ANTONIO CARLOS GOMES:MAIOR OPERISTA DO BRASIL

    Autor Mensagem
    Matheus_Strad
    Veterano
    # nov/04


    ANTONIO CARLOS GOMES
    (1836-1896)


    BIOGRAFIA

    Antonio Carlos Gomes, nasceu na atual cidade de Campinas, estado de São Paulo, na época chamada Vila São Carlos, aos 11 de junho de 1836.

    Seu pai, Manoel José Gomes, reputado professor de piano, canto, órgão e violino na vila, era conhecido pelo apelido de Maneco Músico. Carlos Gomes (depois também apelidado Tonico de Campinas) cedo revelou sua vocação musical. Logo entrou para a Banda Marcial cujo regente era seu pai e onde também tocava seu irmão de sangue José
    Pedro de Sant´Anna Gomes.

    Aos onze anos começa seus estudos regulares de música logo após terminar o curso básico. Inicia pela clarineta, logo mudando para o piano e o violino.

    Quanto ao piano, logo em 1848, deu récitas nas quais figuravam suas primeiras produções musicais, incluindo músicas solo para o instrumento e modinhas.

    Três anos mais tarde, formando conjunto com o irmão, violinista já conhecido na região, apresentam-se com regularidade e tem a oportunidade de apresentar suas obras que, embora ainda comprometidas como o lazer de salão da época (modinhas, valsas, mazurcas) já apontam decididamente na direção da influência decisiva de sua feitura posterior: a italiana.

    Em 1856 escreve uma obra mais séria, a ¨Missa de São Sebastião¨, dedicada ao Maestro Henrique Luiz Levy. Em 1859, num concerto organizado juntamente com o músico Ernest Maneille no teatro São Carlos de Campinas apresenta nova obra sua, as ¨Variaç:ões para clarineta¨ sobre o motivo do romance ¨Alta Noite¨.

    Nesse mesmo ano, acompanhado pelo mesmo músico, abre em Campinas, um curso de piano, canto e música. Mudando-se para São Paulo com seu irmão, passa a viver em repúblicas de estudantes e a tocar em concertos particulares, juntamente com Henrique Luiz Levy. São dessa época de boemia e atribuições (1859) o ¨Hino Acadêmico¨ em homenagem aos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco de São Paulo, e a famosa modinha ¨Quem Sabe¨, em homenagem a Ambrosina Corrêa do Lago, seu primeiro amor.Nesse mesmo ano, ainda, muda-se para a cidade do Rio de Janeiro a fim de matricular-se no Conservatório de Música para prosseguimento dos estudos musicais, na classe de contraponto de Gioacchino Gianinni.

    Francisco Manuel da Silva, àquela época diretor do Conservatório, entusiasma-se com os rápidos avanços do talento musical de Carlos Gomes. Encomenda-lhe então, uma cantata (¨Salve dia de ventura¨) para execução perante o Imperador Pedro II, a qual é apresentada a 15 de março de 1860, com o próprio compositor na regência. Por essa obra e seu sucesso, o Imperador lhe ofereceu uma medalha de ouro.

    Pela composição de uma nova cantata (¨A última hora do Calvário¨), estreada em 15 de agosto de 1860, na Igreja Santa Cruz dos Militares, foi nomeado ensaiador e regente da orquestra da Imperia Academia de Música e Ópera Nacional.

    Em 4 de setembro de 1861 vai à cena a primeira ópera de Carlos Gomes, ¨A Noite do Castelo¨, sob a regência do próprio compositor, com versos de Antonio José Fernandes dos Reis, baseados no poema homônimo de Antonio Feliciano de Castilho, no Teatro Lírico Fluminense.

    Em 15 de setembro de 1863 estréia sua segunda ópera, ¨Joana de Flandres¨, no Teatro Lírico Nacional, sobre libreto original de Salvador de Mendonça. Já agraciado pelo Imperador com a Ordem da Rosa, e após grande êxito, Carlos Gomes recebe uma pensão para ir estudar na Europa. Em 8 de dezembro de 1863 partia para a Itália, com o objetivo de cursar o Conservatório de Milão. Entrou para a classe do Maestro e compositor operístico Lauro Rossi. Três anos depois, Carlos Gomes recebia o diploma de Maestro e Compositor.

    Em 1867/68 escreve as músicas das revistas ¨Se as minga¨, e ¨Nella Luna¨, a primeira com versos de Antonio Scalvini e a segunda com versos de Emilio Torelli-Viollier, encerradas com muito êxito nos Teatros Fossati Carcano, respectivamente. Algumas de suas melodias chegaram a ficar muito populares a ponto de serem executadas pelos tradicionais realejos.

    Em 19 de março de 1870 estréia no Teatro Alla Sacla sua terceira ópera, a primeira escrita na Itália: ¨Il Guarany¨, baseada no romance homônimo de José de Alencar, com libreto inicial de Antonio Scalvini, terminando por Carlo d´Omerville, grande sucesso de crítica e público. Logo após sua estréia, foi encenada em todas as principais capitais européias. Por esse sucesso, recebe o título de Cavaleiro da Ordem da Coroa. Em agosto desse ano retorna ao Brasil. No Rio de Janeiro é recebido como herói, ovacionado publicamente. Organiza então, a estréia nacional do ¨Il Guarany¨, levada a efeito no Teatro Lírico Fluminense a 02 de dezembro de 1870.

    Em 1871, já tendo retornado à Milão, casa-se com Adelina Peri, uma ex-colega do Conservatório.

    Em 16 de fevereiro de 1873, no Teatro Alla Scala de Milão, estréia a ópera ¨Fosca¨, com libreto de Antonio Ghislanzoni, tendo obtido um sucesso menor.

    Em 1878 Carlos Gomes deu início à construção de uma grande mansão em Maggianico-Lecco, nos arredores de Milão, local importante intelectualmente naquela época, cuja casa colossal, no futuro, só lhe trará preocupações e, certamente, a ruína financeira.

    Em 21 de março de 1874 estréia no Teatro Carlo Felice de Gênova sua ópera Salvator Rosa e em 27 de março de 1879, no Teatreo Alla Scala de Milão sua ópera Maria Tudor.

    Em 1880, de volta ao Brasil, dirige na Bahia, as encenações de ¨Il Guarany¨ e ¨Salvator Rosa¨, logo em seguida tendo ido ao Rio de Janeiro com os mesmo propósitos e realizações. Nesse ano, ainda na Bahia,faz apresentar a estréia de seu ¨Hino à Camões¨, realizada no Teatro São José. Em novembro desse mesmo ano retorna à Itália e lá permanece por dois anos, trabalhando febrilmente em vários libretto, os quais jamis serão terminados.

    Volta novamente ao Brasil em 1882 e, a partir de então, passa a viver parte do tempo em seu país natal e parte no seu país de adoção e glórias. Nesse ano realiza uma execução pelo norte do país com muito sucesso.

    A 7 de setembro nasce sua filha Ítala Maria, que irá escrever sua biografia. Em 1883 inicia a composição da ópera ¨Lo Schiavo¨, com libreto de Rodolfo Paravicini, a qual estréia no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, sob o patrocínio da Princesa Isabel (a quem é dedicada) a 27 de setembro de 1889.

    Com a proclamação da República, a 15 de novembro desse ano, Antonio Carlos Gomes perde o apoio oficial que sempre obteve do Imperador Pedro II e, também a esperança de tornar-se diretor do Conservatório de Música do Rio de Janeiro, devendo, por isso, Ter de retornar a Milão a fim de, conseguindo novas encomendas, tentar acertar as suas já inúmeras dificuldades financeiras.

    É obrigado a desfazer-se de sua mansão e vai morar no apartamento da Condessa Cavallini, onde se põe a musicar um libreto, o ¨Cântico dos Cânticos¨ de Felice Cavallotti, que também permanece inconcluso. Em outubro de 1890 o Teatro Alla Scala lhe dá o encargo de musicar um libreto de Mario Canti. Em 21 de fevereiro de 1891 estréia a Odaléia¨.

    Doente e em situação financeira muito delicada, escreve seu último trabalho completo, o que ele próprio chamou Poema Vocal Sinfônico denominado ¨Colombo¨, um oratório em quatro partes para coro, solistas e orquestra, escrito para comemorar em 1892, o quarto centenário do descobrimento da América, sobre o poema de Albino Falanca.

    É estreado no teatro Lírico do Rio de Janeiro a 12 de outubro de 1892, representando um grande fiasco. Visita os EUA no ano seguinte na qualidade de membro da delegação brasileira à Exposição Universal Colombiana de Chicago. Na ocasião dirige um concerto lírico com trechos do ¨Il Guarany¨, ¨Salvator Rosa¨ e ¨Odaléia¨, com sucesso. Em 1894 recebe uma proposta de trabalhar pelo novo governo brasileiro republicano que concorda em lhe pagar 20000 libras, pela composição do Hino da Republica. Dizendo-se fiel ao Imperador deposto, e sobretudo, monarquista, recusa e não recebe o dinheiro. Em março de 1895 dirigiu em Lisboa, a encenação de ¨Il Guanary¨ no Teatro São Carlos. Foi nessa idade que recebeu sua derradeira homenagem: a condecoração, pelo rei Carlos , com a Ordem de São Tiago da Espada. Carlos Gomes recusa a direção da Escola de Música de Veneza, que lhe é oferecida e prepara-se para volta ao Brasil.

    A incurável doença na língua e garganta já bastante avançada, quando chega ao Pará. Toma a posse da direção do Conservatório em 1º de junho de 1896, vindo a falecer três meses depois aos 60 anos, vitimado pelo tumor maligno. A data: 16 de setembro de 1896. Os funerais foram grandiosos.




    CRONOLOGIA

    1836 - Em 11 de julho nasce, em Campinas, Carlos Gomes, filho de Manoel José Gomes e Fabiana Maria Jaguary Cardoso. Apelidado de Tonico, inicia os estudos musicais aos dez anos, sob a supervisão de seu pai. Durante a adolescência apresentava-se com seus irmãos na banda do pai em bailes e concertos. Neste período, já compõe músicas religiosas e modinhas.

    1854 - Compõe sua primeira missa - Missa de São Sebastião.

    1857 - Compõe a modinha Suspiro d'Alma com versos de Almeida Garret. Fundação da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. No discurso de inauguração, José Amat enfatiza os objetivos da Academia: "A música não é absolutamente a mesma em todas as nações; sujeita às grandes regras da arte ,ela se modifica no estilo e no gosto em cada nação, segundo as inspirações da natureza do país, os costumes, a índole e as tendências do povo."

    1859 - Compõe a fantasia Alta Noite para clarinete. Apresenta-se, pela primeira vez, tocando piano, num concerto em Campinas, acompanhado de Henrique Luiz Levy. Faz uma tournée com o irmão violinista Pedro Sant'Anna Gomes, através das principais províncias de São Paulo, hospedando-se em repúblicas estudantis. Compõe o Hino Acadêmico, a modinha Tão longe de mim distante e a Missa de Nossa Senhora da Conceição.

    1860 - Muda-se para o Rio de Janeiro, contra a vontade de seu pai, e inicia seus estudos musicais no Conservatório de Música.

    1861- Apresenta sua primeira ópera com o libreto de Fernando Reis A Noite do Castelo no Teatro Lírico Provisório. Escreve uma carta para seu pai a fim de convidá-lo para a estréia.

    1862 - Compõe Joana de Flandres.

    1863 - Com o apoio do Imperador Pedro II, viaja para a Itália, berço da ópera e do belcanto, terra de Rossini, Verdi , Donizetti, Ponchielli.

    1864 - Chega à Milão. Devido à idade avançada, sua inscrição é recusada no Conservatório de Milão. Passa a ter aulas particulares de composição com o maestro Lauro Rossi.

    1866 - É aprovado no exame final de composição no Conservatório de Milão e recebe o título de Maestro. Compõe música para a revista Se sa minga, com texto de Antônio Scalvini

    1867 - Execução, no Teatro Fossati do Coro das Máscaras, da canção Fuzil em Agulha.

    1868 - Enquanto Inicia seus trabalhos para a ópera O Guarani, compõe várias peças de música de câmara, com textos de Scalvini. Escreve as músicas Nella Luna, La Moda.

    1869 - É recebido nos salões da Condessa Maffei, o que lhe abrirá as portas para sua apresentação no Scalla.

    1870 - Apresenta-se no Teatro Alla Scalla de Milão com O Guarani, baseada no romance de José de Alencar. No intervalo da récita, vende todos os direitos da ópera para o editor Francisco Lucca por 3.000 liras, que passa a lucrar com a ópera mais do que o próprio maestro.
    O Rei Vítor Manuel II o nomeia Cavaleiro da Coroa da Itália.
    Em razão das comemorações do aniversário de D. Pedro II, a ópera é encenada no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro. A apresentação se encerra com os gritos do público: Viva o Imperador! Viva Carlos Gomes! Viva José de Alencar!

    1871 - Escreve a opereta Telégrafo Elétrico e começa a trabalhar na ópera Os Mosqueteiros do Rei, que fica inacabada. Abertura da Exposição Industrial de Milão com O Guarani.Carlos Gomes é convidado para preparar a apresentação de O Guarani no Teatro Apollo em Roma. Em 16 de dezembro casa-se com a pianista Adelina Peri.

    1872 - Contando com a ajuda de seu amigo André Rebouças, apresenta-se no circuito dos grandes teatros com O Guarani: La Pergola (Florença); Carlo Felice (Gênova) Covent Garden (Londres); Teatro Municipal de Ferrara; Teatro Municipal de Bolonha; Teatro Eretenio (Vicenza); Teatro Social de Treviso. Termina de compor Fosca, e encarrega Antônio Ghislanzoni de escrever-lhe o libreto Marinella, mas abandona o projeto. Verdi assiste à récita de O Guarani.

    1873 - Nascimento do filho Carlos André e morte dos filhos Carlotta Maria e Manoel José. Estréia de Fosca no Scalla. A ópera foi duramente criticada na imprensa italiana, que a julgava impregnada do leitmotif wagneriano. Começa a compor Salvador Rosa, vendendo os direitos ao editor Giullio Ricordi.

    1874 - Primeira apresentação de Salvador Rosa no Carlo Felice de Gênova. Começa a trabalhar em Maria Tudor, com libreto de Arrigo Boito e Emílio Praga. Estréia de Salvador Rosa . Nasce o filho Mário.

    1876 - A pedido do Imperador Pedro II, compõe Saudação do Brasil, para ser apresentada nas comemorações do Primeiro Centenário da Independência dos Estados Unidos.
    Inicia uma nova ópera com libreto de Ghislanzoni, A Máscara, mas logo abandona o projeto.
    Apresenta Fosca no Teatro Colón de Buenos Aires, seguindo depois para apresentações no Rio de Janeiro.
    É nomeado Acadêmico do Instituto Musical de Florença.

    1878 - Inicia a construção da Villa Brasília, em Lecco. Escreve, para o Álbum musical do Trovador, a romança Corrida de Amor.

    1879 - A ópera Maria Tudor , encenada pela primeira vez no Scalla, é um fracasso. Começa a escrever a música para a ópera cômica em três atos, Ninon de Lenclos, que logo abandona, devido a uma forte depressão que o acomete após a morte de seu filho Mário. Muda-se para Gênova. Conhece Hariclé Darclée, tornando-se amantes.
    "Mário, subindo ao céu, aos cinco anos, me deixou na terra infeliz para toda a vida."
    A ópera O Guarani começa a rodar o mundo: Livorno, Milão, Turim, Moscou e Pittsburgh. Em dezembro, começa uma nova ópera, Palma, mais um projeto inacabado.

    1880 - Retorna ao Brasil na Excursão Lírica de Tomás Passini, visitando Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém. A companhia encena Salvador Rosa, O Guarani e Fosca. Compõe na Bahia o Hino do Centenário de Camões.

    1882 - Publica Álbuns de Música de Câmara. Trabalha em dois libretos: Emma de Catania e Leona. Nenhum será terminado. Volta ao Brasil para participar da Estação Lírica do Pará. Nasce a filha Itala.

    1883 - Organiza, em Milão, uma Companhia Lírica, e realiza nova temporada no Brasil.

    1884 - O Imperador lhe pede uma marcha para comemorar a libertação dos escravos no Ceará: Ao Ceará Livre. De volta a Lecco, compõe a modinha Conselhos. Trabalha em dois libretos de Ghislanzoni, Os ciganos e Oldrada, também projetos inacabados.

    1885 - Separa-se de Adelina Peri. Passa por graves dificuldades financeiras. A manutenção de Villa Brasília se torna onerosa.

    1886 - Sofre de grave crise nervosa, somente aliviada com ópio. Promessas para encenar Fosca, mas nenhum teatro concretiza o convite.

    1887 - Para pagar dívidas, vende a Villa Brasília com todos os móveis e objetos. Muda-se para um pequeno apartamento em Milão. Escreve Madrigal para a revista Cena Ilustrada. Morre Adelina e sua filha Itala vem morar com ele. Começa a trabalhar na ópera Morena, que também fica inacabada.

    1888 - Termina de compor O Escravo com argumento de Visconde de Taunay e libreto de Paravicini.

    1889 - De volta ao Brasil, apresenta O Escravo no Teatro Lírico, em homenagem à Princesa Isabel e à Lei Áurea. D Pedro II promete-lhe a direção do Conservatório do Rio de Janeiro; no entanto, a República é proclamada, não se realizando a promessa.

    1890 - Volta à Milão e vai morar no apartamento de propriedade da Condessa Cavalini, sua amante. Inicia a composição da ópera Cântico dos cânticos, não concluída.

    1891 - A ópera O Condor é encenada no Scalla. Faz parte, juntamente com Arrigo Boito, Bazzini e Catalani, da comissão julgadora para escolher o diretor de orquestra do Scalla. Morre D.Pedro II em Paris.

    1892 - Compõe o oratório Colombo em homenagem ao IV Centenário do Descobrimento da América. Solicita ao governo ajuda financeira para representar o Brasil na Exposição Universal Colombiana de Chicago. Viaja para Chicago, mas apresenta somente trechos de suas óperas, uma vez que as subvenções do governo não cobrem o custo das apresentações. Retorna à Milão com o filho Carlos doente.
    A apresentação de O Guarani em Chicago foi por água abaixo, pois o governo brasileiro não deu a subvenção esperada. No dia 7 houve apenas um concerto para convidados do mundo oficial daqui. Portanto, entrada grátis. Esperava fazer aqui um mundo de negócios, mas depois percebi a triste realidade! Neste país a arte é um mito. Os americanos não se interessam por nada que não seja uma novidade da vida prática, ou seja, o meio mais fácil de ganhar dólares! Carta de Gomes, escrita nos Estados Unidos, à Tornaghi.

    1893 - Representa Condor no Teatro Carlo Felice em Gênova.

    1894 - Concorre à cadeira de diretor do Liceu Musical Rossini, perdendo para Carlo Pedrotti. Trabalha em duas óperas, Kaila e Cântico dos cânticos. Assiste em Turim à estréia da ópera Manon Lescaut, de Puccini.

    1895 - Encena O Guarani em Lisboa e recebe, das mãos do Rei de Portugal, a Comenda de San Tiago. Recebe convites para dirigir a Escola de Música de Veneza e o Conservatório do Pará, porém, doente e disposto a livrar seu filho Carlos do serviço militar italiano, prefere partir para o Brasil.

    1896 - Já muito doente, chega ao Pará em abril. Morre em 16 de setembro.





    OBRAS

    ÓPERAS

    Colombo
    Poema vocal sinfônico em quatro partes, dedicado ao povo americano. Libreto de Albino Falanca. Estréia 12 de outubro de 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro.

    Condor
    Ópera lírica em três atos, dedicada ao comendador Theodoro Teixeira Gomes. Libreto de Mario Canti. Estréia no Teatro Alla Scala de Milão, Itália.

    Fosca
    Ópera em 4 atos, dedicada a José Pedro de Sant'Anna Gomes. Libreto de Antônio Ghislanzoni, baseado no romance La Feste delle Marie, de Luis Capranica. Estréia a 18 de fevereiro de 1873, no Teatro Alla Scala de Milão, Itália.

    O Guarani
    Opera-balé em quatro atos. Libreto de Antônio Scalvini, baseado no romance do mesmo título de José de Alencar. Estréia a 19 de março de 1870 no Teatro Alla Scala de Milão, Itália.

    Joanna de Flandres
    Ópera em quatro atos. Libreto de Salvador de Mendonça, baseado num argumento do próprio libretista e dedicado à S. M. Imperial D. Pedro II. Estréia a 15 de setembro de 1863 no Teatro Lírico Fluminense do Rio de Janeiro.

    Maria Tudor
    Ópera em quatro atos. Libreto de Emilio Praga extraído do drama de mesmo título de Victor Hugo. Estréia a 27 de março de 1879 no Teatro Alla Scala de Milão, Itália.

    A Noite do Castelo
    Ópera em três atos. Libreto de José Fernandes dos Reis, calcado na novela homônima de Antônio Feliciano de Castilho. Estréia a 4 de setembro de 1861 no Teatro Lírico Fluminense (provisório) do Rio de Janeiro. Dedicada à Francisco Manuel da Silva.

    Salvador Rosa
    Ópera em quatro atos, dedicada a André Rebouças. Libreto de Antônio Ghislanzoni extraído do romance Mansaniello de E. de Mericourt. Estréia a 21 de março de 1874 no Teatro Carlo Fenice de Gênova, Itália.

    O Escravo
    Ópera em quatro atos. Libreto de Rodolfo Paravicini, baseado num entrecho de Visconde de Taunay. Estréia a 27 de setembro de 1889 no Teatro Imperial D. Pedro II (Teatro Lírico) do Rio de Janeiro.


    MÚSICA DE CÂMARA

    Carlos Gomes ficou reconhecido internacionalmente como compositor de óperas. O que pouca gente sabe é que ele compôs a partir de um universo bastante diversificado, bem próprio de seu estilo, influências e contexto histórico. No seu repertório encontramos música sacra, modinhas, cantatas e operetas. Quando ouvimos suas modinhas nos lembramos de sua origem interiorana, das festas de salões em volta do piano, dos saraus lítero-musicais tão freqüentes no Rio e São Paulo do século XIX. Nas modinhas e canções de Carlos Gomes encontramos um pouco do lirismo francês e muito dos tons humorísticos das can

    Matheus_Strad
    Veterano
    # nov/04
    · votar


    canções italianas, sobretudo a forte presença do estilo verdiano, tão em voga no ensino musical da época. Da sua primeira fase, ainda como estudante de música, destacamos os títulos mais famosos: Hino Acadêmico e Quem Sabe? ambas de 1859. A grande parte dos textos musicados por Carlos Gomes eram de caráter romântico, realçando o estilo melodramático, típico das árias de salão. Carlos Gomes compôs cerca de 50 canções, entre românticas e humorísticas, melodias e temas com acentuada influência italiana, sem esquecer suas origens interioranas. Carlos Gomes é o retrato do Brasil no século XIX, o retrato ainda por fazer, de uma realidade inquieta cujas transformações foram decisivas para os séculos subsequentes. Uma época de dramas, paixões, alegrias e revoluções para a qual a sua música compõe uma trilha sonora perfeita.


    "Este jovem começa por onde eu termino." (frase atribuída a Verdi, referindo-se a Gomes)



    BIBLIOGRAFIA

    http://www.bn.br/fbn/musica/cgomes.htm
    http://www.wagnerbigal.hpg.ig.com.br/musica/compositores/carlos-gomes. html

    anonimo_83
    Veterano
    # nov/04
    · votar


    MUITO BEM LEMBRADO NOVAMENTE!

    MAS EU NAO ACHO Q ELE FOI TODA ESSA IDEALIZAÇÃO Q O BRASIL ATRIBUIU PRA ELE NA EPOCA NAO! NADA MAIS FAZIA DO Q SEGUIR MODELOS, E DE NADA AJUDOU EM NOSSA MUSICA, A NAO SER SE PROMOVER NA EUROPA, COM SUA MUSICA TIPICAMENTE EUROPEIA!

    E COM CERTEZA A SUA OBRA MAIS FAMOSA E MAIS CONHECIDA É O GUARANI! HEHEH!!!

    VAMOS RESGATAR ESSA GUARDA DA MUSICA BRASILEIRA!? SE EU TIVESSE CORAGEM IRIA DIGITAR SOBRE JOÃO GOMES DE ARAÚJO, MARIA PETROWNA, HENRIQUE ALVEZ DE MESQUITA, ELIAS ÁLVARES LOBO, BRAZÍLIO ITIBERÊ DA CUNHA, ALEXANDRE LEVY, ALBERTO NEPOMUCENO, SAUDOSO ERNESTO NAZARETH, LEOPOLDO MIGUÉZ, ANTÔNIO FRANCISCO BRAGA, GLAUCO VELASQUEZ E ETC! SEM CONTAR OS CONTEMPORANEOS!

    OUTRA COISA! ACHO A OBRA DE PADRE JOSÉ MAURÍCIO, MUITO MAIS BRASILEIRA DO Q A DE CARLOS GOMES, MESMO SENDO ESTA NA SUA MAIOR PARTE, DE CARATER SACRO!
    NAO SE ESQUEÇA DELE MATHEUS! HEHEHE

    ABRAÇOS!

    Matheus_Strad
    Veterano
    # nov/04
    · votar


    Balbino:

    Sabe, bem citado por vc o Pe. José Maurício, um homem que sofreu preconceito na carne, por ser filho de negra com português. Ele foi considerado pelo compositor austríaco Sigsmund Neukomm "o mais distinto dos discípulos de Joseph Haydn", o qual o padre é fã e alto conhecedor de suas obras, sem nunca ter estudado fora do país, o que tb era motivo de revolta dos músicos portugueses da época que residiam no Brasil. Como poderia um mulato dirigir a Capela Real? Puro preconceito!!! Certa vez em Paris, Sigsmund Neukomm destacou "Ah! Os brasileiros nunca souberam o valor do homem que tinham, valor tanto mais precioso, pois era fruto dos próprios recursos."

    Sem dúvida os outros compositores brasileiros citados por você tiveram papel importante na música. Porém não alcançaram renome internacional, como Carlos Gomes, ou e principalmente, Heitor Villa-Lobos. Alguns dos citados por vc encontram divergências sobre o estilo musical ser popular ou erudito, como no caso de Nazareth, o fixador do tango-brasileiro, alguns consideravam seu gênero popular, outros erudito. Ah quem descrevesse sua música como popular mas com conteudo erudito. Seu repertório para piano faz parte dos programas de ensino tanto do estilo erudito quanto popular, uma vez que Nazareth foi uma figura que atuou no limite entre esses dois universos. Certa vez, Villa Lobos, que foi admirador seu, descreveu sua obra com "tendências francas para a composição romântica, pois Nazareth era um fervoroso entusiasta de Chopin." Popular ou erudito, sua Nazareth é uma das mais notáveis figuras da nossa música.

    Se tratando de Carlos Gomes, que é o tema deste tópico, tenho a dizer que ele foi um seguidor de Verdi, assim como Arrigo Boito, Mascagni, Leoncavallo, Puccini, Giordano, Zandonai, embora nenhum alcançando tamanha maestria de Verdi.
    O fato é que a música erudita perdeu espaço hoje em dia, hoje em dia os Teatros não são mais obrigados a apresentar obras novas, como era a 100 anos. Se limitam a apresentar obras antigas, quando apresentam. Os compositores de música erudita contemporâneos estão, quase em sua totalidade, ligados a universidades, para conseguirem sobreviver. A música erudita se enfraqueceu e isso talvez explique o porquê de Carlos Gomes ter sido o maior. Ele foi o único e último brasileiro que investiu e fez carreira, internacional inclusive, composto óperas. Tente se lembrar se você viu alguma outra ópera brasileira, estourando em algum Teatro, atualmente?! Infelizmente não. Falta valorização, investimento, neste gênero musical. A cultura brasileira buscou outros caminhos, difícil de enteder, mas difícil de explicar. Há ótimas composições e compositores eruditos atuais, porém estão escondidos, é preciso procurá-los, eles já não enontram mais espaço para nos procurar...

    Abraço!

    anonimo_83
    Veterano
    # dez/04
    · votar


    Falou e disse!!!

    Muito bem argumentado!

      Enviar sua resposta para este assunto
              Tablatura   
      Responder tópico na versão original
       

      Tópicos relacionados a ANTONIO CARLOS GOMES:MAIOR OPERISTA DO BRASIL