Como compor musicas?

Autor Mensagem
Tchaikovsky
Membro Novato
# nov/13
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O tópico nem é tão antigo então.....

Eu gostaria muito de compor músicas, mas não sei como. Estou baixando o EzDrummer aqui e já tenho um programa para o piano (organ) para o baixo eu ainda estou procurando.

O Problema é..... Eu não tenho ideia nenhuma. Eu queria fazer tipo Uns rock experimental, rock alternativo que nem é difícil (comparado aos prog metal e prog rock). Eu até tenho umas idéias, mas são tudo nas aulas de Física e História , ai quando eu achego em casa eu esqueço tudo.

Eu já faço aula de Guitarra a uns 2 anos, não sou rápido e nem lerdo, mas isso não importa, pois não quero tocar coisas muito rápidas. Parte teórica eu não sei nada. Tipo, vou fazer uma música, mas não sei nenhuma sequência de acordes por exemplo. Vai, vou criar uma música em A.... ã, idai? Quais notas combinam com a tonalidade de A?

Tipo o esquema da minha música seria.

1º Uma intro nem muito extensa mas nem curta.
2º A parte dos vocais, que seria as estrofes, mas não quero nenhum refrão.
3º um solinho bem legal, nada rápido, mas nem lento, algo com u msom bem ambiente também.
4º Um som ambiente, mas que fique no instrumental.

Esse seria o estilo das minhas músicas, claro que podem sair do padrão.

Thiago Livgren que toca mais ou menos
Membro Novato
# nov/13 · Editado por: Thiago Livgren que toca mais ou menos
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Tchaikovsky
Uma das coisas importantes, que é a estrutura, vc tem.

Pesquisa umas músicas (cifras, tabs, e.t.c.) das bandas que vc curte (que vc quer que te influenciem), e tenta fazer parecido. Assim vc vai aprendendo.

Quanto ao lance da progressão de acordes, na escala de C são esses:
C7M Dm7 Em7 F7M G7 Am7 Bm5-/7
(As sétimas são podem ser retiradas)
Em outros tons funciona parecido, ex:
D7M Em7 F#m7 G7M A7 Bm7 C#m5-/7

As mais usadas são a Tonica, a Quarta e a Quinta, mas podemos substituir pela Sexta, Segunda e Terça, respectivamente.
Qualquer dúvida pode perguntar aí, se eu não responder hoje ou no F.D.S. eu respondo segunda-feira, se eu lembrar. Caso contrario, dá um UP no tópico.

P.S.: No começo pode parecer díficil, mas o lance é ser persistente e curtir o que tá fazendo.

AtalaBukas
Membro Novato
# nov/13
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Tchaikovsky
Eu comecei a compor mais ou menos depois desse período de estudo, dois anos de guitarra. Vou tentar dar uns conselhos de acordo com minha experiência.

-Com guitarra, principalmente em rock, usa-se muito power chord, nada mais que um acorde de Tônica Quinta Tônica. Comece fazendo músicas assim, é o jeito mais simples. A maior parte das bandas punks fizeram música usando essa estrutura. Quer fazer uma música em A? Faça em power chord A G C. Depois A C G. No refrão, você pode colocar E D A E A G D A. O melhor negócio seria já colocando letra, por mais horrível ou bobinha que pareça, vai testando.
-Já tem conhecimento de escalas? Sabe pelo menos a pentatônica, a escala usada em blues? Se tiver, já ajuda e muito como compor. Na hora de fazer um solo, você pode remeter com a melodia vocal, por exemplo. Na tonalidade de A, você usa as notas da escala diatônica de Dó, ou seja, dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó. Mas pra ficar com uma cara de rock, usa-se mais a pentatônica, cinco sons. Aí as notas que se encaixarão melhor vão ser lá-dó-ré-mi-sol-lá.
-É tentativa e erro, ralação. Você precisa encarar o lance da composição como uma forma de arte também. Entender o que caracterizou cada época do rock, porque a música era daquele jeito, sacou? Entender, por exemplo, porque Beatles fez aquele sucesso todo, com músicas tão simples.

Esses são os macetes que eu usei inicialmente. Mas isso não é pra vida toda. Você precisa estudar um pouco de teoria também, conceitos básicos de harmonia, saber como funcionam algumas escalas. Não precisa ser um virtuoso. Muitos artistas não sabiam ler partituras ou conceitos de teoria, só que os caras aprenderam através da tentativa e erro, do desenvolvimento da percepção, do domínio do instrumento. Por exemplo, Jimi Hendrix não lia partituras. Mas o cara sabia exatamente como combinar todas as notas para alcançar o efeito que queria. Não é todo mundo que é assim. Conheço muita gente que desiste de estudar ou não vai atrás de estudo porque acha que tem de ser igual a esses caras. Pode até chegar lá, mas vai demorar muito mais.

Olha, não sou um grande compositor, mas já melhorei muito desde que comecei. Hoje consigo ter algumas noções de melodias vocais, de intervalos, de dinâmica. Se quiser, posso te passar umas músicas minhas pra você ouvir.

musical_prospector
Membro Novato
# dez/13
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O lance é simplicidade nos primeiros acordes e cumplicidade com o tema e a melodia.

Penso num assunto. Não no tema ainda.
Escolho o Tom da música, do todo, não da melodia.
Escolho o campo harmônico, não inteiro, mas as principais progressões para experimentar as texturas dos acordes. Se vou usar acordes naturais ou dissonantes, e que tipo de dissonâncias vou utilizar.

Isto é importante em qualquer instrumento. Um dicionario de acordes excelente é um de Almir Chediak. É bom relacionar a textura do acorde com a sensação que você quer sentir.

Ex: Se o assunto é romântico procuro escalas maiores que valorizem acordes com 7 maior, com nona, sexta e outros intervalos bem exóticos, não todos juntos no mesmo acorde, mas aonde couberem. Geralmente tons maiores para os campos harmônicos em tons como Lá Maior ou Dó Maior tem um romantismo mais evidente.

Agora, se a mensagem precisa de pegada, escolho escalas menores naturais, e procuro montar um campo harmônico com acordes maiores, menores e sus2, sem passagens com 7, as vezes, são bem vindos empréstimos modais, exemplo, um acorde de Lá maior em um campo harmônico de C maior, ou um acorde de Csus2 em um campo harmônico de A maior. Power chords, isto é, os acordes com fundamental e quinta, sempre são bem vindos.

Não são regras, mas são pontos de partida. Partimos do básico e a melodia e a harmonia ganham forma e peculiaridades durante o processo criativo.

Após testar os acordes, mesmo que eu não possua uma progressão para iniciar a música, eu estarei habituado ao clima criado para a composição, e passo a criar um pequeno solo, simples, as vezes vocalmente, mas logo transfiro para o instrumento a fim de criar um fraseado, que possua o clima dos acordes que testei e que possua a intenção do assunto, e é desse fraseado que também surgem varias opções para o tema da música.

É automático, o solo vai saindo, e de acordo com que o solo sai, você sente a pulsação rítmica, na qual pode escolher as palavras certas, com as divisões silábicas certas para expressar musicalmente o assunto que escolheu.

Dessa forma tanto os acordes quanto a melodia e a letra surgem simultaneamente, necessitando organizar o que será o inicio, o meio e o fim, e os possíveis complementos e correções, pois a composição desenrola intuitivamente.

Fica fácil adaptar o fraseado melódico para um solo, e incrementar com passagens melódicas adicionais, porque a escala naturalmente tem notas que pedem e dão passagem, as vezes até soam incrivelmente diferentes na voz e no instrumento, por causa dos timbres.

Outras vezes fundem-se o refrão e o solo numa mesma melodia, ainda outras os dois tomam rumos diferentes, em momentos distintos.

Uma coisa importante é ter também noção de qual voz cantará a música, pois nesses casos a musica salta da alma com arranjos que vão ficando mais complexos, e o violão e a guitarra são limitados para transportar arranjos.

A musica ganha o objetivo de ser interpretada por alguém o qual conhecemos. Fica mais fácil escolher a cor do Sofá quando já se sabe qual é a cor da Parede entende... ??? rsrsrs

Ter em mente o timbre e a tessitura de quem vai cantar ajuda a definir o clima da composição, pois senão terá de transportar os arranjos criados e as vezes refazer certos trechos da musica perdendo o clima inicial da composição...

Embora o ouvido relativo seja mais comum nas pessoas, que tocam ou apenas escutam, os tons influenciam tremendamente, como cores, no clima e ambiente musical.

O lance é simplicidade para se expressar, cumplicidade com a mensagem, e bom senso para criar um ambiente musical que seja capaz de causar o impacto desejado.

Muito bom você ter um esquema para sua obra que vai nascer.

Porém quando estiver no clima da sua obra perceberá com clareza se todos os passos deste esquema que montou cabem na sua proposta e/ou se realmente serão necessários.

Abraço e boas composições para você...

Filippo14
Veterano
# dez/13 · Editado por: Filippo14
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Acho que ensinar uma fórmula para compor é algo realmente impossível, contudo deixar algumas dicas que podem ajudar as pessoas.

Primeira - Conhecer os 3 campos harmônicos. Natural, harmônico e Melódico

Segunda - Se sentir livre quanto a tonalidades. Use os acordes que você acha que vão soar bem juntos e não porque estão no mesmo tom

Terceira - Pense em acordes que se possa solar o que você quiser em cima. A ideia seria de tocar um acorde X para que seja possivel usar a escala Y. Esse ponto de vista seria mais da melodia que da harmônia

Quarta - Pense em cromatismos. Cromatizar acordes sempre funciona como passagem.

Quinta - Pense em Aproximações de acordes. Nada te impede de tocar Um D7 - Dmaj7- D#dim. Pura aproximação, mas pode funcionar.

Sexta - Pense em alterações e notas de tensão. Não deixe seu acorde em forma de tríade na maioria das vezes. Você pode deixa-lo mais rico e mais informativo através de outras notas em cima dele.

Sétima - Saiba as cadências mais usadas. Em alguns casos elas são legais de ser usadas, ficam bem legais.

Oitava- Pense em melodias dentro do próprio acorde. Não diria que seria um chord melody, mas ter uma melodia secundária muitas vezes no acorde fica legal. Pensar em intervalos de 1,5tom entre as pontas dos acordes, ou todas cromatizadas ficam interessantes

Nona - Bordões diferentes sempre dão uma cara diferente para o acorde. Eles podem apenas encorpar o acorde como dar uma nova tensão para ele.


As dicas que eu poderia dar acho que são essas.

Abraço

musical_prospector
Membro Novato
# dez/13 · Editado por: musical_prospector
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Filippo14 , ótimas dicas para pensar simples e sem marasmo.

A gente costuma dizer que os acordes dialogam entre si.

No final quanto mais estudar-mos as cadencias musicais, conclusivas e não conclusivas, mas fácil será conduzir esse dialogo.

O legal é que as cadencias musicais são propriedades dos acordes num campo harmonico, mas influenciam na melodia que repousa sobre o acorde.

Ex: Numa cadencia perfeita, no tom de Dó, passamos pelo acorde de G que prepara a cadencia, e concluimos com C que finaliza a cadencia.

Mas neste caso a melodia tambem repousa na nota fundamental do acorde de Dó, isto é, o proprio Dó.

Na cadencia imperfeita, por exemplo, é a mesma coisa, exceto que a melodia repousa na nota Mi, a terça do acorde conclusivo que é C.

Este acorde, poderá aparecer invertido, isto é, C/E, para tornar clara a intencao de cadencia imperfeita.

Um acorde de Dó na primeira inversão não soa drasticamente diferente um acorde de Dó na posição natural, mas cantar um dó é bem diferente de cantar um mi numa melodia, principalmente se considerarmos a oitava em que a nota é entoada.

Estudar as composicoes de outros musicos pode ser muito util.

E sempre ler um bom livro de harmonia e improvisação, e é claro trocar ideias com outros musicos.

Abracos

Pé de chinelo
Veterano
# dez/13
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Tchaikovsky

Ter um equipamento básico pra gravação te ajuda, a gravar essas idéias que aparecem do nada, e vão embora do nada também.....acontece com todos

Ter um software tipo daw ajuda muito também, pq vc vai construindo a música sem ter que tocar, vai muito mais rápido e vc pode observar e interagir com todos os instrumentos. Claro que pra gravar com qualidade, é melhor instrumentos reais, pelo menos pra mim, mas pra estudo é ótimo criar trilhas só na progamação

E vc disse que não sabe teoria, compor sem saber teoria eu acho que só pra gênios msm....e ainda esse cara q consegue faria melhor se soubesse

Enfim, vou seguir a onda e postar umas orientações tb:

1) Estude teoria (DIferença nota x acorde, escalas, campos harmônicos inicialmente)

2) Crie um sistema de gravação com equipamentos próprios de gravação. Não precisa ser complexo. Por exemplo um instrumento regulado + PC + Interface áudio USB

3) Repetição. Muita repetição até assimilar os conceitos. E saber que a maioria das coisas que vc vai produzir não vão ficar boas, é sempre assim. Se vc quer 10 músicas boas, provavelmente vai ter que produzir umas 40,50.

Abs

musical_prospector
Membro Novato
# dez/13 · Editado por: musical_prospector
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E vc disse que não sabe teoria, compor sem saber teoria eu acho que só pra gênios msm....e ainda esse cara q consegue faria melhor se soubesse

Concordo plenamente.

Não me considero nenhum gênio, mas eu fiz umas musicas só de ouvido no inicio, e depois, fui ficando interessado em estudar um pouco de teoria, é claro que as composições seguintes ficaram bem mais ricas em dedilhados, solos, ou melodias harmonizadas.

Ahhh e para completar a dica do Tchaikovsky , ter um gravador portátil sempre com voce seria excelente.

A maioria é menor que um celular e grava em mp3 com boa qualidade, nem se compara a estudio, mas é otimo para gravar alguns acordes, ou quando surge umas frases interessantes.

Eu gravo o audio e vou trabalhando a ideia da letra, melodia e harmonia, gravando e ouvindo..

E é bem mais rápido e mais acessivel que escrever.

Mas estudo é grande parte da genialidade e criatividade dos grandes mestres da composição.

Ex: Não gosto nada de Roupa Nova, mas quando comecei a estudar algumas musicas dos caras percebi a riqueza harmonica e melodica das musicas desses caras. Muitos emprestimos modais, muitos tetracordes usados com bom gosto, muitissimas inversoes e cadencias imperfeitas. Varias mudanças de tom dentro de uma musica.

A harmonia e a melodia de sapato velho é um bom exemplo.

Abracos

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