Idade Relativa, 10.000 horas e Sucesso

    Autor Mensagem
    Cavaleiro
    Veterano
    # mar/11


    Estava lendo o livro Outliers do Malcolm Gladwell e algumas das temáticas chamaram a minha atenção.

    Uma é a idade relativa, eles constataram que a maioria dos jogadores de hóquei canndense na liga júnior (56%) havia nascido entre janeiro e março, depois repetiram o teste em outras modalidades e países onde a entrada para o time se dava em primeiro de janeiro e as estatísticas sempre eram semelhantes.

    Constataram que isso ocorria porque quando atingiam os nove ou dez anos, as crianças já chamavam a atenção dos técnicos e olheiros, e as que nasciam antes tinham uma diferença de quase um ano em relação as nascidas no final do ano, por exemplo, seu corpo era mais desenvolvido, embora fosse uma pequena vantagem, mas era crucial.

    Por causa disso, recebiam uma atenção especial com o dobro ou triplo do treinamento oferecido as outras crianças, e essa pequena vantagem se tornava uma vantagem absurda. O padrão sempre se repetia, se no esporte o time era registrado dia 1º de junho, a maioria dos melhores times e ligas eram nascidas em junho, julho e agosto e assim por diante.

    Outro ponto estudado foi o número de horas necessárias para se tornar um expert no assunto, chegaram no número de 10.000 horas.

    Mozart só fez seu primeiro concerto verdadeiramente aos 20 anos, com cerca de 10.000 horas de treino, Joy, fundador da Sun e um dos criadores da internet, teve 10.000 horas aos 20 anos ao acaso, pois estava no local certo e na hora certa, nem pretendia cursar computação, ocorreu o mesmo com Bill Gates, que participava de um encontro de férias anual organizado por sua mãe que era filha de um rico bancário acampado, e este acampamento foi um dos primeiros locais a obter um computador que não funcionava a cartão, que era um problema para quem pretendia programar, foi ali que Bill Gates teve contato desde cedo, que propiciou ter 10.000 horas de treino aos 20 anos de idade.

    O mesmo foi constatado nos principais concertos, os melhores alunos todos tinham cerca de 10.000 horas. Com o Beatles isso também ocorreu, quando eles foram para os EUA tiveram que começar em casas de Strip, e tinham que tocar por 8 horas seguidas, 7 dias por semana, isso propiciou que tivessem as 10.000 horas quando fizeram seus principais albuns.

    Infelizmente a grande maioria da população não tem condições ou pretensão de ter 10.000 horas em uma atividade até os 20 anos de idade, depois dificulta, com criação de família, envolvimento em outros tipos de atividade no trabalho.

    Recomendo a leitura, ele ainda fala sobre a não importância do QI, constatando que na média, os maiores gênios prematuros se dão tão bem quanto a média da população profissionalmente.

    Dissertem, ou não.

    O poder é de vocês

    Cavaleiro
    Veterano
    # mar/11
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    Ou não nada, dissertem porque deu trabalho.

    Viciado em Guarana
    Veterano
    # mar/11
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    Cavaleiro
    É tudo concidência.

    mateussch
    Veterano
    # mar/11
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    Legal.
    A das 10000 horas eu já sabia

    Cavaleiro
    Veterano
    # mar/11
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    Viciado em Guarana

    Na verdade não, porque estes foram os estudos preliminares, no caso da idade relativa foram feitos estudos com amostra relevantes estatisticamente e o padrão se manteve.

    No de QI, o estudo foi feito desde criança até a idade adulta e com as 300 crianças de maior QI do país se não me falha a memória.

    Cavaleiro
    Veterano
    # mar/11
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    Vale ressaltar que eles não fizeram com empresários tradicionais porque a questão dinheiro, status, nome de família e networking da família contam muito.

    Ken Himura
    Veterano
    # mar/11
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    Mozart só fez seu primeiro concerto verdadeiramente aos 20 anos, com cerca de 10.000 horas de treino
    É lenda.

    A parte sobre Mozart é mentira, e deslavada. Com 15 anos, ele já tinha 2000 obras completas compostas (entre concertos, sinfonias, sonatas e óperas) e já fazia turnês pela Europa se apresentando.

    Sobre as 10 mil horas de treino, já é uma teoria que caiu também. Um estudo que veio depois deste, constatou que 10 mil horas só fazem efeito se o estudo for de qualidade, ou seja, muito bem planejado e executado na maior parte do tempo. E não apenas partir pra repetição burra.

    Cavaleiro
    Veterano
    # mar/11
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    Ken Himura

    Quem disse que na verdade ele não tinha é o cara que escreveu o livro sobre ele e considerado maior estudioso no assunto.

    Ele disse que o Mozart fazia peças e adaptações de e/ou para outros concertos, sua primeira verdadeira composição foi aos 20 anos.

    Ken Himura
    Veterano
    # mar/11
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    Cavaleiro
    Quem disse que na verdade ele não tinha é o cara que escreveu o livro sobre ele e considerado maior estudioso no assunto.
    Duvido muito, toda hora aparece um "maior especialista em Mozart" pra contestar. Prefiro continuar com a opinião dos musicólogos de respeito que conheço.

    Zebreiro
    Veterano
    # mar/11
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    Constataram que isso ocorria porque quando atingiam os nove ou dez anos, as crianças já chamavam a atenção dos técnicos e olheiros, e as que nasciam antes tinham uma diferença de quase um ano em relação as nascidas no final do ano, por exemplo, seu corpo era mais desenvolvido, embora fosse uma pequena vantagem, mas era crucial.

    Por causa disso, recebiam uma atenção especial com o dobro ou triplo do treinamento oferecido as outras crianças, e essa pequena vantagem se tornava uma vantagem absurda. O padrão sempre se repetia, se no esporte o time era registrado dia 1º de junho, a maioria dos melhores times e ligas eram nascidas em junho, julho e agosto e assim por diante.


    Interessante.
    Um detalhe que se passa despercebido faz toda a diferença..

    Cavaleiro
    Veterano
    # mar/11
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    Ken Himura

    Na verdade a expressão foi um pouco equivocada, o correto seria essa afirmação:

    Gladwell cita o exemplo de Mozart, reconhecido como um grande gênio. Ele começou a compor em torno dos 7 anos e é verdade que conhecemos algumas boas peças escritas na época da sua adolescência. Mas as grandes sinfonias foram escritas após os 21, quando ele já acumulava bem mais de 10.000 horas de treinos, composições e apresentações.

    http://oliderdossonhos.wordpress.com/2009/05/25/mozart-beatles-gates-e -as-10-000-horas/

    Ken Himura
    Veterano
    # mar/11 · Editado por: Ken Himura
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    Cavaleiro
    Cara, exemplos que derrubam esta barreira dos 20 anos:

    *Com 17 anos, Mozart foi contratado como kappellmeister de Salzburgo.

    *Entre 15 e 19 anos, ele compôs todos os concertos de violino (5), o concerto pra fagote, 13 quartetos de corda, alguns quintetos de corda (que são considerados revolucionários), vários divertimentos e serenatas, algumas missas, 12 óperas e muitas outras coisas. Sem falar que ele era famoso por tocar quarteto com amigos, inclusive com Haydn.

    Claro que a melhor fase de Mozart é depois de 1779/80, mas é algo bem mais além que apenas às horas de treino. Envolve maturidade, desenvolvimento emocional, entendimento de seu próprio estilo pessoal e vários outros fatores.

    Ken Himura
    Veterano
    # mar/11
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    Quanto ao estudo das 10 mil horas, eu perdi o link que comparava a qualidade de estudo. Mas não tem problema

    O importante é alcançar esta marca com um estudo de alta qualidade, não fazendo qualquer coisa apenas por fazer.

    Bizet
    Veterano
    # mar/11
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    Interessante, mas não gostei do exemplo dos Beatles lá. O que eles faziam não tinha nada a ver com prática.

    Bog
    Veterano
    # mar/11 · Editado por: Bog
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    Cavaleiro

    Hehhe, eu faço aniversário na 2a metade de Dezembro. Era normalmente o mais novo da sala. E fisicamente eu realmente ficava em desvantagem, mas neste ponto a genética também teve seu papel - mesmo para a minha idade, eu era magrelo e baixinho. Sem contar que eu sempre tive meniscos discóides, estalos e dores no joelho... mas não sabia o que era o problema (não tinha ressonâncai magnética como hoje). Não me assusta que eu não gostasse de educação física, em esportes coletivos eu SEMPRE levava desvantagem. =P

    Kobberminer
    Veterano
    # mar/11
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    Concordo com tudo o que o Ken Himura disse. Sem fazer muita rasgação de seda, Mozart foi uma excessão em vários aspectos na História da Arte Ocidental. E de fato, não será um concerto que inaugurará a vida artística de alguém. Toda a bagagem musical de Mozart antes desse "concerto dos 20" já era bem extensa e pessoal.

    Porra, o maluco acha que é mais fácil compor 12 óperas do que um concerto, HAUaUAhauAH

    Cavaleiro
    Veterano
    # mar/11
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    Bog

    Eu sou de novembro, geralmente era um dos mais velhos da sala.

    Curiosamente, apesar de ser baixo e magro na época eu sempre levei jeito pra basquete e artes marciais.

    Esse estudo também é aplicado a escola, os alunos que recebem mais atenção são na verdade os mais dedicados, enquanto os que deveriam receber atenção, que são os que tem dificuldades, sofrem punições e são deixados ao relento. Então aqueles que se destacam desde cedo tendem a manter esse padrão e distanciar cada vez mais.

    Zebreiro
    Veterano
    # mar/11
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    Cavaleiro
    Esse estudo também é aplicado a escola, os alunos que recebem mais atenção são na verdade os mais dedicados, enquanto os que deveriam receber atenção, que são os que tem dificuldades, sofrem punições e são deixados ao relento. Então aqueles que se destacam desde cedo tendem a manter esse padrão e distanciar cada vez mais

    Essa cultura injusta tem toda sua raiz no capitalismo.

    Bog
    Veterano
    # mar/11 · Editado por: Bog
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    Post longo abaixo. Quem achar ruim, que não leia.

    Cavaleiro
    os alunos que recebem mais atenção são na verdade os mais dedicados, enquanto os que deveriam receber atenção, que são os que tem dificuldades, sofrem punições e são deixados ao relento

    Colocarei aqui dois pressupostos.

    Pressuposto 1: existe uma quantidade limitada de recursos (no caso, $ e atenção por parte dos educadores) para a quantidade de matéria prima (no caso, alunos).

    Pressuposto 2: qualquer que seja a causa (genética, vontade divina, formação durante a gestação, relação com o ambiente durante os primeiros anos de vida, etc), seres humanos têm potenciais diferentes e limites diferentes em atividades diferentes. Não quer dizer que "tem que ter dom" (que, por sinal é exatamente o que a hipótese defendida questiona), mas sim que a quantidade de atenção e esforço que cada aluno demanda para chegar a determinado nível é diferente.

    Tendo isso em mente, olhemos para dois extremos:

    Extremo 1: direcionar as atenções para aqueles que demonstram maior potencial.

    Desvantagens:
    - As diferenças nas condições iniciais tendem apenas a aumentar. Corre-se o risco de se criar (ou manter) uma sociedade elitista, onde existem os escolhidos e "o resto".

    - Potenciais escondidos sob uma casca grossa podem ser para sempre perdidos.

    Vantagens:
    - Maior probabilidade de se obter bons resultados com menos recursos, mesmo que para menos gente.

    - Sob determinadas condições, a existência de um certo número de líderes/inovadores/empreendedores beneficia mesmo aqueles que não puderam se desenvolver tão bem.

    Extremo 2: direcionar as atenções para aqueles que demonstram ter maior dificuldade.

    Desvantagens:
    - Os que recebem menos atenção precisam "esperar" e respeitar o ritmo dos outros. Corre-se o risco de se "nivelar por baixo".

    - Potenciais excepcionais podem se perder simplesmente porque as atenções estavam todas voltadas para aqueles que NÃO o tinham. Aqui cabe uma anedota. Conheci um cara superdotado. E digo superdotado mesmo. O sujeito aprendeu a ler SOZINHO aos 4 anos de idade, apenas associando os símbolos a sons. Os pais não quiseram estimular uma educação diferente para ele. O resultado é que ele não via graça na escola, que não tinha estímulos suficientes. Na faculdade e nos estágios, muitos professores não sabiam lidar com ele. O resultado é um cara que poderia estar inventando o próximo Google preso às convenções e a um emprego medíocre.

    Vantagens:
    - Menos desigualdade. Simples assim.

    Eu particularmente penso que, como em quase tudo na vida, o "certo" está em algum lugar entre os dois extremos. Não existe resposta fácil para qual a dose certa de atenção, mas eu creio que é importante ao mesmo tempo ajudar os menos favorecidos inicialmente E dar espaço para os que têm maior potencial dispararem na frente.

    Dito isso, seria muito hipócrita da minha parte defender algo próximo do segundo extremo. Fiz uma boa faculdade porque fui bem no vestibular, ou seja, eu fui favorecido porque demonstrei maior potencial. Os que demonstraram dificuldades foram "deixados ao relento", como você mesmo disse. Mais que isso: eu fiz doutorado no Japão porque ganhei uma bolsa. Muitos dos defensores do "atenção aos mais coitadinhos" criticam organizações que oferecem bolsas de estudo - em colégios particulares para bons alunos do ensino público, para estudar sem precisar tabalhar para bons alunos do ensino superior, para estudar em grandes universidades do exterior para bons alunos de mestrado/doutorado. O argumento é exatamente que, ao investir o dinheiro nos melhores alunos, você só está aumentando a distância entre eles e "o resto". As bolsas deviam ir para os alunos mais carentes, ou o dinheiro devia ser usado na educação dos que têm maiores dificuldades de acesso ao ensino. Ou seja, na visão deles, EU não devia existir.

    Kobberminer
    Veterano
    # mar/11 · Editado por: Kobberminer
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    Bog

    Eu li tudo o que voce escreveu, e concordo com algumas coisas sim, mas em essência eu ainda fico com uma frase que uma menina de classe-média desesperada para arranjar emprego e com estudo "normal" me disse:

    "Neste país, só quem é extremamente rico ou extremamente pobre consegue alguma coisa."

    Pobre pobre mesmo não paga luz, água, telefone, internet, ganha mil benefícios e não paga impostos diretos de jeito nenhum. Rico rico mesmo paga tudo isso porém é rico... tanto faz pra ele.

    Obs: tá andando muito com o fabrício92 voce...

    Bog
    Veterano
    # mar/11
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    Kobberminer
    "Neste país, só quem é extremamente rico ou extremamente pobre consegue alguma coisa."

    Eu não sou e nem nunca fui nenhuma das duas coisas. Tô ferrado! =S

    Hehehe, mas falando sério, eu acho que colocar as coisas desta forma é um pouco extremista. Eu preciso acreditar que estudo e esforço vão fazer alguma diferença. Do contrário, eu realmente estaria ferrado. =P

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