Não tomo banho há três dias: foi o contato mais próximo que mantive com o esquerdismo

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    Evil Hearted You
    Veterano
    # jul/10


    Negar-se ao banho é uma atitude de porcos esquerdistas.

    Também aproveito o tópico para apontar, já que ninguém o faz, o fim do OT. De besteiras que divertem a besteiras que irritam, o OT se tornou isso. Ou talvez toda a internet. Ou talvez sempre fosse assim e eu não havia notado... A propagação indiscriminada da besteira... A mais alta tecnologia mobilizada para o mais estúpido dos fins...

    Evil Hearted You
    Veterano
    # jul/10 · Editado por: Evil Hearted You
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    No mundo digital tudo aparenta se sucatear depois de um ano ou menos. Vejo ainda, no entanto, atualidade no texto a seguir, de há uma década, do tempo em que eu, molequinho bem-comportado de fundamental, assinava a pseudocientífica Super:



    Eu odeio a Internet

    A Internet é a propagação indiscriminada da besteira. A pretensa
    por Jerônimo Teixeira


    Jamais joguei paciência com um baralho de verdade. Se tentasse, nem saberia arranjar as cartas. Dei-me conta disso ao receber, tempos atrás, um e-mail com o título "Você é escravo da tecnologia quando...". A paciência sem baralho era apenas um dos itens de uma longa lista, e não o mais absurdo. Em todas as situações, havia esse efeito de desproporção e despropósito: a mais alta tecnologia mobilizada para o mais estúpido dos fins (se o leitor já jogou paciência no Windows, sabe do que falo). Quis recuperar o e-mail para citá-lo mais extensamente, mas não consegui: perdeu-se no meio de outras tantas e piores piadas, de correntes, de simpatias, de pirâmides, de abaixo-assinados e de inúmeras mensagens que eu deveria remeter a mais 100 pessoas para ganhar ações da Microsoft ou para salvar aquela menina de 8 anos que sofre de leucemia.

    A anedota resume meu recado: a Internet é a propagação indiscriminada da besteira. Alguém dirá que, com essa crítica à cyberabobrinha, estou abordando o problema pela periferia. Ocorre que os gurus da nova era – Nicholas Negroponte, do MIT, para ficar com um exemplo célebre – afirmam, com razão, que a internet não tem centro.

    Surge daí outra grande bobagem que se tem divulgado não só por fibra ótica, mas também por meio do velho e sujo papel de imprensa: a Internet democratiza o conhecimento. Se o leitor me perdoa a etimologia rasteira, direi que na verdade a rede tem muito demos para pouco cratos. Que poder efetivo uma página pessoal representa para seu autor? Na falta de um centro, somos todos periferia.

    A pretensa "teia do conhecimento" (expressão de Negroponte no livro A Vida Digital) é também um amontoado caótico da ignorância. Substância e trivialidade já conviviam no jornal, que na mesma edição pode abrigar o horóscopo prevendo um dia auspicioso para os nativos de Virgem e o artigo de fundo de um cientista sobre o Projeto Genoma. A dispersão da Internet, porém, anula uma dimensão que o jornal abrigou em tempos pretéritos: o confronto. Israelenses e palestinos, petistas e tucanos, pornógrafos e evangélicos, gremistas e colorados, punks e skin-heads – todos podem ter seu site. O internauta surfa – isto é, passa pela superfície – por todos sem que isso implique o mínimo compromisso ou mesmo interesse. A "harmonia mundial" (Negroponte, mais uma vez) que essa diversidade sugere é enganosa.

    Podemos jogar paciência sem baralho, mas ainda vivemos em um mundo prosaicamente físico no qual o hardware para abrigar nosso software segue inacessível para a maioria. No mínimo, ainda é cedo para se falar em uma revolução sem precedentes. Gutenberg apresentou sua famosa Bíblia em 1455, mas a imprensa como instituição pública levaria séculos para se desenvolver.

    Querem nos fazer crer que a velocidade das mudanças nunca foi tão rápida que agora o segundo vale pelo século. Nem mesmo essa sensação é nova: Flaubert, já no século XIX, dizia-se incapaz de entender a paisagem que via da janela de um trem. As novas tecnologias, por mais sofisticadas que sejam, não produzem mais tamanha perplexidade. A velocidade traduz-se simplesmente na histeria do upgrade – todos temos aquele amigo que nos humilha semanalmente com o último e mais rápido processador, a maior memória RAM, o modem mais veloz, o HD de maior capacidade. E que no entanto faz downloads cada vez mais demorados.

    Uma objeção previsível é a de que, afinal, eu uso a Internet. O presente texto foi produzido em Porto Alegre, onde moro, e transmitido via e-mail para a redação da SUPER, em São Paulo. E estou, admito, muito feliz de não ter que sair de casa em um dia frio para enfrentar fila nos Correios. Ainda assim, sustento o título aí em cima. Muita gente vai de carro todos os dias para o trabalho, mesmo detestando dirigir.

    Fico com as velhas bibliotecas de papel, cujo autoritarismo secular pelo menos não vende ilusões de igualdade tecnopopulista. "Livros e putas podem ser levados para a cama", dizia o filósofo alemão Walter Benjamin. Talvez um dia criem uma interface confortável (o laptop é desajeitado) para que nos conectemos da cama. Até aqui, a popularidade da Internet entre adolescentes e as patéticas salas de sex chat confirmam: os livros estão para as prostitutas como a Internet está para a masturbação.



    Jornalista, mestre em Teoria da Literatura pela PUC/RS, autor da novela As Horas Podres (Artes e Ofícios, 1997)

    Evil Hearted You
    Veterano
    # jul/10
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    Fiquem com Deus Todo-Poderoso, Nosso Senhor e Criador.

    _Felipe_Rock_n_Roll_
    Veterano
    # jul/10
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    Também aproveito o tópico para apontar, já que ninguém o faz, o fim do OT. De besteiras que divertem a besteiras que irritam, o OT se tornou isso. Ou talvez toda a internet. Ou talvez sempre fosse assim e eu não havia notado... A propagação indiscriminada da besteira... A mais alta tecnologia mobilizada para o mais estúpido dos fins...

    Ok, próximo...

    Crazy Batera
    Veterano
    # jul/10
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    Problema: internet
    Solução: desconectar

    ghostbastard
    Veterano
    # jul/10
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    Evil Hearted You


    então vc vai adorar esse livro, é sobre tudo o que vc disse aqui:

    http://i.s8.com.br/images/books/cover/img4/21500994_4.jpg


    apesar de não concordar com muita coisa que ele escreveu e de ter lido o livro com vontade de dar um sono no cara, é um bom livro.

    Bob do recife
    Veterano
    # jul/10
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    Evil Hearted You
    logout existe para solucionar esses problemas..

    adeus.

    remitheguy
    Veterano
    # jul/10
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    Evil Hearted You

    tentativa frustrada de se tornar uma lenda.

    vainãotchauvainãoadeus.

    Aced
    Veterano
    # jul/10
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    Evil Hearted You
    Não tomo banho há três dias: foi o contato mais próximo que mantive com o esquerdismo

    Acho que você teve contato com o porquismo.

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