WILHELM RICHARD WAGNER: TEATRO OU MÚSICA?

    Autor Mensagem
    Matheus_Strad
    Veterano
    # out/04


    WILHELM RICHARD WAGNER
    (1813-1883)


    Richard Wagner nasceu em 22 de Maio de 1813 em Leipzig, na Saxônia, leste da Alemanha. Sua mãe Johanna era casada com Karl Friedrich Wilhelm, oficial de polícia, que morreu poucos meses após o nascimento de Richard, em Novembro. Logo depois Johanna se casa novamente com Ludwig Geyer, ator e pintor. Não se sabe ao certo de qual dos dois Wagner era filho, sendo que ele inclusive usou o nome Richard Geyer até os 15 anos.
    Desde pequeno interessou-se por teatro, música e literatura. Decidiu-se pelo estudo da música, mas o teatro e a literatura acompanharam-no em toda a sua obra.
    Começou a estudar música aos 11 anos. Não chegou a ser um virtuose, mas tornou-se um grande compositor e maestro, escrevendo inclusive os libretos de suas óperas.
    Estudou piano com Gottlieb Muller e contraponto com C. T. Weinling.
    Era autodidata. Aos treze anos, em suas horas de ócio, traduziu os doze primeiros volumes da Odisséia. Lia Shakespeare em traduções alemãs e conhecia, de cor, a ópera de Weber, Der Freischütz. Estudou também a obra de Beethoven.
    Interessou-se pela filosofia romântica. Era leitor assíduo de Schopenhauer.
    Em 1831 ingressou na faculdade de Leipzig, mas não se formou. Após largar a faculdade assumiu, em 1833, o posto de diretor do coro da pequena companhia de óperas em Würzburg, na Baviera, onde escreveu sua primeira ópera, As Fadas, que só foi apresentada ao público após a sua morte.
    Em seguida tornou-se diretor musical de uma companhia teatral em Königsberg.
    Em 24 de Novembro de 1836 casou-se com Minna, a cantora Guilhermina Planner. Nesse mesmo ano compôs A Proibição de Amar. Tiveram um casamento desastroso e marcado por infidelidades de ambos os lados. Quando a esposa se lamentava, fazia-a calar com estas palavras: "As suas aflições serão, por fim, recompensadas com a minha fama".
    Em 1837 aceitou o posto de diretor musical do teatro de Riga, na Letônia.
    Em 1839 partiu de navio para Londres e depois para Paris, onde estreou sua primeira obra importante, Rienzi, que lá não fez o menor sucesso, mas foi muito bem aceita em Dresden.
    Lá em Paris compôs também O Navio Fantasma - sobre a lenda de um holandês errando pelos mares e sua redenção pelo amor de uma mulher.
    Após três anos, retornou à Alemanha estabelecendo-se em Dresden no posto de maestro da corte, onde compôs a obra-prima Tännhauser (1843), de estilo convencional mas de forte dramaticidade.
    Em 1848 começou a compor o ciclo O Anel dos Nibelungos e só concluiu em 1874, um projeto grandioso com 18 horas de música e composto por quatro óperas interligadas: O Ouro do Reno, As Valquírias, a obra mais forte de Wagner do ponto de vista dramático, Siegfried e Crepúsculo dos Deuses.
    Depois de participar da Revolução de Maio de 1849, influenciado pelas idéias do francês Proudhon, e ter sido decretada contra ele uma ordem de prisão, partiu para Weimar, onde foi ajudado por Listz, depois exilou-se em Zurique, onde escreveu suas teorias sobre a arte: A Obra de Arte do Futuro (1850) e Ópera e Drama (1851).
    Em seu exílio na Suíça, apaixonou-se por Mathilde Wesendonck, mulher de Otto Wesendonck, dono da casa em que vivia. Em 1859 o maestro descobriu o romance e Wagner teve abruptamente que deixar Zurick, indo novamente para Paris.
    Mathilde inspirou Tristão e Isolda, uma tragédia de amor, cujo cromatismo de sua música foi o precursor da música contemporânea. Sua audácia musical influenciou Mahler, Debussy e Schoenberg.
    Em Paris envolveu-se com prejuízos financeiros. Wagner passou décadas de aperto e sofreu muito com isso, pois adorava todos os prazeres que o dinheiro comprava. Vivia pedindo dinheiro aos amigos. Chegou depois a fazer uma pequena turnê pela Rússia para sobreviver até ser salvo pelo Rei Ludwig II.
    Em 1864 o Rei Ludwig II da Baviera que tinha acabado de assumir o trono com 19 anos, mandou uma mensagem para Wagner, de quem era grande admirador, oferecendo-lhe suporte financeiro. Foi então para Munique. Acabaram-se assim seus problemas financeiros.
    Apaixonou-se por Cosima von Bülow, filha de Listz e esposa do maestro Hans von Büllow. O ruidoso caso levou Wagner a deixar a Baviera. Cosima deixou o marido e mudaram-se para Tribschen, Suíça, onde tiveram dois filhos antes do casamento em 25 de Agosto de 1870 (Minna já havia morrido em 1866 e Cosima tinha conseguido o divórcio). Continuou recebendo ajuda do Rei, apesar das críticas que Ludwig II recebia pela sua prodigalidade com Wagner.
    Em 1867 compôs Os Mestres Cantores de Nuremberg em que exaltou o passado renascentista alemão. Uma ópera alegre cuja abertura é uma obra-prima.
    Em 1872 fixaram residência na Villa Wahnfried em Bayreuth, cidadezinha na Alta Francônia, a meio caminho entre a Baviera e a Prússia.
    Lá, no alto da "Colina Verde", construiu o TEATRO BAYREUTH exclusivamente para apresentar suas obras. Seguiu o modelo do teatro grego, concebido para unificar gestos, luz, cenário, figurino e música. Em suas montagens, a orquestra permanecia invisível para o público, transformando a cena numa emanação da música e criando um clima mágico com fortes efeitos cênicos.
    O "Templo da Arte Erudita" contou com a ajuda financeira de Ludwig II, do Kaiser Guilherme, de inúmeras "sociedades Wagner" e inclusive de D. Pedro II, que o admirava e era um mecenas da arte, um dos mais cultos e eruditos monarcas de seu tempo.
    Certa vez Wagner mandou para D.Pedro II uma carta, um livro e algumas obras. Foi então por ele convidado para ir ao Brasil, mas a viagem não se concretizou.
    Em 1876 realizou-se o I Festival de Bayreuth - Festspielhaus. Até hoje esse festival se realiza todos os anos, atraindo multidões entre 25 de julho e 28 de agosto.
    O Teatro Bayreuth vem sendo administrado até hoje pelos descendentes de Wagner.
    Suas obras eram chamadas por ele de Dramas Musicais, e não de ópera. Seus enredos tinham como tema a mitologia germânica e escandinava.
    Todos os elementos dos dramas musicais de Wagner - a orquestração, o acompanhamento vocal, as palavras, o cenário, o enredo - entrelaçam-se num modelo integral e exato, diferente das óperas tradicionais que eram divididas em ária tal, coro tal etc., em que a orquestra era mera acompanhante.
    A orquestra transforma-se inclusive em narradora e comentarista através dos leitmotivs, refrões de harmonia e melodia identificando as personagens, bosquejando as paisagens e emprestando à música uma personalidade concreta e reconhecível. Refletem também não só as mutáveis emoções da personagem como também a luz e as sombras que projeta sobre ela.
    O leitmotiv foi usado pela primeira vez na ópera Lohengrin em 1848, seu primeiro drama musical.
    Esse novo papel da orquestra unificando todos os elementos e a força dramática de suas obras, apesar dos libretos terem versos lamentáveis, caracterizam a expressão artística de Wagner, tornando suas óperas envolventes.
    Esse homem de apenas 1,66m e cabeça achatada acreditava que sua música teria um efeito revolucionário que fosse capaz de educar e formar um novo homem através da criação de uma identidade coletiva. Sua arte tinha uma estética assim, moralizante. Suas idéias eram semelhantes às do futuro nacional-socialismo de Hitler. E também seu caráter. Era anti-semita. Sua música foi a preferida dos nazistas.
    Após a estréia de Parsifal, sua útima obra que é o resumo de sua filosofia pessimista e sua religiosidade meio budista, vai passear em Veneza com Cosima.
    Lá morre do coração, no auge da fama, em 13 de Fevereiro de 1883. Foi sepultado em sua casa em Bayreuth, num túmulo por ele mesmo preparado.





    CONHECENDO SUA PERSONALIDADE

    Um multidão de fãs, animados com um fervor quase religioso, sobe as pequenas e estreitas ruas da cidade de Bayreuth, na Alemanha, em direção ao teatro localizado no alo de uma colina. Estão dispostos a qualquer sacrifício para participar de um festival de música. Realmente não é fácil: os ingressos precisam ser reservados com nada menos de cinco anos de antecedência. Não há cambistas, e as bilheterias só vendem um ingresso por pessoa. O motivo desta peregrinação não é nenhum grupo de rock'n'roll ou algum artista pop. Ao contrário, Bayreuth é um templo da arte erudita, e todo o movimento ao seu redor é motivado por um único nome: Richard Wagner.

    Wilhelm Richard Wagner é um nome que desperta os mais contraditórios sentimentos, exceto indiferença. Criador do Drama Musical, também chamado, por ele mesmo, de "obra de arte total", Wagner lançou as bases para a dissolução do sistema harmônico tonal. Ao mesmo tempo, seus escritos sobre arte, cultura e política causaram uma seleuma jamais vista. Foi revolucionário e monarquista; era anti-semita, o que não o impedia de ter amigos judeus; admirava a arte musical italiana, mas criou um tipo de música que derrubou a supremacia da ópera italiana na música vocal. Megalomaníaco, não hesitou, em sua autobiografia, para criar uma imagem heróica, à beira da perfeição. Acreditava que depois de sua obra a música nunca mais seria a mesma - e estava certo.

    O primeiro paradoxo de Richard Wagner é justamente seu nascimento. É curioso notar que o compositor preferido de Hitler, aquele cujas músicas eram a trilha sonora das reuniões do Partido Nazista em Nuremberg, talvez tenha sido filho de um judeu. A questão é deveras complicada, e não existe, nem entre os mais eminentes biógrafos, uma resposta conclusiva. Além disso, toda a questão transcorre muito rapidamente, no intervalo de pouco mais de um ano:

    Richard Wagner nasceu a 22 de maio de 1813, em Leipzig, filho, ao que tudo indica, de Karl Friedrich Wilhelm Wagner. Todavia, este faleceu poucos meses depois, em 23 de novembro. Quase imediatamente sua mãe se casa com o ator e pintor Ludwig Geyer. Alguns autores insinuam que Johanna, mãe de Wagner, já era amante de Geyer, de modo que seu filho Richard Wagner seria na realidade filho de Geyer. Existem provas suficientes tanto para provar como para refutar essa hipótese mas, fato curioso, Wager, até os quinze anos de idade, usava o nome de Richard Geyer.

    ENTRE A MÚSICA E O TEATRO

    Desde pequeno Wagner mostrava um duplo pendor artístico, voltanto-se tanto para o teatro quanto para a música. Não é de estranhar, portanto, que sua obra tenha sido uma fusão dessas duas formas. Decidiu-se pela música, sem no entanto abandonar a literatura e o teatro. Não foi um garoto prodígio, mas sua inteligência e capacidade dinâmica revelaram-se desde pequeno, quando montava pequenas peças com a própria família. Além disso, o sentido teatral nunca lhe escapou, e Wagner não perdia uma oportunidade de, mesmo em seus escritos, apresentar-se como o herói - como em uma ópera.

    Aos onze anos começou a estudar música; um pouco tarde para ser um instrumentista, mas ainda a tempo de se tornar um compositor. Com dezoito anos já escrevia suas primeiras peças musicais, e aos 21 completou sua primeira ópera, "As Fadas". Todavia, foi seu segundo trabalho operístico, "A proibição de amar" o primeiro a ser levado à cena, em 1836. Nesse mesmo ano casou-se com a cantora Christine Planner, conhecida como "Minna". O casamento, turbulento, atribulado e marcado por infidelidades de ambos os lados, sustentou-se por um longo tempo.

    Pouco depois do casamento, Wagner aceitou o posto de mestre-de-capela na pequena cidade de Riga, na Rússia. Ficou lá até 1839, quando decidiu tentar a sorte na França. Em sua bagagem, levava os manuscritos de sua primeira obra importante, Rienzi, para ser encenada na capital francesa. Todavia, apenas desgostos o esperavam: suas obras não fizeram o menor sucesso, e ele retornou, em 1842, à Alemanha. Estabeleceu-se em Dresden, no posto de diretor artístico.

    O APOIO REAL A UM ANARQUISTA

    Enquanto esteve nesse posto, Wagner começou a colocar em prática suas idéias estéticas e musicais, o que pouco a pouco exasperou as autoridades musicais do principado. Além disso, Wagner estava ligado a grupos anarquistas, o que contribuía para que ele fosse pouco querido pela nobreza local. A gota d'água foi a Revolução de 1848, à qual o músico esteve diretamente ligado. Suas relações com os rebeldes resultaram em um exílio de doze anos.

    A atribulada vida pessoal não o impedia de criar. Assim, vagando pela Europa ou estabelecido em algum lugar, continuava compondo as obras que lhe garantiriam lugar na posteridade: O Navio Fantasma, 1843, Tannhauser, 1845, Lohengrin, 1850, Tristão e Isolda, 1865. Os Mestres Cantores de Nuremberg, 1868. Fora isso, desde 1848 vinha trabalhando em um projeto grandioso: quatro óperas interligadas, em um gigantesco ciclo conhecido como "O Anel dos Nibelungos", cuja composição arrastou-se por quase trinta anos, resultando em nada menos que dezoito horas de música.

    Em seu exílio, na Suiça, apaixonou-se por Mathild Wesendonck, mulher de Otto Wesendonk, na casa de quem vivia. Há muito rompera com Minna, mas esta não lhe dava sossego. Em 1859 foi novamente para Paris, onde ficou até 1862. Essa segunda temporada em nada contribuiu para melhorar a imagem que tinha dos franceses. Uma excursão pela Rússia garantiu-lhe meios de sobreviver, mas a situação continuava crítica.

    Um lance teatral, bem ao gosto de Wagner, viria reverter toda essa situação. Em 1864, quando suas dívidas chegavam ao auge e ele não tinha mais para onde fugir, recebeu uma mensagem do rei Ludwig II da Baviera, oferecendo-lhe proteção, uma vida estável e tranquila. Como num passe de mágica, todos os problemas se acabaram.

    A CASA DOS FESTIVAIS

    Livre de dívidas e preocupações, Wagner pode dedicar-se ao projeto do "Anel", que estreou em 1876. Entrementes, surgiram problemas com a corte da Baviera, que censurava o rei por sua prodigalidade com Wagner. No campo pessoal, Minna havia morrido, mas o compositor estava apaixonado por Cósima Von Buelow, filha de Liszt, e esposa do famoso maestro Hans Von Buelow. O ruidoso caso levou Wagner a deixar a Baviera, mas Ludwig II não se esqueceu dele, e o compositor pode continuar levando uma vida tranquila.

    Uma vida tranquila, porém, não satisfazia Wagner. Ele queria mais. E resolveu colocar em prática uma antiga idéia: construir um teatro para a execução de suas próprias obras. Com o apoio de Ludwig II e de inúmeras "sociedades wagner" fundadas por toda a Europa, o músico construiu, na pequena cidade de Bayreuth, a meio caminho entre a Baviera e a Prússia, foi escolhida para sediar a "Casa dos Festivais". Finalmente, em 1876, realizou-se o I Festival de Bayreuth, que continuam, até hoje, atraindo multidões. Na estréia estavam presentes, além de Ludwig II, o Kaiser Guilherme e o Imperador do Brasil, um dos mais cultos e eruditos monarcas de seu tempo, D. Pedro II.

    Após a consagração, Wagner diminuiu seu ritmo, mas não abandonou o trabalho: em 1882 estreou sua última obra, Parsifal. Viajou para a Itália, de férias, e estava em Veneza, cidade que muito admirava, quando uma síncope o matou, em 13 de fevereiro de 1883.

    OBRAS


    Para o ouvinte iniciante, não há como deixar de recomendar algum CD que reúna as principais aberturas e prelúdios de Wagner. Certamente o ideal seria conhecer a ópera completa, de preferência com um libretto traduzido, ou, na pior das hipóteses, uma boa sinopse. Mas, como isso é meio difícil, uma coletânea de aberturas e prelúdios já basta. Obrigatoriamente devem constar as aberturas de O Navio Fantasma, Tannhauser, Lohengrin, Tristão e Isolda, Os Mestres Cantores de Nuremberg e Parsifal.

    Em muitas lojas é possível encontrar "Highlights", "Trechos Selecionados" ou "Trechos Escolhidos" de alguns dramas musicais. O ideal, mais uma vez, seria evitar esse tipo de mutilação, mas, na falta de coisa melhor, serve.

    É preciso notar o seguinte: enquanto na ópera tradicional existe uma divisão clara entre os números que a compõe - "ária X", "coro Y", "balé z" - em Wagner essa divisão inexiste. Suas obras - que ele preferia chamar de Dramas Musicais, e não de óperas - são contínuas, não são divididas, de modo que é muito difícil separar a contento uma "ária tal" ou "coro tal". Como é impossível indicar todos as gravações disponíveis nesses excertos, limito-me a indicar bons maestros. O insuperável regente de Wagner foi Mahler, mas não existem gravações dele. Assim, sobra Karajan, ainda hoje um clássico imbatível, Furtwangler, e, atualmente, Daniel Baremboin. Mas, de qualquer forma, fica ao gosto pessoal do ouvinte.


    PARA CONHECER MAIS SOBRE DUAS DE SUAS PRINCIPAIS ÓPERAS: “OS MESTRES CANTORES” E “LOHENGRIN”, CLIQUE NOS LINKS ABAIXO:

    http://www.projetomusical.com.br/compositores/index.php?pg=wagner_obra 01
    http://www.projetomusical.com.br/compositores/index.php?pg=wagner_obra 02


    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

    http://www.projetomusical.com.br/compositores/index.php?pg=wagner
    http://planeta.terra.com.br/arte/compositores/wagner.html

    Emerson Guita
    Veterano
    # out/04
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    Posta algo sobre Chopin cara!!! Se fzer eu agradeço.

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