Liberdade criativa - breve discussão

    Autor Mensagem
    PianoGlauco
    Veterano
    # jun/16




    Casper
    Veterano
    # jul/16
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    Belo vídeo. A forma como está feita e conduzida
    foi bastante agradável. Só um comentário:
    Esse reverb na voz está tão intenso que
    tem horas que tira a atenção do discurso.

    Parabéns pelo trabalho.

    PianoGlauco
    Veterano
    # jul/16
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    Obrigado, Casper!

    Depois deste vídeo eu corrigi o problema, rsrsrs...

    Casper
    Veterano
    # jul/16
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    Caro PianoGlauco:

    Gostaria de ampliar um pouco o tema.
    Primeiro, devo dizer que o tema "Liberdade criativa"
    pode ser dividida em:

    1) Liberdade criativa para interpretação

    2) Liberdade criativa para composição

    Concordo que nos dois casos (com raras exceções)
    o domínio completo (ou pelo menos perto disso) do ferramental
    é primordial para atingir bons resultados. Vou citar um caso fora
    da música para ilustrar: Pablo Picasso. Antes de desenvolver seu
    estilo próprio, passou por toda escola clássica e aprendeu (e muito
    bem) várias técnicas em diversos campos - principalmente
    pintura e escultura. Não tenho dúvidas que essa passagem
    foi fundamental para ele chegar onde chegou. E penso que
    assim funciona para outros campos artísticos.

    E chegando nesse ponto, coloco uma impressão
    e em seguida pergunto ao senhor:

    Eu tenho a impressão que criar em cima de algo já existente
    é um expediente completamente diferente de criar em termos
    de composição. Penso que a criação na composição apresenta
    um grau muito maior de dificuldade que a criação sobre
    algo existente (interpretação). De forma alguma estou
    desqualificando o intérprete, Por exemplo, o Itzhak Perlman
    é um gênio, na minha opinião, mesmo somente interpretando.

    A pergunta:

    -O senhor acredita que uma pessoa extremamente esforçada
    e dedicada pode chegar a ser um bom (e criativo) compositor?

    PianoGlauco
    Veterano
    # ago/16
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    Prezado Casper

    Em primeiro lugar grato pelo comentário, pelo interesse e pela sua postagem visando enriquecer e aprofundar a discussão! Fico feliz por isso!

    Essa fronteira entre compositor e intérprete a meu ver não existe...
    O grande princípio e eixo é a MELODIA (ela pode ser de sua autoria ou não).

    No Brasil não existe diferenciação entre "songwriter" e "composer" - chamamos tudo erroneamente de compositor... O "songwriter" é qualquer cidadão que bola uma melodia. O "composer" domina tecnicamente a distribuição da música entre os vários modos de expressão musical...

    Existem compositores de melodias que não sabem distribuir musicalmente o conteúdo, apenas tocando em voz e violão...

    Há arranjadores que conseguem distribuir por uma orquestra partir de uma simples melodia (se o cara for compositor E arranjador, está no melhor dos mundos).

    Dentro dos intérpretes, faço uma subdivisão:

    1) livre-pensador (mexe na estrutura a ponto de fazer releituras e praticamente uma NOVA COMPOSIÇÃO)

    2) ortodoxo ("a partitura é um ente intocável, então vou me expressar ao máximo dentro do que é permitido no que está escrito")

    Ambos podem fazer trabalhos excelentes ou verdadeiros lixos...

    Por exemplo, Lizst fez uma transcrição da 5ª sinfonia de Beethoven para piano, que ficou excelente... Não foi apenas uma redução, mas sim uma transubstanciação para dar "alma pianística" à obra. Ravel também era excelente nesta arte...

    Por outro lado existem pianistas que pegam uma música complexa e simplificam de modo a transformar vinho em ki-suco... (não vou citar o nome do Richard Clayderman, prometo! rsrsrs)

    A questão é adquirir os fundamentos, seja de modo formal e organizado (escola), seja baseado em referências de vida (Hermeto Pascoal); sem eles não se vai muito longe... O modo de aquisição é um detalhe (embora exerça influência no direcionamento).

    Sinceramente penso que a criatividade é algo inerente ao ser humano... Cada um a bloqueia ou deixa fluir por fatores os mais diversos... A dedicação e conhecimento irão proporcionar bons frutos, pois se o trabalho está sendo feito aumentam-se as probabilidades de fazer uma boa obra.

    Só que GENIALIDADE é quando o cara faz em 10 minutos o que o talentoso e trabalhador demora 5 anos...

    Casper
    Veterano
    # ago/16 · Editado por: Casper
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    Caro PianoGlauco:

    Percebo que nossa percepção nesse assunto é bem diversa.
    Eu separo muito bem o compositor do intérprete, o criador
    do executor. Isso é bem claro quando se percebe que existe
    uma categoria de compositor que não seria possível existir
    a 300 anos: o compositor criativo que é incapaz de executar
    sua própria composição. Explico. Com a atual tecnologia,
    o compositor atual pode criar com a ajuda de uma DAW
    MIDI, por exemplo, sequências que ele próprio seria incapaz
    de executar em um instrumento convencional. É a figura do
    compositor que é criativo, mas que não tem as habilidades
    técnicas necessárias para ser um intérprete, nem de sua
    própria obra. Isso é algo para ser levado em consideração.

    Dentro de sua proposta de subdivisão do intérprete, tenho que
    concordar com o senhor. E devo dizer que conheço muito mais
    "ortodoxos" que "livre-pensadores".

    Claro que existem "livre-pensadores" e "livre-pensadores":
    Uma coisa é o Bach em Variações Goldberg, a outra bem
    diferente é Richard Clayderman Plays ABBA. :)

    Para resumir: penso que nem todo compositor pode ser um
    bom intérprete, e o contrário também é verdade.

    E existem os poucos iluminados, que fazem tudo com perfeição.

    Synth-Men
    Veterano
    # ago/16 · Editado por: Synth-Men
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    Muito a calhar meu caro PianoGlauco

    A moderação poderia deixar você replicar o tópico lá no teclados.

    Estou alguns meses fora do mundo das teclas, mas para não enferrujar a cuca, resolvi partir para o mundo das cordas, onde sou um ser unicelular. Falta muito a desenvolver.

    Comecei aleatoriamente, com a escalas naturais de G e Gm.

    De cara, é possível improvisar nestes tons com 11 outras escalas, e cada uma delas deixa a música com uma cara ou ar diferentes. E se for entrar nos modos gregos, melódicas, harmônicas, vamos nos conectar com muito mais de 11 escalas, seja em uma base de tônica/quinta/tônica ou em todo seu campo harmônico.

    É incrível! Gostoso e intrigante, por que apenas iniciei grotescamente alguns dígitos na escala de G e Gm. Fora as brincadeiras com as notas dissonantes e a escala cromática de forma isoladas, criando novas tensões, abertura e fechamentos. Se torna um vicio.

    Tudo com uma base tônica/quinta/tônica, que dá possibilidades de harmonizar com escalas maiores e menores.

    Pensar em cada nota da escala, me obriga naturalmente saber onde está cada nota no braço da guitarra, sem esforços. Mas creio que falta muito disso nas aulas da vida por ai.

    Talvez por isso as pessoas ficam presas, sem improvisar, criar versões do que já existe ou criar coisas novas.

    Outro ponto que acho importante é a leitura rítmica. Improvisar novas notas dentro de um compasso, encaixando-as dentro do tempo é uma grande arte. É importante saber o que é pausa e som e ao menos tentar brincar com isto

    Se você ligar um metrônomo em um tempo lento, solicitar que alguém do ramo musical, represente organicamente com sua voz apenas um compasso, 4/4, com uma semínima em cada tempo, porém uma pausa de mesmo valor no terceiro tempo do compasso é provável que a pessoa se embole.

    Mas não por que não sabe, mas sim por que nunca tentou ou foi incentivada a tentar. Seria simplesmente:

    compasso/tempo : 1 2 3 4
    som: tá - tá - silencio - tá


    Quando digo importante, não é por que é regra, mas sim uma base para a liberdade criativa.

    Penso que nada na teoria musical é regra, mas sim uma base, uma porta, um disparo inicial, um empurrão, uma leve descida para pegar impulso, para a independência e liberdade de criar.

    Um vídeo como o seu, pode fazer um carinha ou uma gatinha legal perder o medo e ficar mais legal ainda.

    Abraços meu caro!

    PianoGlauco
    Veterano
    # ago/16
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    Casper

    Concordo que a tecnologia está proporcionando este novo tipo de alguma maneira... São fronteiras se diluindo... Muito interessante ponto de vista; é válido, sem dúvida - embora pessoalmente eu acho que é de pouca relevância quando não se tem conhecimento, já que softwares como o "Garage Band" são prefabricados... Mas toda ferramenta depende da competência de que a usa... Para quem conhece é sempre mais proveitoso...

    Abraço!

    Synth-Men

    Grato pela sua postagem e pelo incentivo, achei encorajador... É bom que as pessoas se interessem por destravar um pouco...

    Fiz este vídeo meio "a esmo", mais para mostrar um pouco sobre "como eu funciono" do que propriamente ensinar alguma coisa, uma vez que todos somos aprendizes...

    Rítmica é a base... Excelente sua colocação quanto a este aspecto e parabéns por aventurar-se nas cordas... A evolução é sempre muito mais rápida para quem já tem base pianística, pois que tem uma visão do todo...

    Abraço!

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