, dizer que um equipamento de 8000 reais soa duas vezes melhor que um equipamento de 4000 em termos de equipamentos de AUDIO? Você liga um amplificador valvulado de 30w, 1x12 com EL84 de 2000 e outro de 4000, e fala que o mais caro é duas vezes melhor. E ai? Eu estava pensando nisso. Em termos de outros equipamentos, como equipamentos de vídeo, dentre outros, as diferenças são menos sutis e mais grosseiras, quando se trata de recursos e qualidade. Mas quanto à audio? Eu mesmo dou o depoimento, que apesar de tocar já tem mais de 10 anos, eu não vejo a necessidade de ter um Mesa Boogie Mark V e uma Fender American Custom strat, por exemplo. Para mim, um bom valvulado e uma strato "barata" bem construida já da conta do recado. Mas e para vocês? Vocês acham que esse tipo de característica de um equipamento é mensurável sim, ou é algo extremamente relativa?

    kiki
    Moderador
    # jan/13
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    janick
    meu pai faz assim: ele testa todas as marcas de manteiga que existem nos mercados.
    outro dia ele comprou uma importada (acho que era francesa, sei lá), e que custava 4x mais caro que uma boa nacional.
    ele disse que não era 4x mais gostosa, e não comprou mais.

    acho que tem isso em qualquer coisa.
    os artigos mais caros não são necessariamente muito melhor, mas tem um prestígio da marca.
    existe um limite que é o da qualidade da produção, depois disso é só o lucro que os caras querem tirar...

    eu to mais ou menos no mesmo pé que voce, acho que dá pra conseguir um ótimo equipamento um pouco antes dos top. sai mais barato e dá bons resultados.

    ALF is back
    Veterano
    # jan/13
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    janick
    eu acho isso extremamente subjetivo...se pensarmos, um blueseiro vai preferir o timbre de um laney cub12 do q um timbre clean/ crunch de um blackstar series one de 200w...a diferença de preço é só de 9 mil reais!
    entao acho q é impossivel atribuir uma medida pra essas coisas!

    Die Kunst der Fuge
    Veterano
    # jan/13
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    Tendo em vista que a qualidade do som é algo subjetivo, não tem como quantificar com números exatos, mas vamos usá-los só pra ficar mais fácil de raciocinar.

    No caso da relação entre preço do produto e a qualidade sonora eu acho que ocorre um decréscimo na qualidade marginal em função do preço.

    Por exemplo:

    Eu avalio que o instrumento A tenha a qualidade X e ele custa 20.
    Eu avalio que o instrumento B tenha a qualidade 2X e ele custa 60.
    Eu avalio que o instrumento C tenha a qualidade 3X e ele custa 120.

    Reparem que a qualidade marginal aumenta mais lentamente do que o preço do produto. O instrumento B custa o triplo que A, mas o aumento de qualidade que ele proporciona é apenas o dobro.

    E se compararmos A com C, o preço sextuplicou, enquanto que a qualidade apenas triplicou.

    Ou seja, o preço vai aumentando numa escala sempre maior do que a qualidade marginal que ele proporciona.

    Eu acho que é seguindo esta idéia aí, ao ponto de um instrumento custar 1000 reais, o outro custar 5000 mas só trazer uma melhoria de uns 5% em relação ao de 1000.

    Aí cabe a cada um saber das suas possibilidades financeiras e das suas necessidades.

    obs:

    - Nada é tão exato assim.
    - Isso desconta fatores como marketing, valor pessoal, e supõe uma avaliação o mais imparcial possível do instrumento.
    - Como se trata de algo subjetivo, a comparação entre os diferentes instrumentos só faz sentido considerando que seja feita pela mesma pessoa. Não faz sentido comparar a avaliação que Fulano faz do instrumento A para a avaliação que Ciclano faz do instrumento B.

    MMI
    Veterano
    # jan/13
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    janick

    é possível quantificar o som? Digo, atribuir preço à qualidade do som? Digo, dizer que um equipamento de 8000 reais soa duas vezes melhor que um equipamento de 4000 em termos de equipamentos de AUDIO?

    Não. Não rola isso.

    As diferenças são sutis, mas existem. Quanto mais para cima, mais se paga por diferenças cada vez menores. Isso para não falar de diferenças estéticas, tipo as relic da Fender ou as Tom Murphy aged da Gibson, por exemplo, custam os três olhos. Ninguém pode falar que um acabamento desse faz a guitarra soar muito melhor, é só acabamento.

    Por outro lado, já que você citou as stratos, aí acontece de soar absurdamente melhor sim. Recentemente conversava com luthiers a respeito... É perfeitamente compreensível caras como SRV que fizeram a carreira praticamente com 1 guitarra só. Muitos podem até ter outras, mas existe uma que marca e acompanha o sujeito boa parte ou toda a carreira. Sabe por que? Porque principalmente strato é raro, raríssimo, uma que realmente soe fantástica. Dizia este luthier que se um guitarrista encontrar A strato, que nunca mais venda porque provavelmente não encontrará outra assim na vida para comprar. Eu já topei com 2 dessas na minha vida, espetaculares, nenhuma o dono venderia nem por muita grana.

    Acho que é mais ou menos isso que o André Christovam falou lá no tópico dos amps dele sobre a Suhr que ele teve. Nada de espetacular, tanto que passou por várias mãos já. Só por essa história, eu já não compraria e não acho que vale pagar muito por esta guitarra.

    Por outro lado, ainda tenho curiosidade de tocar num Dumble Overdrive Special. Pô, é um amp raríssimo que quase nunca existe um a venda, quando aparece custa uns 30k dólares. É essa curiosidade sua, o que pode fazer um amp valer tanto? Posso te falar que já passei um dia todo tocando numa simulação de um desses. Talvez estivesse sugestionado, não nego, mas achei que tinha um algo a mais, tinha alguma coisa legal. Mas 30 mil dólares? Convença-me se for capaz...

    felipelfln
    Veterano
    # jan/13
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    Tanto faz quanto custa se gosto do que to ouvindo ou vendo..
    Nota 10 pode vir de qualquer lugar

    Scrutinizer
    Veterano
    # jan/13 · Editado por: Scrutinizer
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    Não, você paga pelo material e mão de obra (e obviamente pelo lucro de quem vende), não pela qualidade (se é que existe).
    Negócio é: não existe "timbre bom", nada, além da tradição e preconceito, impede alguém de preferir o timbre de uma tonante a uma fender.
    Talvez se as pessoas pagassem pelo que ouvem e não pelo que é dito que deve ser ouvido não precisássemos pagar 5000 dólares por uma guitarra.

    Willie Adler
    Veterano
    # jan/13
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    Pertinente, verdade e muito subjetivo e relativo...

    A diferença de um instrumento de 2k e um de 5k as vezes é de 15%~10%.

    Se eu tenho bastante EXPERIÊNCIA e busco um timbre muito ESPECÍFICO pra um trabalho, e logicamento tenho o capital disponível para o investimento; estes 15%~10% podem ser justamente o que faltam para o meu som ficar como eu quero.

    Agora se música me é um hobby e não tenho o capital disponível (as vezes até tenho, mas com outras prioridades em mente) estes 15%~10% não me faram uma falta tão significativa quanto os 3k que diferem no preço.

    O que conta realmente é o que você consegue fazer com o que tens em mãos, se utiliza seus recursos até o limite e se esse limite de recursos te limita quanto a sua técnica.

    Outro fator muito importante é será que vale a pena satisfazer o consumismo de provar que pode ter para exibicionismo?

    Marthin87
    Veterano
    # jan/13 · Editado por: Marthin87
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    Existem equipamentos que chegam a 70% do timbre que temos como referência. Se vale a pena buscar os 30% depende da cada um. Depois de determinado investimento os resultados se equivalem. Acredito que o caminho é buscar seu timbre por testes e experiências e dependendo do seu orçamento ter o set do Joe Bonamassa (carissimo) ou do Tom Morello que não é absurdo e ambos tem timbres fantásticos.

    Natanael_DM
    Veterano
    # jan/13
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    janick
    Eu entendo que não é nem uma questão de poder ou não poder atribuir valor à qualidade do som. Na minha opinião, isso é irrelevante (a quantificação, não o tópico! Hehehehe).

    Explico o porquê: a experiência sonora é extremamente subjetiva e a percepção sempre vai ser única (individual). Assim, o valor econômico do instrumento, embora seja o balizador principal pra aquisição, passa a ser irrelevante quando relacionado ao som que ele proporciona.

    Dadas as devidas proporções, é bem viável que tu passe a vida inteira com "um bom amp valvulado" e não tenha a menor necessidade de ter um Mark V, tirando o timbre dos teus sonhos por 1/5 do valor.

    Mas, ao mesmo tempo, é plenamente razoável que, comprando o Mark V, tua percepção sobre o teu som seja tão diferente que o altíssimo valor do amp se torne irrelevante quando comparado ao prazer que ele te proporcionou.

    Aí, tu não vai dizer: "ah, meu Mark V é 5,2 vezes mais legal que meu amp X". Claro que não, porque essa percepção não vai ser quantificável. Só pra ti, pro teu ouvido.

    E nem sempre o valor do instrumento define a tua percepção sobre a qualidade do som. Por exemplo, a guitarra mais cara que eu já tive não me proporcionou meu melhor timbre, na minha opinião.

    Alan_Domingues
    Veterano
    # jan/13
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    Ainda te mais.

    As pessoas dão suas opiniões sobre o timbre pelas marcas sim.

    Sempre recebi elogios porque eu timbro qualquer equipamento, etc, tenho bom gosto. Mas SEMPRE falam do meu som que não está bom etc. Sabe porque? Porque eu sempre falo que uso Behringer a 10 anos.

    É engraçado isto. Canso de escutar som bosta no Youtube, ao vivo, mas a galera elogia devido ao gear do cidadão valer mais que um carro popular.

    Eu não sou bitolado em marca. Faço meu som no que eu achar melhor.

    Vou dar exemplos: Nestes últimos 15 anos em termos de guitarra já tive Yamaha, Condor, Tagima, Ibanez. Pelo que me lembre foi isto. E sabe qual a marca que eu mais curti? OLP, que é como se fosse a Squier para Fender.

    Mas são guitarras muito bem acabadas, com madeiras bem selecionadas, não são feitos na gambiarras como estas guitarras de hoje. Vejo estas Ibanez de 1.500 reais que parecem de "brinquedo". Não vale nem a metade do preço cobrado aqui pelos lojistas. Idem para qualquer equipo (pedal, amplificador, etc.)

    janick

    Com toda sinceridade? Eu também não faço a mínima questão de ter um Mark V por exemplo. Primeiro que é uma aporrinhação para levar para os shows, o valor do equipamento é alto, e fica realmente complicado colocar para jogo, no máximo ficaria para gravar. Mas existe casos e casos, se a galera não tem no que gastar o dinheiro como muitos na internet, que comprem e façam bom proveito!

    MauricioBahia
    Moderador
    # jan/13
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    Alan_Domingues: Eu não sou bitolado em marca. Faço meu som no que eu achar melhor.

    Último show da minha banda, toquei com minha Strat corpo Eagle, braço Giannini, captadores Di Marzio, Malagoli e sei lá o outro. Eu acho que ela tem puta som. Os caras da outra banda que ticou ficaram espantados com o som dela. É isso. E olha que eu tenho uma Fender Strat e outra Strat Hondo, que é foda. Se fosse pra "aparecer" não teria problema. hehe

    janick

    Sobre o tópico eu acho que até definir "qualidade" é complicado pois é um atributo variável. Cada cidadão tem um conceito de "qualidade" visto que os parâmetros que moldam sua experiência com equipos, normalmente, também são distintos.

    Enfim, não dá nem pra discutir sobre o assunto com o objetivo de validar algo, pois chega num ponto que batemos de frente pois o conceito de qualidade é diferente e este, deveria ser definido antes do debate. Lembro de um debate, num livro que li, do Bertrand Russel com um padre super especializado no assunto, que era sobre a existência de Deus. Nada complexo né? hehe A primeira coisa que fizeram foi definir "Deus" de forma que ambos concordassem. Quando ambos concordaram, o debate iniciou.

    Valeu!!!

    Thyago_Trajano
    Veterano
    # jan/13
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    Sei lá...depois que finalmente me encontrei no GuitarRig, estou até desapontado com meus pedais, inclusive em relação a tudo que eu falava sobre equipamentos digitais versus analógicos!

    Depois de quase 13 anos tocando (ou melhor...tentando), acho que finalmente estou chegando perto do timbre que eu gosto! Mas percebo que grande parte desse timbre se deve a como estou segurando a palheta, atacando, a forma como dou vibrato, e tudo mais!

    Possuo três pedais de drive, porém a impressão que dá é de que por mais que eu toque em pedais diferentes, o som sai praticamente o mesmo! Principalmente em ensaios ou shows, no meio da massa sonora, é quase imperceptível a diferença entre os pedais!

    Muda mais para mim, no quesito conforto! Com um determinado pedal eu me sinto mais confortável, e parece que o som sai com facilidade!

    Também acho que a partir de um certo nível de qualidade, paga-se mais por nome...é como eu já ouvi por aqui mesmo; às vezes paga-se 200% a mais em um equipamento, para ter uma melhora na qualidade do áudio de 5%.

    Tenho tirado um som da minha humilde Tagima 635, que tem me agradado demais...

    Acho que o lance da qualidade poder ser mensurada, é praticamente impossível! Eu por exemplo, gosto de uma distorção suja, rasgada, com pouca definição...o que, com certeza, muitos detestam...vide essa minha gravação do AC/DC

    O equipamento que atende a um cara que curte tocar Steve Vai, não vai atender às expectativas de um cara que curte tocar SRV, e vice versa!

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