Em música Erudita, A Fama reflete a qualidade?

    Autor Mensagem
    The Root Of All Evil
    Veterano
    # fev/10


    Tanto pra compositores quanto pra intérpretes.

    Diferentemente da maior parte da música popular, é possível tranquilamente constatar que o público da música erudita é mais crítico quanto o que ouve.
    É sabido que em música popular, esta relação sugerida no título do tópico não é verdadeira, sendo a fama consequência de vários outros fatores que não necessariamente remetem a nenhum tipo de qualidade.


    Independentemente se você concorda com o que foi dito acima ou não, na sua opinião, podemos dizer que os músicos mais famosos são os de maior qualidade?

    Por exempo, o maestro Karajan é muito famoso no mundo inteiro, é correto dizer que isto é devido à qualidade diferencia de sua regência?

    Ou então, o famoso violinista Itzhak Perlman, um dos mais famosos da atualidade, seria esta fama devido à qualidade de suas interpretações?

    Extrapolem isto para os compositores e vamos discutir sobre isto.

    Alvaro Henrique
    Veterano
    # fev/10
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    Mais-ou-menos, Root...

    O problema é que a coisa não é tão "pura" assim. Mesmo com provincianismos à parte, um compositor alemão a tende a ser mais querido do público alemão, um italiano do público italiano, etc., e com frequência a voz de países diferentes não têm a mesma força.

    Por exemplo, hoje a América Central está muito bem quista na composição, mas tenho certeza que aqui mesmo no Brasil muita gente abre um sorriso maldoso quando se fala na existência de grandes compositores Costa-riquenhos.

    Além disso, até os anos 90 havia uma divulgação intensa dos maiores nomes da música erudita. Ninguém da geração que veio depois teve o mesmo holofote que essa turma. Por isso que maestros que revolucionaram a forma de tocar, como Nikolaus Harnoncourt, hoje só são conhecidos por connoisseurs.

    Mesmo na cena operística, que funciona um pouco menos dependente do mercado fonográfico a coisa se verifica. Cecilia Bartoli é uma das maiores cantoras da história, mas quem não vai á Ópera de Zurich ou outras grandes salas provavelmente não sabe nem pronunciar seu nome corretamente.

    Em resumo: no atual cenário histórico em que vivemos, não existe esse negócio de "música pela música". Na pós-modernidade toda avaliação de gosto e identidade é influenciada por fatores sociológicos e midiáticos. Mesmo o grupo menos influenciado pela mídia ainda é influenciado o bastante para impossibilitar a exclusão da influência da "opinião pública" (ou seja, a opinião da mídia) sobre a "opinião individual" (a de cada pessoa).

    Ken Himura
    Veterano
    # fev/10
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    Isso sem falar nos marketeiros. Joshua Bell, por exemplo, tem muito marketing atrás. É um excelente violinista, mas tá longe de ser o novo Heifetz como tem gente falando.

    The Root Of All Evil
    Veterano
    # mar/10
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    Alvaro Henrique

    Excelente post! Matou tudo logo na saída ehehehehe, da próxima vez espera uns 10 posts.

    Brincadeira, valeu ai, cara!

    Ken Himura

    Isso sem falar nos marketeiros. Joshua Bell, por exemplo, tem muito marketing atrás. É um excelente violinista, mas tá longe de ser o novo Heifetz como tem gente falando.



    AHahahaha não sei por que, mas sabia que ele seria citado no tópico.

    james_the_bronson
    Veterano
    # mar/10
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    The Root Of All Evil
    Diferentemente da maior parte da música popular, é possível tranquilamente constatar que o público da música erudita é mais crítico quanto o que ouve.

    Por quê???[/The Root Of All Evil]

    Curly
    Veterano
    # abr/10
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    The Root Of All Evil

    já ouviu ?

    http://www.youtube.com/user/MrNirmanakaya

    McBonalds
    Veterano
    # abr/10
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    Bom, eu posso falar da minha área, que é o canto erudito.

    A fama na maioria das vezes não tem nada a ver com a qualidade. Conheço muitos cantores que são muito conhecidos no Brasil e no exterior, mas que na verdade não cantam nada, cometem erros básicos de principiante e todo mundo aplaude mais pelo nome do que pela técnica.
    Acho que isso acontece mais por causa falta de qualidade dos professores do que pelo marketing da "indústria da música", vamos dizer assim.

    Guguminator
    Veterano
    # abr/10
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    Por isso que maestros que revolucionaram a forma de tocar, como Nikolaus Harnoncourt, hoje só são conhecidos por connoisseurs.

    Não é verdade, segundo uma lista no livro "Maestros, Obras-Primas e Loucura" de Norman Lebrecht, Harnoncourt aparece no 19º lugar dos 20 artistas eruditos mais vendidos, com 10mi de discos vendidos, na frente do grande Haitink e empatado com Barenboim, Ozawa e Zubin Mehta.

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    Acho que a fama reflete em qualidade de forma mais convincente na música erudita do que na popular, o próprio Karajan é um exemplo disso, é excelente intérprete.

    Alvaro Henrique
    Veterano
    # abr/10
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    Guguminator, você poderia postar essa lista que você citou?

    Guguminator
    Veterano
    # abr/10 · Editado por: Guguminator
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    1- Karajan - 200mi
    2- Pavarotti - 100mi
    3- Solti - 50mi
    4- Arthur Fiedler - 50mi*
    5- Bernstein - 30mi
    5- Maria Callas - 30mi
    5- James Galway - 30mi
    5- Plácido Domingo - 30mi
    5- Neville Marriner - 30mi
    10- José Carreras - 24mi*
    11- André Kostelanetz - 20mi*
    11- Ormandy - 20mi
    11- Toscanini - 20mi
    14- I Musici - 12mi
    15- Seiji Ozawa - 10mi
    15- Zubin Mehta - 10mi
    15- Barenboim - 10mi
    15- Harnoncourt - 10mi
    19- Haitink - 7~8mi

    * Contém aditivos não-eruditos
    ------------------------------------------

    Página 159 na edição brasileira

    Die Kunst der Fuge
    Veterano
    # ago/11
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    Ken Himura

    Ae, cara, será que você poderia me citar alguns violinistas da atualidade que você mais gosta?
    Da atualidade eu quero dizer os que são famosos e não tem 50 anos ainda.

    Valeu!

    Ken Himura
    Veterano
    # set/11
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    Die Kunst der Fuge
    Bom, tem alguns:

    Emmanuele Baldini (spalla da OSESP, não sei quantos anos ele tem, mas não acredito que chegue a 40) - o cara é um monstro tocando, um tarado pela música, puta som que ele tem. http://youtube/CSol-Eh_Tbg (Paganini, Capricho 16)

    Luís Otávio dos Santos (39 anos) - um dos melhores intérpretes de barroco no mundo inteiro, discípulo do Sigswald Kuijken (outro monstro). O cara toca demais, é assombroso mesmo. Nunca vi nada parecido até agora. Vendo-o tocar, parece que é molezinha o violino. http://youtu.be/N4deohiJG6U (Vivaldi, Concerto em Sol menor op.8 no.8)

    David Garrett (31 anos) - tá, o cara é meio poser e tal (foi modelo de passarela até), mas é um monstro tocando, saiu da Julliard com mestrado se não me engano. Hoje em dia, ele tem tocado mais medleys de rock e pop e essas coisas, mas o cara tocando música de concerto é monstruoso também. http://youtu.be/0fToATj43Bo (Sarasate, Árias Ciganas)

    Edson Scheid (26 anos) - se pá, é o melhor jovem solista brasileiro atualmente. O primeiro brasileiro a gravar a integral dos 24 caprichos de Paganini e um dos poucos no mundo, gravou com 18 ou 19 anos, em 2003. http://youtu.be/e39WA79zeBE (Paganini, Capricho 1. O link leva pruma apresentação integral dos caprichos, dividos por partes).

    Tem outros também, como o Ricardo Amado (http://youtu.be/6kOkcF7NHDk , Bach, Concerto pra Violino e Oboé BWV1060), Felipe Prazeres ( http://youtu.be/2yPPK_oMr1U , R.Strauss - Uma Vida de Herói), Daniel Guedes ( http://youtu.be/kkjNZThhVsE , J.Williams, Tema da Lista de Schindler), mas não vou falar deles porque são todos daqui do Rio, vão falar que tô puxando sardinha hahaha.

    Die Kunst der Fuge
    Veterano
    # set/11
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    Ken Himura

    Vou dar uma ouvida nos citados, valeu pela lista!!

    Alguns comentários breves:

    David Garrett

    :OOOOO

    Felipe Prazeres

    Já o vi tocar várias vezes ehehe em uma vez foi como solista e também regendo, neste dia ele tocou, dentre outras coisas, o Concerto pra 4 violinos do Vivaldi, foi true!
    Nunca pensei que algum dia eu ia bater cabeça dentro da igreja.

    Daniel Guedes

    Cooool! Eu fui nesse concerto que você postou aí! \o\

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